Mudanças nos hábitos alimentares e uso de água na Ilha dos Araújos, em Governador Valadares, M.G, após contaminação do rio Doce com rejeitos de mineração

• Autor(a) principal: Lourdes, Eider Bruno de
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: eng
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
• Texto Completo: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/14445
• topic: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::FARMACIA; Eating behavior; Environmental disaster; Fundão tailings dam; Public water supply; Hábitos alimentares; Desastre ambiental; Barragem de rejeitos de Fundão; Percepção; Perception; Água de abastecimento público

O desastre causado pela ruptura da barragem de rejeitos Fundão, em 2015, despejou rejeitos de mineração ao longo do Rio Doce, contaminando água e alimentos. O objetivo deste estudo foi avaliar as mudanças de hábitos alimentares e de uso de água na Ilha dos Araújos, Governador Valadares, após contaminação do Rio Doce. Os dados foram coletados em residências, por meio de entrevistas com questionários semi-estruturados. Um ano após o desastre, 73% dos habitantes mudaram seus hábitos de uso da água, principalmente para cozinhar (53%), beber (38%) e lavar alimentos (37%). A água de abastecimento public (AAP) foi parcialmente substituída por outras fontes (principalmente água mineral e de poço artesiano), para todas as atividades domésticas. Ademais, 40% deixaram de consumir peixe de água doce, 28% e 27% deles reduziram o consumo de frutas e vegetais, respectivamente, enquanto 40% reduziram a ingestão de alimentos produzidos fora de casa. A maioria (96%) percebeu um risco adicional à produção de alimentos após o desastre, principalmente de origem química (83%) e biológica (29%). Prejuízos financeiro (69%) e psicológico (55%) assim como risco à saúde (39%) foram mencionados com maior frequência. A maioria considerou a qualidade da AAP ruim (30%) ou razoável (52%) e 77% afirmaram que ela pode causar algum tipo de dano nos alimentos, principalmente redução da sua qualidade (53%). Uma parcela (59%) não acredita em informações sobre a portabilidade da AAP. Conclui-se que as mudanças de comportamento estão provavelmente associadas à percepção negativa dos relacionada à qualidade e segurança de alimentos e água, à preocupação com os riscos à saúde, bem como à falta de confiabilidade na informação divulgada.