Avaliação do processo de implementação das ações afirmativas na Universidade Federal da Grande Dourados: o acesso da população negra no período de 2011 a 2013
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Dissertação |
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Título da fonte: | Repositório Institucional da UFGD |
Texto Completo: | http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/1539 |
Resumo: | A Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) se localiza ao sul de Mato Grosso do Sul, em um estado marcado pela forte demarcação de fronteiras territoriais e humanas. No presente estudo, são discutidas as relações raciais e políticas, principalmente as políticas de ação afirmativa iniciadas na década de 1990 do século passado, referentes ao processo de mobilização dentro das universidades do Rio de Janeiro, Bahia e Mato Grosso do Sul (estaduais), bem como da Universidade de Brasília (federal), na implementação de ações voltadas para a inclusão de negros e indígenas no ensino superior. Tais ações foram seguidas de conflitos sociais — alguns dirimidos pelo Supremo Tribunal Federal —, o qual declarou constitucional a política de ações afirmativas de cotas. Com a elaboração da Lei 12.711/2012, o Estado brasileiro universalizou tal política, determinando um prazo para que as universidades federais a implementassem. No âmbito local (UFGD), foi utilizada a avaliação de processo das ações realizadas no período de 2011 a 2013, estudo que permitiu discutir estratégias de enfrentamento dos desafios de permanência, simbólica e material, de cotistas negros na universidade. Para tanto, desenvolveu-se um estudo descritivo, com metodologia quantitativa e qualitativa, cujos dados foram sistematizados e analisados a partir de fontes secundárias fornecidas pela UFGD. Os dados primários, por sua vez, foram originados da aplicação de 152 questionários semiestruturados, aplicados junto à comunidade participante da reunião promovida pela PROAE e voltada aos participantes de políticas de assistência estudantil da UFGD. A metodologia utilizada contemplou o uso da escala Likert, com seis pontos. Concluímos, pelos resultados obtidos após o tratamento dos dados, que o sistema de cotas na UFGD tem possibilitado o acesso de negros cotistas (em sua maioria) a cursos de menor “prestígio social”. Em relação à população indígena, por outro lado, há pouca adesão ao sistema de cotas. Neste sentido, dados da secretaria acadêmica (de 2011 a 2013) demonstraram alto índice de evasão escolar por desistência do total de alunos regularmente matriculados no período: cotista branco, 26,5%; cotista pardo, 31,88%; cotista preto, 55%; cotista indígena, 38,8%. Esta realidade aponta para a necessidade de a UFGD criar instrumentos de acompanhamento do negro, investigando as reais motivações para esse alto índice de desistência. A avaliação, por meio da escala Likert, apontou para a necessidade específica de políticas públicas para os dois grupos em questão. Na análise das questões abertas, foram pontuadas principalmente reivindicações referentes a melhorias nos seguintes itens: infraestrutura, contratação de docentes, agilidade burocrática no atendimento às demandas discentes, Restaurante Universitário, transporte de alunos, gestão de bolsas permanência e divulgação de outras modalidades de subsídio. Com base em experiências de instituições pioneiras na realização de políticas de ações afirmativas, constatou-se um melhor aproveitamento dos cotistas quando a prática dessas ações não está limitada à carência social do discente, mas, também, à execução de programas que valorizem a criação de espaços de inclusão e engajamento, tanto social quanto acadêmico. |
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No presente estudo, são discutidas as relações raciais e políticas, principalmente as políticas de ação afirmativa iniciadas na década de 1990 do século passado, referentes ao processo de mobilização dentro das universidades do Rio de Janeiro, Bahia e Mato Grosso do Sul (estaduais), bem como da Universidade de Brasília (federal), na implementação de ações voltadas para a inclusão de negros e indígenas no ensino superior. Tais ações foram seguidas de conflitos sociais — alguns dirimidos pelo Supremo Tribunal Federal —, o qual declarou constitucional a política de ações afirmativas de cotas. Com a elaboração da Lei 12.711/2012, o Estado brasileiro universalizou tal política, determinando um prazo para que as universidades federais a implementassem. No âmbito local (UFGD), foi utilizada a avaliação de processo das ações realizadas no período de 2011 a 2013, estudo que permitiu discutir estratégias de enfrentamento dos desafios de permanência, simbólica e material, de cotistas negros na universidade. Para tanto, desenvolveu-se um estudo descritivo, com metodologia quantitativa e qualitativa, cujos dados foram sistematizados e analisados a partir de fontes secundárias fornecidas pela UFGD. Os dados primários, por sua vez, foram originados da aplicação de 152 questionários semiestruturados, aplicados junto à comunidade participante da reunião promovida pela PROAE e voltada aos participantes de políticas de assistência estudantil da UFGD. A metodologia utilizada contemplou o uso da escala Likert, com seis pontos. Concluímos, pelos resultados obtidos após o tratamento dos dados, que o sistema de cotas na UFGD tem possibilitado o acesso de negros cotistas (em sua maioria) a cursos de menor “prestígio social”. Em relação à população indígena, por outro lado, há pouca adesão ao sistema de cotas. Neste sentido, dados da secretaria acadêmica (de 2011 a 2013) demonstraram alto índice de evasão escolar por desistência do total de alunos regularmente matriculados no período: cotista branco, 26,5%; cotista pardo, 31,88%; cotista preto, 55%; cotista indígena, 38,8%. Esta realidade aponta para a necessidade de a UFGD criar instrumentos de acompanhamento do negro, investigando as reais motivações para esse alto índice de desistência. A avaliação, por meio da escala Likert, apontou para a necessidade específica de políticas públicas para os dois grupos em questão. Na análise das questões abertas, foram pontuadas principalmente reivindicações referentes a melhorias nos seguintes itens: infraestrutura, contratação de docentes, agilidade burocrática no atendimento às demandas discentes, Restaurante Universitário, transporte de alunos, gestão de bolsas permanência e divulgação de outras modalidades de subsídio. Com base em experiências de instituições pioneiras na realização de políticas de ações afirmativas, constatou-se um melhor aproveitamento dos cotistas quando a prática dessas ações não está limitada à carência social do discente, mas, também, à execução de programas que valorizem a criação de espaços de inclusão e engajamento, tanto social quanto acadêmico.The Federal University of Grande Dourados (UFGD) is located south of Mato Grosso do Sul, in a state marked by strong demarcation of territorial and human frontiers. In this study, we discuss the racial and political relations, especially affirmative action policies initiated in the 90s of last century, for the mobilization process within the universities of Rio de Janeiro, Bahia and Mato Grosso do Sul (state) and the University of Brasilia (Federal), the implementation of actions for the inclusion of Afro-Brazilians and Indians in higher education. Such actions were followed by social conflicts - some settled by the Supreme Court - which declared constitutional the policy of affirmative action quotas. Since the drafting of Law 12,711 / 2012, the Brazilian State universalized such a policy, specify a period within which the federal universities to implement. Locally (UFGD), we used the evaluation process of the actions taken in the period 2011-2013, a study that allowed to discuss strategies for addressing the remaining challenges, symbolic and material, AfroBrazilian quotaholders at the university. Therefore, we developed a descriptive study with a quantitative and qualitative methodology and data were organized and analyzed from secondary sources provided by UFGD. The primary data, in turn, originated from the application of 152 semi-structured questionnaires administered by the participating community meeting organized by PROAE and directed the participants of student assistance policies UFGD. The methodology included the use of Likert scale with six points. We conclude, the results obtained after treatment of the data, that the quota system in UFGD has enabled the access of Afro-Brazilian quotaholders (mostly) lower courses "social prestige". Regarding the indigenous population, on the other hand, there is little adherence to the quota system. In this sense, data from the academic department (2011-2013) demonstrated high rate of dropout due to withdrawal of all students enrolled in the period: white quotaholder, 26.5%; brown quotaholder, 31.88%; Afro-Brazilian quotaholder, 55%; Indian quotaholder, 38.8%. These results suggest the need for the UFGD create monitoring instruments of Afro-Brazilian, investigating the real reasons for this high dropout rate. The assessment, by means of a Likert scale, pointed to the specific need of public policies for the two groups in question. In the analysis of the open questions were mainly punctuated claims relating to improvements in the following items: infrastructure, hiring teachers, bureaucratic agility in meeting the demands students, university restaurant, transport students, residence grants management and disclosure of other subsidy arrangements. Based on pioneering institutions experience in implementing affirmative action policies, there was a better use of quotaholders when the practice of these actions is not limited to the social need of the student, but also the implementation of programs that enhance the creation of spaces of inclusion and involvement, both social and academic.Submitted by Alison Souza (alisonsouza@ufgd.edu.br) on 2019-08-23T19:35:05Z No. of bitstreams: 1 RogeriodeAndrade.pdf: 1591927 bytes, checksum: 79f5aa015d70c70796623d022e4c7ca3 (MD5)Made available in DSpace on 2019-08-23T19:35:05Z (GMT). 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