Avaliação qualitativa do comportamento como indicador do temperamento em gatos domésticos (Felis silvestris catus)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Travnik, Isadora de Castro
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
Texto Completo: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/12376
Resumo: A Avaliação Qualitativa do Comportamento (QBA) é um método baseado na observação da linguagem corporal dos animais através de descritores, em substituição ao uso de categorias comportamentais isoladas. Como a QBA é um método sujeito à interpretação pelos avaliadores, é necessário avaliar a sua consistência a fim de possibilitar seu uso como indicador de temperamento em animais. O objetivo deste estudo foi avaliar a validade e confiabilidade inter-observador da QBA como um indicador do temperamento de gatos domésticos. Foram aplicados quatro testes comportamentais a 42 gatos mantidos em abrigo: pessoa desconhecida (UP); novo objeto (NO); reação a co-específico (CO) e oferta de alimento (FO). Os testes foram filmados e avaliados usando um etograma que incluía categorias comportamentais discretas e por um escore de três categorias criado para cada um dos testes, gerando informações quantitativas sobre as dimensões do temperamento. Aos vídeos também foi aplicada a QBA por 19 avaliadores de diferentes perfis (i: com experiência em avaliação do comportamento animal; ii: sem experiência; iii: tutores de gatos; iv: não tutores; e v: todos os observadores). Os 20 descritores utilizados foram pontuados em uma escala analógica visual (ativo, carinhoso, agressivo, agitado, atento, alerta, calmo, confiante, curioso, medroso, amigável, indiferente, nervoso, relaxado, sociável, estressado, desconfiado, tenso, vocal e pidão). Os dados quantitativos e da QBA foram analisados por meio de Análise de Componentes Principais. Um dos observadores foi designado como ‘ouro’ por possuir experiência com a QBA, e sua análise foi comparada com os resultados extraídos dos testes de modo quantitativo, por análise de variância e correlação de Spearman. Para obter a confiabilidade entre os observadores foi utilizada o coeficiente de concordância de Kendall (W). Os componentes principais (PC) encontrados, considerados como dimensões principais do temperamento dos gatos, a partir dos testes comportamentais foram 'amigabilidade' (PC1- UP), 'neofobia' (PC1-NO), 'antecipação' (PC1-FO), 'sociabilidade' (PC1-CR), 'indiferença' (PC2-UP, PC3-NO, PC3-FO) e 'tolerância' (PC3-UP, PC2-NO, PC2-FO, PC2-CR). Enquanto por meio da QBA encontramos as dimensões 'calma' (PC1-QBA), 'agitação' (PC2-QBA) e 'ousadia' (PC3-QBA), que identificavam quatro perfis de gatos: calmo/agitado, calmo/quieto, medroso/agressivo e medroso/fujão. Os primeiros PC obtidos para cada teste foram significativamente correlacionados com o PC1-QBA (calma) e o PC3-QBA (ousadia) foi correlacionado com o escore que representava comportamentos agressivos no teste UP. Essa correlação mostra que o observador ‘ouro’ foi capaz de captar os aspectos evidenciados pela dimensão principal dos testes comportamentais e os comportamentos agressivos expressos apenas pelo escore, validando o QBA como método de identificação do temperamento de gatos domésticos. A confiabilidade das dimensões para os 19 observadores mostrou concordância ‘alta’ em PC1 (0,71) e ‘baixas’ em PC2 (0,21) e PC3 (0,29). Desse modo, a QBA foi considerada uma ferramenta válida e prática para identificar e diferenciar temperamentos de gatos, assim como confiável para a dimensão ‘calma’. As dimensões encontradas, consideradas válidas e confiáveis, são traços importantes do temperamento dos gatos, possuindo boas aplicações em ambientes práticos de abrigos, podendo ser usados como base para estabelecer processos adotivos mais efetivos e estratégias de manejo para os gatos domésticos mantidos em abrigos.
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Foram aplicados quatro testes comportamentais a 42 gatos mantidos em abrigo: pessoa desconhecida (UP); novo objeto (NO); reação a co-específico (CO) e oferta de alimento (FO). Os testes foram filmados e avaliados usando um etograma que incluía categorias comportamentais discretas e por um escore de três categorias criado para cada um dos testes, gerando informações quantitativas sobre as dimensões do temperamento. Aos vídeos também foi aplicada a QBA por 19 avaliadores de diferentes perfis (i: com experiência em avaliação do comportamento animal; ii: sem experiência; iii: tutores de gatos; iv: não tutores; e v: todos os observadores). Os 20 descritores utilizados foram pontuados em uma escala analógica visual (ativo, carinhoso, agressivo, agitado, atento, alerta, calmo, confiante, curioso, medroso, amigável, indiferente, nervoso, relaxado, sociável, estressado, desconfiado, tenso, vocal e pidão). Os dados quantitativos e da QBA foram analisados por meio de Análise de Componentes Principais. Um dos observadores foi designado como ‘ouro’ por possuir experiência com a QBA, e sua análise foi comparada com os resultados extraídos dos testes de modo quantitativo, por análise de variância e correlação de Spearman. Para obter a confiabilidade entre os observadores foi utilizada o coeficiente de concordância de Kendall (W). Os componentes principais (PC) encontrados, considerados como dimensões principais do temperamento dos gatos, a partir dos testes comportamentais foram 'amigabilidade' (PC1- UP), 'neofobia' (PC1-NO), 'antecipação' (PC1-FO), 'sociabilidade' (PC1-CR), 'indiferença' (PC2-UP, PC3-NO, PC3-FO) e 'tolerância' (PC3-UP, PC2-NO, PC2-FO, PC2-CR). Enquanto por meio da QBA encontramos as dimensões 'calma' (PC1-QBA), 'agitação' (PC2-QBA) e 'ousadia' (PC3-QBA), que identificavam quatro perfis de gatos: calmo/agitado, calmo/quieto, medroso/agressivo e medroso/fujão. Os primeiros PC obtidos para cada teste foram significativamente correlacionados com o PC1-QBA (calma) e o PC3-QBA (ousadia) foi correlacionado com o escore que representava comportamentos agressivos no teste UP. Essa correlação mostra que o observador ‘ouro’ foi capaz de captar os aspectos evidenciados pela dimensão principal dos testes comportamentais e os comportamentos agressivos expressos apenas pelo escore, validando o QBA como método de identificação do temperamento de gatos domésticos. A confiabilidade das dimensões para os 19 observadores mostrou concordância ‘alta’ em PC1 (0,71) e ‘baixas’ em PC2 (0,21) e PC3 (0,29). Desse modo, a QBA foi considerada uma ferramenta válida e prática para identificar e diferenciar temperamentos de gatos, assim como confiável para a dimensão ‘calma’. As dimensões encontradas, consideradas válidas e confiáveis, são traços importantes do temperamento dos gatos, possuindo boas aplicações em ambientes práticos de abrigos, podendo ser usados como base para estabelecer processos adotivos mais efetivos e estratégias de manejo para os gatos domésticos mantidos em abrigos.The Qualitative Behavior Assessment (QBA) is a method that builds the observation of animals' body language through descriptors, instead of focusing on isolated behavioral categories. As the QBA is a method subject to the evaluator's interpretation, it is necessary to evaluate the consistency between evaluators in order to enable its use as an indicator of temperament in animals. Thus, the aim of this study was to assess the validity and inter-observer reliability of QBA as an indication of cats’ temperament. Four behavioral tests were applied to 42 shelter cats: unfamiliar person (UP); novel object (NO); co-specific reaction (CO) and food offering (FO). The tests were filmed and assessed using an ethogram that included discrete behavioral categories and by a score of three categories created for each of the tests, generating quantitative information on the existing temperament dimensions. The videos were also assessed using the QBA method by 19 assessors of different profiles (i: experienced in animal behavior assessment; ii: inexperienced; iii: cat owners; iv: no-owners; v: all observers). The 20 descriptors used were scored in visual analog scales (active, affectionate, aggressive, agitated, attentive, alert, calm, confident, curious, fearful, friendly, indifferent, nervous, relaxed, sociable, stressed, suspicious, tense, vocal and greedy). The quantitative and QBA data were analyzed using Principal Component Analysis. One of the observers was designated as ‘gold’ because he already had experience with QBA, and its analysis was compared with the results extracted from the behavioral tests, by analysis of variance and Spearman's rank correlation. Kendall’s coefficient of concordance (W) was used to obtain inter-observer reliability. The Principal Components (PC) found, considered as the main dimensions of cats temperament, by using coding method were ‘fearfulness’ (PC1-UP), ‘neophobic’ (PC1-NO), ‘anticipation’ (PC1-FO), ‘sociability’ (PC1-CR), ‘indifference’ (PC2-UP, PC3-NO, PC3-FO) and ‘tolerance’ (PC3-UP, PC2-NO, PC2-FO, PC2-CR). While by using QBA we found the dimensions ‘calmness’ (PC1-QBA), ‘restless’ (PC2-QBA) and ‘aggressiveness’ (PC3-QBA), which identified four cat profiles: calm/active, calm/quiet, fearful/aggressive and fearful/flighty. The first PC obtained for each test were significantly correlated with the PC1-QBA (calmness) and PC3-QBA (aggressiveness) was correlated with the score that represented aggressive behaviors in th UP test. This correlations showing that ‘gold’ observer captured aspects evidenced by the first dimension of all behavioral tests and the aggressive behaviors expressed only by the score, validating the QBA as a method of identifying the temperament of domestic cats. The reliability of the dimensions for the 19 observers showed ‘high’ agreement on PC1 (0.71) and ‘low’ for PC2 (0.21) and PC3 (0.29). Thus, the QBA was considered a valid and feasible tool for identifying and differentiating cat temperaments, as well as reliable for a ‘calmness’ dimension. The dimensions found, regarded as valid and reliable, are important traits of cats temperament, being promising in practical shelter environments as a basis for establishment of effective adoptive processes and management strategies to domestic cats kept in shelters.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas: Comportamento e Biologia AnimalUFJFBrasilICB – Instituto de Ciências BiológicasAttribution-ShareAlike 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessCNPQ::CIENCIAS BIOLOGICASBem-estar animalAnimais de companhiaPersonalidadeGatos de abrigoAnimal welfareCompanionship animalsPersonalityShelter catsAvaliação qualitativa do comportamento como indicador do temperamento em gatos domésticos (Felis silvestris catus)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFORIGINALisadoradecastrotravnik.pdfisadoradecastrotravnik.pdfPDF/Aapplication/pdf912832https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/12376/1/isadoradecastrotravnik.pdfe5f0a9dc9bcc757e8d4f36be8efd327bMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-81031https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/12376/4/license_rdf9b85e4235558a2887c2be3998124b615MD54LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/12376/5/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD55TEXTisadoradecastrotravnik.pdf.txtisadoradecastrotravnik.pdf.txtExtracted texttext/plain163076https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/12376/6/isadoradecastrotravnik.pdf.txt788b368e7c71bf8477debe7e4cb2a30eMD56THUMBNAILisadoradecastrotravnik.pdf.jpgisadoradecastrotravnik.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1151https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/12376/7/isadoradecastrotravnik.pdf.jpg666a2be787f5a12a1b03b2cd30d74a89MD57ufjf/123762021-02-26 03:07:56.105oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/12376Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2021-02-26T06:07:56Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false
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