Da criança “viada” ao homem bicha: trajetórias e performances afeminadas entre masculinidades hegemônicas e corpos destoantes

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Reis, William Knust
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
Texto Completo: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17158
Resumo: A vida de uma gay afeminada possui vários obstáculos. Na perspectiva de que existem muitas peculiaridades e proximidades entre as trajetórias de vida de corpos destoantes, trabalho com cinco pessoas, entre elas duas afeminadas para dialogar sobre algumas das questões que atravessam nossas trajetórias de vida. O objetivo do trabalho, portanto, é, a partir da autoetnografia, compreender como a masculinidade atravessa nossas vivências, seja por meio de exigências concretas ou simbólicas e analisar as trajetórias de vida de nossos entrevistados. Argumenta-se acerca da individualidade, sociabilidade e alguns fatores cruciais que podem ser demarcadores para a construção da subjetividade. A pesquisa, de metodologia qualitativa e de tipos descritivo, exploratório, etnográfico/autoetnográfico, utiliza das técnicas de revisão bibliográfica e a composição entre características da trajetória de vida e entrevistas para a coleta de dados. No primeiro capítulo apresento aspectos da vida adulta. Antes disso, abordo um pouco sobre algumas características da autoetnografia, faço uma breve exposição dos participantes da pesquisa, faço um paralelo entre autoetnografia e escrevivência, mostrando, ao final deste subtópico, o quanto é importante resgatarmos a memória de pessoas subjugadas para contrapor o discurso majoritário. Realizo uma discussão entre as fases da vida e homossexualidade, bem como sobre as peculiaridades das vivências para o corpo destoante. Abordo alguns limites e possibilidades para escrita ancorada na autoetnografia e em fases de vida. Finalizo o capítulo trabalhando o conceito de masculinidade hegemônica, sobre o que é ser homem e as dinâmicas de relacionamentos em contato com a individualidade. No segundo capítulo abordo o período da adolescência, com algumas discussões sobre o “coming out”, ou seja, a saída do armário. Essa saída acaba se apresentando também como uma dança, em que frequentemente temos que sair ou entrar neste local. Ou seja, esse conceito se apresenta como situacional, contextual e relacional. Após, me alicerço em alguns relatos, bem como em bibliografia para falar sobre família e homofobia. Argumento acerca da essencialização de gênero presente nos termos “masculino” e “feminino”, finalizando o capítulo com a discussão sobre a “bicha” e o que ela representaria neste sistema binário. No terceiro capítulo falo sobre a infância da criança “viada”. Essa criança apresenta características essencializadas como femininas e acaba fugindo ao modelo de masculinidade requerido e, por isso, se apresenta como transgressora. Em seguida, falo sobre o bullying seguindo rumo ao bullying homofóbico e quais especificidades este conceito possui. Abordo sobre o controle a vigilância exercidos durante os primeiros anos de nossas vidas, entre a infância e a adolescência. Por meio de atos, comportamentos são medidos e restringidos por quem está a nossa volta. Por fim, abordo um pouco da felicidade que preencheu nossa infância “viada”: a cultura “pop”, por meio das barbies, Xuxa e Rouge, por exemplo, nos serviram como fonte de resistência para nos representarmos e expressarmos bem assim, desse jeito: bichinhas.
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Argumenta-se acerca da individualidade, sociabilidade e alguns fatores cruciais que podem ser demarcadores para a construção da subjetividade. A pesquisa, de metodologia qualitativa e de tipos descritivo, exploratório, etnográfico/autoetnográfico, utiliza das técnicas de revisão bibliográfica e a composição entre características da trajetória de vida e entrevistas para a coleta de dados. No primeiro capítulo apresento aspectos da vida adulta. Antes disso, abordo um pouco sobre algumas características da autoetnografia, faço uma breve exposição dos participantes da pesquisa, faço um paralelo entre autoetnografia e escrevivência, mostrando, ao final deste subtópico, o quanto é importante resgatarmos a memória de pessoas subjugadas para contrapor o discurso majoritário. Realizo uma discussão entre as fases da vida e homossexualidade, bem como sobre as peculiaridades das vivências para o corpo destoante. 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Essa criança apresenta características essencializadas como femininas e acaba fugindo ao modelo de masculinidade requerido e, por isso, se apresenta como transgressora. Em seguida, falo sobre o bullying seguindo rumo ao bullying homofóbico e quais especificidades este conceito possui. Abordo sobre o controle a vigilância exercidos durante os primeiros anos de nossas vidas, entre a infância e a adolescência. Por meio de atos, comportamentos são medidos e restringidos por quem está a nossa volta. Por fim, abordo um pouco da felicidade que preencheu nossa infância “viada”: a cultura “pop”, por meio das barbies, Xuxa e Rouge, por exemplo, nos serviram como fonte de resistência para nos representarmos e expressarmos bem assim, desse jeito: bichinhas.The life of an effeminate gay woman has several obstacles. From the perspective that there are many peculiarities and similarities between the life trajectories of different bodies, I work with five people, including two effeminate ones, to discuss some of the issues that cross our life trajectories. The objective of the work, therefore, is, based on autoethnography, to understand how masculinity permeates our experiences, whether through concrete or symbolic demands, and to analyze the life trajectories of our interviewees. It argues about individuality, sociability and some crucial factors that can be demarcators for the construction of subjectivity. The research, with qualitative methodology and descriptive, exploratory, ethnographic/autoethnographic types, uses bibliographic review techniques and the composition of life trajectory characteristics and interviews for data collection. In the first chapter I present aspects of adult life. Before that, I talk a little about some characteristics of autoethnography, I briefly explain the research participants, I draw a parallel between autoethnography and writing, showing, at the end of this subtopic, how important it is to rescue the memory of subjugated people to counter the discourse majority. I carry out a discussion between the stages of life and homosexuality, as well as the peculiarities of experiences for the discordant body. I address some limits and possibilities for writing anchored in autoethnography and life stages. I end the chapter by working on the concept of hegemonic masculinity, on what it means to be a man and the dynamics of relationships in contact with individuality. In the second chapter I cover the period of adolescence, with some discussions about “coming out”, that is, coming out of the closet. This exit also ends up presenting itself as a dance, in which we often have to leave or enter this place. In other words, this concept presents itself as situational, contextual and relational. Afterwards, I rely on some reports, as well as bibliography to talk about family and homophobia. Argument about the essentialization of gender present in the terms “masculine” and “feminine”, ending the chapter with a discussion about “faggot” and what it would represent in this binary system. In the third chapter I talk about the childhood of the “faggot” child. This child presents characteristics essentialized as feminine and ends up escaping the required model of masculinity and, therefore, presents himself as a transgressor. Next, I talk about bullying moving towards homophobic bullying and what specificities this concept has. I address the control and surveillance exercised during the first years of our lives, between childhood and adolescence, in acts, behaviors are measured and restricted by those around us. Finally, I discuss some of the happiness that filled our “faggot” childhood: “pop” culture. “Pop” culture, through barbies, Xuxa and Rouge, for example, served us as a source of resistance to represent and express ourselves in this way: queers.porUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)Programa de Pós-graduação em Ciências SociaisUFJFBrasilICH – Instituto de Ciências HumanasAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessCNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADASBichaCriança viadaMasculinidade hegemônicaAutoetnografiaQueerFagot childHegemonic masculinityAutoethnographyDa criança “viada” ao homem bicha: trajetórias e performances afeminadas entre masculinidades hegemônicas e corpos destoantesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFCC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/17158/2/license_rdfe39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34MD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/17158/3/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD53ORIGINALwilliamknustreis.pdfwilliamknustreis.pdfapplication/pdf2928243https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/17158/1/williamknustreis.pdf8855dc00f98415eb12b4b2c8ddb5ac4eMD51TEXTwilliamknustreis.pdf.txtwilliamknustreis.pdf.txtExtracted texttext/plain355830https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/17158/4/williamknustreis.pdf.txt3ff4878d5645c051fd70461b44188ed1MD54THUMBNAILwilliamknustreis.pdf.jpgwilliamknustreis.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1217https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/17158/5/williamknustreis.pdf.jpg9a1fec16ddd6d1cb751cdafb0d1ac2eaMD55ufjf/171582024-08-15 03:04:23.679oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/17158Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2024-08-15T06:04:23Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false
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