Morfemas "partes do corpo" em matis e algumas línguas da família Pano

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ferreira, Rogério Vicente
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Raído (Online)
Texto Completo: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/Raido/article/view/96
Resumo: A família Pano ocupa os territórios do oeste peruano, do noroeste amazônico brasileiro e do nordeste boliviano. É linguística e culturalmente uniforme (SHELL, 1975 e ERIKSON, 1992; ERIKSON, 1994). Os morfemas que se referem às partes do corpo, nas línguas dessa família, ocorrem como nomes, verbos e adjetivos. Uma questão que podemos levantar é se estes morfemas fazem parte de um processo derivacional ou se estão envolvidos no processo de incorporação verbal. Este trabalho não será o primeiro a discutir sobre esta questão, pois já existe um artigo publicado sobre este aspecto (FLECK, 2004). Pretendemos dar continuidade a esta discussão, ampliando o número de línguas a serem comparadas. Por exemplo, Camargo (1991, p. 293) não trata estes morfemas da partes do corpo, na língua Cashinauá, como parte de um processo de derivação, mas como morfemas presos que indicam uma referencialidade corporal, por exemplo, dé “indica o nariz” e –kén “designa a totalidade”, sendo a sua junção que se referirá ao nariz, ou seja, a todo o nariz déké. Quando estes ocorrem nos verbos, não são prefixados nem incorporados, mas são verbos que num processo histórico se cristalizaram, como em natésé- “verbo cortar para umbigo” e não na-tésé- “umbigo-cortar”. Segundo Sapir (1911), para a incorporação nominal é necessário que um nome seja combinado com o verbo do predicado e que funcione como objeto do verbo. Mitun (1984) afirma que a incorporação nominal talvez seja o mais sintático de todos os processos morfológicos. Tendo isso em vista, procuraremos verificar como estão se comportando estes morfemas de partes do corpo em algumas línguas da família Pano.
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