Os Fragmentos florestais e a riqueza de insetos em um ecossistema amazônico: sua importância nos sistemas de agricultura familiar

• Autor(a) principal: Nobre, Norma Aparecida de Oliveira
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFGD
• Texto Completo: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/5175
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS; Biodiversidade; Biodiversity; Produção agrícola; Agricultural production; Insecta

Uma das principais causas da perda mundial em biodiversidade é a atividade agrária. A agricultura modifica paisagens naturais devido à perda e fragmentação de habitats. Entretanto, barrar a expansão e a intensificação da atividade nos ecossistemas terrestres, com o objetivo de proteger a biodiversidade é pouco provável. De fato, é desafiador produzir alimentos e outros bens de consumo para atender uma população que cresce exponencialmente minimizando os impactos negativos sobre a biodiversidade. O uso de terras aráveis para atender a demanda de consumo por alimentos e outros bens à população substituiu grandes extensões de áreas antes cobertas por vegetação nativa. A ocupação de terras está gerando uma crise ambiental sem precedentes, devido à perda da biodiversidade global, incluindo o desaparecimento dos insetos. A acelerada redução de algumas espécies de insetos no mundo inteiro parece estar desconectada do bem estar humano, por isso as consequências negativas para a humanidade em função da diminuição de insetos podem ser cruciais nas próximas décadas. As evidências reais não são nada otimistas, os meios de subsistência humana como a produção de alimentos e outras formas imediatistas para atender a economia estão sob séria ameaça em função da depredação da diversidade biológica. Neste contexto, a agricultura de produção familiar pode ser uma alternativa sustentável para a conservação de espécies, uma vez que a atividade ocupa áreas menores, diversifica as culturas, utiliza menos insumos químicos, se apropria de pouca ou nenhuma tecnologia, o gerenciamento é exclusivamente familiar, entre outros aspectos. Além disso, por possuir ‘laços’ aproximados com os ambientes naturais, essa prática de agricultura costuma ser menos danosa, quando comparada à agricultura moderna. Neste sentido, apontar alternativas de mudança de paradigma da produção em larga escala, como monoculturas extensivas, para uma produção em pequena escala a partir do modelo de cultivos familiares, parece combinar as funções econômicas, sociais, culturais e ecológicas. Diante do exposto, esta tese caracteriza a comunidade de insetos em cultivos da agricultura familiar e sua relação com a distância dos fragmentos de mata no entorno. Para isso, verificamos o padrão de riqueza e abundância de insetos em áreas de culturas agrícolas de produção, sua relação com a variação temporal durante um ciclo de culturas temporárias. Verificamos também se a distância aos fragmentos de floresta interfere na riqueza de insetos nos sistemas de agricultura familiar. Realizamos o estudo utilizando a armadilha Malaise em dez áreas de produção familiar, no município de Colíder, Mato Grosso, Brasil. Coletamos 140 amostras, 14 por local, cada uma com 7 dias de exposição em campo. Classificamos a distância entre o cultivo e o fragmento em duas categorias, sendo 200m (próximo) e 700m (distante). Dividimos a pesquisa em três capítulos, como uma forma de expandir o conhecimento da importância da vegetação natural, bem como a diversificação das culturas nos sistemas agrícolas. Para resumir a informação existente acerca da redução de insetos, da fragmentação de habitats, seus efeitos positivos para os ambientes cultivados, apresentamos no capítulo I, a abordagem estudada através da revisão de literatura. No capítulo II, caracterizamos a comunidade de insetos com domínio de espécies raras, ocasionais (singletons e doubletons). Verificamos que metade dessa comunidade é um conjunto pouco diversificado de herbívoros com grandes populações. A outra metade é mais diversificada, composta principalmente por predadores, parasitoides e polinizadores em populações menores. Um Pieridae, não colonial, espécie não determinada e Labidus praedator (Formicidae: Hymenoptera), colonial foram as mais frequentes ocorrendo em 132 observações (94% da amostragem). No capítulo III, a distância às áreas de vegetação nativa mostrou que insetos em ambientes agrícolas dependem desses fragmentos de mata. No entanto, independentemente da composição das espécies e da distância do remanescente, o número de espécies diminuiu ao longo do tempo, mostrando que o ciclo das culturas agrícolas influencia a riqueza e a abundância de insetos nos ambientes agrícolas.