Tempos de escritas: memoriais de infância, docência e gênero
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Tese |
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Título da fonte: | Repositório Institucional da UFGD |
Texto Completo: | http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/385 |
Resumo: | A pesquisa teve como objetivo inventariar um arquivo pessoal para conhecer, descrever e apreender as marcas da educação feminina escritas em memoriais de infância (auto)biográficos, por mulheres/acadêmicas do curso de Pedagogia, problematizando questões de gênero. Foram utilizados, para as análises, os conceitos de figuração, interdependência e poder desenvolvidos por Norbert Elias, sociólogo alemão (1897 - 1990), bem como a abordagem (auto)biográfica em suas interfaces com o campo educativo. O corpus documental da investigação ficou constituído por histórias de 20 mulheres/acadêmicas nascidas nas décadas de 1980 e 1990, nas cidades de Amambai, Caarapó, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dourados e Rio Brilhante do estado de Mato Grosso do Sul, estudantes do curso de Pedagogia na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Grande Dourados, tendo elas cursado disciplinas relativas à infância e educação infantil nos anos de 2013, 2014, 2016 e 2017. O estudo pretendeu somar-se ao grande número de trabalhos que vêm sendo desenvolvidos, a partir da abordagem (auto)biográfica nos últimos anos, no Brasil, porém construindo um viés diferenciado, a partir do momento em que utilizou memoriais de infância e história de mulheres ainda em processo de formação inicial. A tese defendida vem ao encontro da perspectiva de que a consciência que o indivíduo tem de si está em interdependência com a dinâmica relacional de funcionamento das figurações sociais, que são permeadas pelo poder em uma perspectiva de longa duração do/no processo civilizador. Por esse enquadramento, os memoriais de infância das mulheres/acadêmicas revelaram tensões e, consequentemente, a busca de um equilíbrio de forças nas diferentes figurações das/nas quais elas viveram, constituíram e foram constituídas. Em suas histórias, as marcas das infâncias ora foram lembradas, ora esquecidas, pois a memória cuidou de abrir e/ou fechar as lacunas, reverberando um movimento que pode ser entendido como busca para sobreviver e continuar. Muitas recriaram infâncias repletas de cuidados, afetos, quando estiveram bem próximas das mães, pais, irmãs e irmãos, avós, amigos, professoras, colegas, o que repercutiu em segurança e autoestima positiva. Em contrapartida, algumas delas escreveram que, por vezes, foram renegadas, negligenciadas, agredidas, esquecidas; experienciaram desigualdades de geração e gênero, indicando um grande desequilíbrio de poder entre crianças e adultos e entre meninas e meninos. À guisa de conclusão, aponta-se que escrever memoriais de infância constituiu-se em um caminho para contornar o silêncio das mulheres/acadêmicas, o que possibilitou compreender a educação feminina, bem como pensar a docência na Pedagogia ressignificando o lugar da mulher na profissão, na perspectiva de ser alguém que possa efetivamente contribuir para a mudança de gerações futuras, cuidando e educando meninas e meninos de maneira igualitária. |
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Foram utilizados, para as análises, os conceitos de figuração, interdependência e poder desenvolvidos por Norbert Elias, sociólogo alemão (1897 - 1990), bem como a abordagem (auto)biográfica em suas interfaces com o campo educativo. O corpus documental da investigação ficou constituído por histórias de 20 mulheres/acadêmicas nascidas nas décadas de 1980 e 1990, nas cidades de Amambai, Caarapó, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dourados e Rio Brilhante do estado de Mato Grosso do Sul, estudantes do curso de Pedagogia na Faculdade de Educação da Universidade Federal da Grande Dourados, tendo elas cursado disciplinas relativas à infância e educação infantil nos anos de 2013, 2014, 2016 e 2017. O estudo pretendeu somar-se ao grande número de trabalhos que vêm sendo desenvolvidos, a partir da abordagem (auto)biográfica nos últimos anos, no Brasil, porém construindo um viés diferenciado, a partir do momento em que utilizou memoriais de infância e história de mulheres ainda em processo de formação inicial. A tese defendida vem ao encontro da perspectiva de que a consciência que o indivíduo tem de si está em interdependência com a dinâmica relacional de funcionamento das figurações sociais, que são permeadas pelo poder em uma perspectiva de longa duração do/no processo civilizador. Por esse enquadramento, os memoriais de infância das mulheres/acadêmicas revelaram tensões e, consequentemente, a busca de um equilíbrio de forças nas diferentes figurações das/nas quais elas viveram, constituíram e foram constituídas. Em suas histórias, as marcas das infâncias ora foram lembradas, ora esquecidas, pois a memória cuidou de abrir e/ou fechar as lacunas, reverberando um movimento que pode ser entendido como busca para sobreviver e continuar. Muitas recriaram infâncias repletas de cuidados, afetos, quando estiveram bem próximas das mães, pais, irmãs e irmãos, avós, amigos, professoras, colegas, o que repercutiu em segurança e autoestima positiva. Em contrapartida, algumas delas escreveram que, por vezes, foram renegadas, negligenciadas, agredidas, esquecidas; experienciaram desigualdades de geração e gênero, indicando um grande desequilíbrio de poder entre crianças e adultos e entre meninas e meninos. À guisa de conclusão, aponta-se que escrever memoriais de infância constituiu-se em um caminho para contornar o silêncio das mulheres/acadêmicas, o que possibilitou compreender a educação feminina, bem como pensar a docência na Pedagogia ressignificando o lugar da mulher na profissão, na perspectiva de ser alguém que possa efetivamente contribuir para a mudança de gerações futuras, cuidando e educando meninas e meninos de maneira igualitária.This research aimed at inventorying a personal archive in order to learn, describe and understand the signs of female education, written in (self)biographic childhood memorials by women taking the graduation course in Pedagogy, problematizing genre issues. For the analyzes, the concepts of figuration, interdependence and power developed by the German sociologist Norbert Elias (1897 - 1990), as well as the (self)biographic approach in its interfaces with the educational field were used. The documental investigation corpus was composed of histories of 20 women, born in the 1980s and 1990s, in the following Brazilian towns: Amambai, Caarapó, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dourados and Rio Brilhante, all in Mato Grosso do Sul state. All of those women were undergraduates studying Pedagogy at the Education Faculty of Universidade Federal da Grande Dourados (“Federal University of Grande Dourados”). They all had studied the disciplines concerning childhood and child education in the years of 2013, 2014, 2016 and 2017. The study sought to add to the great number of works that have been developed from the (self)biographic approach in Brazil, being constructed, however, from a different point of view, once it used childhood memorials and the history of women still in process of their initial education as teachers. The thesis defended is in accordance with the perspective that the awareness that the individual has of him/herself is interdependent of the relational dynamics of the workings of the social figurations, which are permeated by the power in a long-term perspective of/in the civilizing process. Within that view, the women/undergraduates’ childhood memorials reveal tensions, and, consequently, the search for a balance of forces in the different figurations of/in what they lived, constituted and were constituted. In their histories, their childhood signs were sometimes remembered, sometimes forgotten, for the memory opened and/or closed the gaps, reverberation a movement that can be understood as the try to survive and keep living. Many of them recreated childhoods full of care and affection, when they were very close to their mothers, fathers, sisters and brothers, friends, teachers, classmates, which ended up in confidence and positive self-esteem. Nevertheless, some of them wrote that, sometimes, they were neglected, attacked, forgotten; they experimented inequality of generation and gender, indicating a great unbalance of power between children and adults and between boys and girls. Towards some conclusion, if can be said that writing childhood memorials constituted a way to frame the silence of those women/undergraduates. It allowed us to understand the female education, as well as to think of the teaching in Pedagogy with the re-signification of the woman’s place in that profession, in the perspective of being someone who can effectively contribute to changes of future generations, caring for and educating girls and boys in an egalitarian way.Submitted by Alison Souza (alisonsouza@ufgd.edu.br) on 2019-03-26T20:04:54Z No. of bitstreams: 1 MiriaIzabelCampos.pdf: 40200243 bytes, checksum: 8b5566c9601061a3a37176c0b1414360 (MD5)Made available in DSpace on 2019-03-26T20:04:54Z (GMT). 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