A pedagogia da variação linguística na escola
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFJF |
Texto Completo: | https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/443 |
Resumo: | Compreender o conceito de norma, bem como a distinção entre norma padrão, norma gramatical e norma culta pode nos ajudar a desfazer alguns equívocos cometidos há muito no ensino de Língua Portuguesa sobre o “certo” e “errado” em língua e viabilizar o trabalho com a pedagogia da variação linguística na escola. O presente trabalho faz, então, um breve histórico da construção do conceito de gramática, mostrando como e por que se construiu, ao longo da cultura ocidental, a ideologia do padrão ligado ao "melhor" em linguagem. No entanto, ao partirmos da concepção sociolinguista de que a língua é heterogênea, múltipla e variável, um trabalho coletivo empreendido por todos os seus falantes nos diversos processos de interação, entendemos que o fenômeno da variação é um processo intrínseco à língua. Foi o linguista Eugênio Coseriu, no início da década de 1950, que conceituou norma como um conjunto de fenômenos linguísticos que são comuns, corriqueiros numa dada comunidade. Assim sendo é possível concluir que não há uma única norma. Como destaca Faraco (2008), toda língua tem uma organização estrutural. No entanto a escola, muitas vezes, continua a ensinar uma língua artificial, condenando a maioria dos usos correntes, sem levar em conta os fatos da língua usual. Em vista disso, faz-se necessária uma reeducação sociolinguística que passe não só pelos alunos, mas primeiramente, e principalmente, pelo próprio professor, uma vez que este não pode compartilhar dos mesmos conceitos preconceituosos e arcaicos que circulam no senso comum. A partir da concepção dialógica da linguagem (BAKTIN, 2006) e do modelo de descrição e interpretação do fenômeno linguístico no contexto social de comunidades urbanas de grande impacto na Linguística contemporânea (LABOV, 1974), desenvolvi uma pesquisa-ação com alunos do 7° ano de uma escola da rede particular de ensino da cidade brasileira de Juiz de Fora (MG), usuários de uma das variedades urbanas prestigiadas da língua portuguesa. A análise contrastiva de estruturas dos diferentes dialetos presentes no contínuo rural-urbano, bem como nos contínuos de monitoração estilística e de oralidade letramento (BORTONI-RICARDO, 2004) permitiu fazê-los entender esse complexo fenômeno, natural em todas as línguas. Impor uma norma padrão fossilizada, através da decoreba da gramática normativa, é uma forma de anular a cultura do aluno, além de desvalorizar sua fala, tratando-o como incapaz. Na verdade, o que é necessário é que a escola desenvolva uma pedagogia da variação linguística sensível às diferenças sociolinguísticas e culturais dos alunos, mas isso requer compreensão e mudança radical na postura de professores, alunos e da sociedade em geral. |
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O presente trabalho faz, então, um breve histórico da construção do conceito de gramática, mostrando como e por que se construiu, ao longo da cultura ocidental, a ideologia do padrão ligado ao "melhor" em linguagem. No entanto, ao partirmos da concepção sociolinguista de que a língua é heterogênea, múltipla e variável, um trabalho coletivo empreendido por todos os seus falantes nos diversos processos de interação, entendemos que o fenômeno da variação é um processo intrínseco à língua. Foi o linguista Eugênio Coseriu, no início da década de 1950, que conceituou norma como um conjunto de fenômenos linguísticos que são comuns, corriqueiros numa dada comunidade. Assim sendo é possível concluir que não há uma única norma. Como destaca Faraco (2008), toda língua tem uma organização estrutural. No entanto a escola, muitas vezes, continua a ensinar uma língua artificial, condenando a maioria dos usos correntes, sem levar em conta os fatos da língua usual. Em vista disso, faz-se necessária uma reeducação sociolinguística que passe não só pelos alunos, mas primeiramente, e principalmente, pelo próprio professor, uma vez que este não pode compartilhar dos mesmos conceitos preconceituosos e arcaicos que circulam no senso comum. A partir da concepção dialógica da linguagem (BAKTIN, 2006) e do modelo de descrição e interpretação do fenômeno linguístico no contexto social de comunidades urbanas de grande impacto na Linguística contemporânea (LABOV, 1974), desenvolvi uma pesquisa-ação com alunos do 7° ano de uma escola da rede particular de ensino da cidade brasileira de Juiz de Fora (MG), usuários de uma das variedades urbanas prestigiadas da língua portuguesa. A análise contrastiva de estruturas dos diferentes dialetos presentes no contínuo rural-urbano, bem como nos contínuos de monitoração estilística e de oralidade letramento (BORTONI-RICARDO, 2004) permitiu fazê-los entender esse complexo fenômeno, natural em todas as línguas. Impor uma norma padrão fossilizada, através da decoreba da gramática normativa, é uma forma de anular a cultura do aluno, além de desvalorizar sua fala, tratando-o como incapaz. Na verdade, o que é necessário é que a escola desenvolva uma pedagogia da variação linguística sensível às diferenças sociolinguísticas e culturais dos alunos, mas isso requer compreensão e mudança radical na postura de professores, alunos e da sociedade em geral.Understand the concept of standard, as well as the distinction between standard rule, grammar rule and educational standard can help us undo some misconceptions committed long in teaching Portuguese about "right " and "wrong " in language and facilitate the work with the pedagogy of language variation in school . The present study is , then, a brief history of the construction of the concept of grammar, showing how and why , along the western culture, we constructed the ideology of the standard connected to the " best " in language. However , when we start from the sociolinguistic conception that language is heterogeneous , multiple and variable , a collective work undertaken by all the speakers in the various processes of interaction , we believe that the phenomenon of variation is intrinsic to the language process. It was the linguist Eugenio Coseriu in the early 1950s , which considered as a standard set of linguistic phenomena which are common , unexceptional in a determined community .Thus, we conclude that there is no single standard. As highlighted Faraco (2008 ) , all language has a structural organization. However the school often continues to teach an artificial language , condemning most current uses , without considering the facts of ordinary language . Therefore, it is necessary a sociolinguistic reeducation passing not only by students , but first and mainly, by the teacher himself, since he/she cannot share the same prejudiced and archaic concepts that circulate in common sense . From the dialogical conception of language ( BAKTIN , 2006) and the model of the description and interpretation of the linguistic phenomenon in the social context of urban communities of great impact in contemporary linguistics ( Labov , 1974) model , I developed an action research with students from 7th grade of a private school in the Brazilian city of Juiz de Fora ( MG ) , users of the prestigious urban varieties of Portuguese. A contrastive analysis of structures of different dialects present in the rural-urban continuous as well as the continuous of the stylistic monitoring literacy orality (Bortoni-RICARDO, 2004) has made it possible to understand this complex phenomenon, natural in all languages. Imposing a standard norm fossilized through memorization of grammar rules, is a way to undo the culture of the students, in addition to devalue his speech, treating him/her as incapable. In fact, what is necessary is that the school develop a pedagogy of languistic variation sensible to sociolinguistic and cultural differences of students, but it requires understanding and radical change in the attitude of teachers, students and society in general.porUniversidade Federal de Juiz de ForaPrograma de Pós-graduação em EducaçãoUFJFBrasilFaculdade de EducaçãoCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICANormaNorma padrão e norma cultaSociolinguística educacionalRuleStandard ruleEducational standardEducational sociolinguisticsA pedagogia da variação linguística na escolainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFTEXTjoselirezendethomaz.pdf.txtjoselirezendethomaz.pdf.txtExtracted texttext/plain275639https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/443/3/joselirezendethomaz.pdf.txta7dda722a90fa1d195dba3e18e90b7b1MD53THUMBNAILjoselirezendethomaz.pdf.jpgjoselirezendethomaz.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1133https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/443/4/joselirezendethomaz.pdf.jpg7119919189ae1c62d429ebfdf1f59b17MD54ORIGINALjoselirezendethomaz.pdfjoselirezendethomaz.pdfapplication/pdf1303290https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/443/1/joselirezendethomaz.pdff5a2d02024951282b57f9eb70c093728MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82136https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/443/2/license.txtffbb04eaab5e689eb178ff1cf915d0d1MD52ufjf/4432019-11-07 11:40:43.368oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/443TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkENCg0KQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gDQpJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSBvIGRpcmVpdG8gbsOjby1leGNsdXNpdm8gZGUgcmVwcm9kdXppciwgIHRyYWR1emlyIChjb25mb3JtZSBkZWZpbmlkbyBhYmFpeG8pLCBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uDQoNClZvY8OqIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSBwb2RlLCBzZW0gYWx0ZXJhciBvIGNvbnRlw7pkbywgdHJhbnNwb3IgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgcXVhbHF1ZXIgbWVpbyBvdSBmb3JtYXRvIHBhcmEgZmlucyBkZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSBwb2RlIG1hbnRlciBtYWlzIGRlIHVtYSBjw7NwaWEgZGUgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIGZpbnMgZGUgc2VndXJhbsOnYSwgYmFjay11cCBlIHByZXNlcnZhw6fDo28uIFZvY8OqIGRlY2xhcmEgcXVlIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyDDqSBvcmlnaW5hbCBlIHF1ZSB2b2PDqiB0ZW0gbyBwb2RlciBkZSBjb25jZWRlciBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYS4gVm9jw6ogdGFtYsOpbSBkZWNsYXJhIHF1ZSBvIGRlcMOzc2l0byBkYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIG7Do28sIHF1ZSBzZWphIGRlIHNldSBjb25oZWNpbWVudG8sIGluZnJpbmdlIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRlIG5pbmd1w6ltLg0KDQpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVW5pdmVyc2lkYWRlIEZlZGVyYWwgZGUgSnVpeiBkZSBGb3JhIG9zIGRpcmVpdG9zIGFwcmVzZW50YWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgZSBxdWUgZXNzZSBtYXRlcmlhbCBkZSBwcm9wcmllZGFkZSBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLg0KDQpDQVNPIEEgUFVCTElDQcOHw4NPIE9SQSBERVBPU0lUQURBIFRFTkhBIFNJRE8gUkVTVUxUQURPIERFIFVNIFBBVFJPQ8ONTklPIE9VIEFQT0lPIERFIFVNQSBBR8OKTkNJQSBERSBGT01FTlRPIE9VIE9VVFJPICBPUkdBTklTTU8sIFZPQ8OKIERFQ0xBUkEgUVVFIFJFU1BFSVRPVSBUT0RPUyBFIFFVQUlTUVVFUiBESVJFSVRPUyBERSBSRVZJU8ODTyBDT01PIFRBTULDiU0gQVMgREVNQUlTIE9CUklHQcOHw5VFUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLg0KDQpPIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSAgc2UgY29tcHJvbWV0ZSBhIGlkZW50aWZpY2FyIGNsYXJhbWVudGUgbyBzZXUgbm9tZSAocykgb3UgbyhzKSBub21lKHMpIGRvKHMpIGRldGVudG9yKGVzKSBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGEgcHVibGljYcOnw6NvLCBlIG7Do28gZmFyw6EgcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJhw6fDo28sIGFsw6ltIGRhcXVlbGFzIGNvbmNlZGlkYXMgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EuRepositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2019-11-07T13:40:43Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false |
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