Complexo industrial-militar e tecnologia: a inflexão da pesquisa científico-militar estadunidense como gestante da inovação tecnológica após os chamados anos dourados

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Rafael Silva dos
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
Texto Completo: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13623
Resumo: O complexo industrial-militar (CIM) é um arranjo produtivo que surge da necessidade da própria acumulação de capitais, e que possui potencial para cumprir funções econômicas da mais absoluta importância, tais como: freio a queda das taxas de lucro; imposição bélica para o controle e expansão de mercados e impulso ao avanço tecnológico. Sendo o direito um fenômeno que responde aos imperativos da reprodução da vida material, esse terá uma potência muito limitada para alterar a dinâmica destas determinações. Dentre elas, o impulso ao avanço tecnológico receberá uma atenção especial neste estudo, que tem por objetivo determinar como se deu a inflexão na pesquisa científico-militar nos EUA após os chamados anos dourados. Utilizando-se da análise de dados, apontou-se a funcionalidade que o CIM teve nas décadas de 1950 e 60, quando serviu de freio para a queda da taxa de lucro e de berçário para inovações, tais como a manipulação da fissão nuclear e o avanço da ciência da computação, para, em seguida, poder indicar aquilo que mudou na atuação dessas determinações após 1970. Os grandes investimentos em pesquisa científico-militar, característicos dos anos 1960, declinaram acentuadamente e pairaram em torno de 50% do total de investimentos federais em P&D até o início dos anos 1980, quando voltou a aumentar rapidamente, entrando em lento declínio no final desta década e permanecendo relativamente estável até os dias atuais. Em 1964, os gastos federais em P&D atingiam a marca de 1,86% do PIB norte-americano, enquanto os investimentos privados nesta área representavam 0,86%. Seguindo uma tendência que já vinha se manifestando ao longo da década de 1970, os anos 1980 definiram uma virada, e os investimentos privados ultrapassaram os gastos do governo em P&D. Ocorre que o protagonismo da pesquisa científico-militar nos anos dourados enviesou o avanço tecnológico para as demandas militares, que requeriam alta performance. Este padrão técnico deixou os produtos norte-americanos mais caros e menos competitivos frente aos japoneses. Como reação, superou-se o triângulo dourado do complexo industrial-militar-acadêmico dos anos dourados, e criou-se uma estrutura institucional por parte da P&D norte-americana no sentido de oferecer um maior incentivo para os pequenos empreendedores desenvolverem novas tecnologias. Isso acabou influenciando o surgimento das pequenas empresas e redesenhou também a configuração administrativa das grandes corporações, que diminuíram significativamente o número de pesquisadores empregados. O ponto nevrálgico de todas estas mudanças é que elas surgem da necessidade de dar resposta à queda da taxa de lucro, a qual os gastos militares já não tinham potência para oferecer, reduzindo a sua influência sobre a economia e, por sinergia, sobre o desenvolvimento científico. De todo modo, os fundos militares continuam financiando metade dos gastos federais em P&D, e sendo muito importantes para os estágios iniciais da pesquisa nos EUA. O fato é que todo avanço técnico radicalmente novo ou é gestado pelo próprio militarismo, ou é imediatamente empregado em fins militares no capitalismo. Na mesma medida em que se desenvolvem as forças produtivas em uma mão, se opera o avanço da destrutividade e da barbárie em outra.
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Dentre elas, o impulso ao avanço tecnológico receberá uma atenção especial neste estudo, que tem por objetivo determinar como se deu a inflexão na pesquisa científico-militar nos EUA após os chamados anos dourados. Utilizando-se da análise de dados, apontou-se a funcionalidade que o CIM teve nas décadas de 1950 e 60, quando serviu de freio para a queda da taxa de lucro e de berçário para inovações, tais como a manipulação da fissão nuclear e o avanço da ciência da computação, para, em seguida, poder indicar aquilo que mudou na atuação dessas determinações após 1970. Os grandes investimentos em pesquisa científico-militar, característicos dos anos 1960, declinaram acentuadamente e pairaram em torno de 50% do total de investimentos federais em P&D até o início dos anos 1980, quando voltou a aumentar rapidamente, entrando em lento declínio no final desta década e permanecendo relativamente estável até os dias atuais. Em 1964, os gastos federais em P&D atingiam a marca de 1,86% do PIB norte-americano, enquanto os investimentos privados nesta área representavam 0,86%. Seguindo uma tendência que já vinha se manifestando ao longo da década de 1970, os anos 1980 definiram uma virada, e os investimentos privados ultrapassaram os gastos do governo em P&D. Ocorre que o protagonismo da pesquisa científico-militar nos anos dourados enviesou o avanço tecnológico para as demandas militares, que requeriam alta performance. Este padrão técnico deixou os produtos norte-americanos mais caros e menos competitivos frente aos japoneses. Como reação, superou-se o triângulo dourado do complexo industrial-militar-acadêmico dos anos dourados, e criou-se uma estrutura institucional por parte da P&D norte-americana no sentido de oferecer um maior incentivo para os pequenos empreendedores desenvolverem novas tecnologias. Isso acabou influenciando o surgimento das pequenas empresas e redesenhou também a configuração administrativa das grandes corporações, que diminuíram significativamente o número de pesquisadores empregados. O ponto nevrálgico de todas estas mudanças é que elas surgem da necessidade de dar resposta à queda da taxa de lucro, a qual os gastos militares já não tinham potência para oferecer, reduzindo a sua influência sobre a economia e, por sinergia, sobre o desenvolvimento científico. De todo modo, os fundos militares continuam financiando metade dos gastos federais em P&D, e sendo muito importantes para os estágios iniciais da pesquisa nos EUA. O fato é que todo avanço técnico radicalmente novo ou é gestado pelo próprio militarismo, ou é imediatamente empregado em fins militares no capitalismo. Na mesma medida em que se desenvolvem as forças produtivas em uma mão, se opera o avanço da destrutividade e da barbárie em outra.The military-industrial complex (CIM) is a productive adjustment that arises of the need for own capitalist accumulation, and that has the potential to perform the major economic functions, such as: soften the fall in profit rates; warlike imposition to control and expand markets and boost technological advancement. Since law is a phenomenon that responds to the operators of reproduction of material life, it will have a very limited power to alter these determinations. Among them, the drive for technological advancement receives special attention in this study, which aims to determine how the inflection in scientific-military research in the USA occurs after the golden years. Using data analysis, he pointed to the functionality that CIM had in the 1950s and 1960s, when it served as a brake on the fall in the rate of profit and nursery for innovations such as the manipulation of nuclear fission and the advancement of computer science, and then indicate what changed the determinations after 1970. The large investments in scientificmilitary research, characteristic of the 1960s, declined sharply and stopped at 50% of the total federal investments in R&D until the early 1980s, when it increased again rapidly, entering a slow decline at the end of this decade and remaining stable until today. In 1964, federal spending on R&D reached a mark of 1.86% of the North American GDP, while public investments in this area represented 0.86%. Following a trend that was already evident throughout the 1970s, the 1980s defined a turning point, and private investments exceeded government spending on research and development. It turns out that the leading role of scientific-military research in the golden years skewed technological advances towards military demands, which demand high performance. This technical standard made North American products more expensive and less competitive compared to Japanese. In response, the golden triangle of the industrial-academic-military complex of the golden years was overcome and created a new institutional structure for North American R&D, in order to offer a great incentive to small entrepreneurs who develop new technologies. This ended up influencing the emergence of small companies and also redesigned the administrative configuration of large corporations, reducing the number of researchers employed in them. The main point of all these changes is that they arise from the need to respond to the fall in profit rates, which military spending no longer had the power to offer, reducing its influence on the economy and, synergistically, on scientific development. In any case, military funds continue to finance half of federal spending on R&D, and are very important for the early stages of research in the United States. The fact is that any radically new technical advance is either generated by militarism itself, or is immediately employed for military purposes under capitalism. As productive forces develop in one hand, destructive and barbaric advances in the otherporUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)Programa de Pós-graduação em Direito e InovaçãoUFJFBrasilFaculdade de DireitoAttribution-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessCNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::DIREITOComplexo industrial-militarPesquisa científico-militarTecnologiaImperialismoMilitarismoIndustrial-military complexScientific-military researchTechnologyImperialismMilitarismComplexo industrial-militar e tecnologia: a inflexão da pesquisa científico-militar estadunidense como gestante da inovação tecnológica após os chamados anos douradosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82136https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/13623/3/license.txtffbb04eaab5e689eb178ff1cf915d0d1MD53ORIGINALrafaelsilvadossantos.pdfrafaelsilvadossantos.pdfPDF/Aapplication/pdf1922674https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/13623/1/rafaelsilvadossantos.pdfaf9f5487c497fb8d4bfb7df9e2e17429MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8805https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/13623/2/license_rdfc4c98de35c20c53220c07884f4def27cMD52TEXTrafaelsilvadossantos.pdf.txtrafaelsilvadossantos.pdf.txtExtracted texttext/plain470279https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/13623/4/rafaelsilvadossantos.pdf.txtb49bb125110ff69eed9d49eec7ccc0beMD54THUMBNAILrafaelsilvadossantos.pdf.jpgrafaelsilvadossantos.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1179https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/13623/5/rafaelsilvadossantos.pdf.jpg1fb739ed84d1dd995787bd68a5a9e0e0MD55ufjf/136232021-11-27 04:19:55.054oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/13623TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkENCg0KQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gDQpJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSBvIGRpcmVpdG8gbsOjby1leGNsdXNpdm8gZGUgcmVwcm9kdXppciwgIHRyYWR1emlyIChjb25mb3JtZSBkZWZpbmlkbyBhYmFpeG8pLCBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uDQoNClZvY8OqIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSBwb2RlLCBzZW0gYWx0ZXJhciBvIGNvbnRlw7pkbywgdHJhbnNwb3IgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgcXVhbHF1ZXIgbWVpbyBvdSBmb3JtYXRvIHBhcmEgZmlucyBkZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSBwb2RlIG1hbnRlciBtYWlzIGRlIHVtYSBjw7NwaWEgZGUgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIGZpbnMgZGUgc2VndXJhbsOnYSwgYmFjay11cCBlIHByZXNlcnZhw6fDo28uIFZvY8OqIGRlY2xhcmEgcXVlIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyDDqSBvcmlnaW5hbCBlIHF1ZSB2b2PDqiB0ZW0gbyBwb2RlciBkZSBjb25jZWRlciBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYS4gVm9jw6ogdGFtYsOpbSBkZWNsYXJhIHF1ZSBvIGRlcMOzc2l0byBkYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIG7Do28sIHF1ZSBzZWphIGRlIHNldSBjb25oZWNpbWVudG8sIGluZnJpbmdlIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRlIG5pbmd1w6ltLg0KDQpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVW5pdmVyc2lkYWRlIEZlZGVyYWwgZGUgSnVpeiBkZSBGb3JhIG9zIGRpcmVpdG9zIGFwcmVzZW50YWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYSwgZSBxdWUgZXNzZSBtYXRlcmlhbCBkZSBwcm9wcmllZGFkZSBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLg0KDQpDQVNPIEEgUFVCTElDQcOHw4NPIE9SQSBERVBPU0lUQURBIFRFTkhBIFNJRE8gUkVTVUxUQURPIERFIFVNIFBBVFJPQ8ONTklPIE9VIEFQT0lPIERFIFVNQSBBR8OKTkNJQSBERSBGT01FTlRPIE9VIE9VVFJPICBPUkdBTklTTU8sIFZPQ8OKIERFQ0xBUkEgUVVFIFJFU1BFSVRPVSBUT0RPUyBFIFFVQUlTUVVFUiBESVJFSVRPUyBERSBSRVZJU8ODTyBDT01PIFRBTULDiU0gQVMgREVNQUlTIE9CUklHQcOHw5VFUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLg0KDQpPIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVuaXZlcnNpZGFkZSBGZWRlcmFsIGRlIEp1aXogZGUgRm9yYSAgc2UgY29tcHJvbWV0ZSBhIGlkZW50aWZpY2FyIGNsYXJhbWVudGUgbyBzZXUgbm9tZSAocykgb3UgbyhzKSBub21lKHMpIGRvKHMpIGRldGVudG9yKGVzKSBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGEgcHVibGljYcOnw6NvLCBlIG7Do28gZmFyw6EgcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJhw6fDo28sIGFsw6ltIGRhcXVlbGFzIGNvbmNlZGlkYXMgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EuRepositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2021-11-27T06:19:55Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false
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