Efetividade de dissolução da guta-percha e segurança do uso de óleos essenciais dos gêneros Citrus e Cymbopogon

• Autor(a) principal: Pereira, Carolina de Lélis Rodrigues
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
• Texto Completo: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/15779
• topic: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::ODONTOLOGIA; Óleo essencial; Fitoterapia; Endodontia; Guta percha; Odontologia; Essential oil; Phytotheraphy; Endodontics; Gutta-percha; Dentistry

Nos casos de insucesso endodôntico a terapia preferencial deve ser o retratamento endodôntico não-cirúrgico. Para este procedimento é necessário realizar a remoção do material obturador dos canais radiculares, sendo indicado o uso de solventes químicos para auxiliar no procedimento. Porém, estas substâncias geralmente apresentam toxicidade elevada e não preenchem os requisitos de um solvente ideal. Desta forma, tem se buscado nos óleos essenciais encontrar substâncias com boa atividade dissolutiva da guta-percha, satisfatória atividade antimicrobiana contra os patógenos associados aos casos de insucesso endodôntico, maior biocompatibilidade, menor toxicidade aos tecidos, e que gerem menor impacto ambiental. Portanto, neste trabalho avaliou-se a efetividade na dissolução da guta-percha, mensurou-se os potenciais biológicos e a segurança de seis óleos essenciais; sendo três pertencentes ao gênero Citrus (1-Citrus paradisi, 2-Citrus limon e 3-Citrus sinensis) e três ao gênero Cymbopogon (4-Cymbopogon martinii, 5- Cymbopogon nardus e 6-Cymbopogon shoenanthus). Os resultados obtidos foram comparados aos solventes endodônticos convencionais (clorofórmio, endosolv® E e eucaliptol). O perfil químico dos óleos essenciais foi avaliado por meio da cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas; a efetividade dos óleos essenciais na remoção da guta-percha, por meio dos testes de desintegração; dureza por penetração e análise da superfície da guta percha, através de microscopia eletrônica de varredura. Também foram avaliados os potenciais biológicos: antimicrobiano por meio da análise turbidimétrica contra Enterococcus faecalis ATCC 51299 e Candida albicans ATCC 10231, e a atividade antioxidante pelo do método de sequestro de espécies reativas de oxigênio. A citotoxicidade foi avaliada pelo ensaio com 3-4,5-dimetil-2tiazolil)-2,5-difenil2H tetrazólio (MTT) empregando fibroblastos murinos (L929). Para o gênero Citrus, o Dlimoneno foi o composto majoritário para todos os óleos. Já para o gênero Cymbopogon, os componentes majoritários foram geraniol, citronelol e citral para os óleos 4, 5 e 6, respectivamente. Os óleos 1 e 3 apresentaram ótima efetividade na remoção da gutapercha, sendo mais efetivos que o controle 1 (eucaliptol) e estatisticamente semelhantes ao controle 2 (endosolv® E) no teste de dureza por penetração. No teste de desintegração, o óleo mais efetivo foi o 3, sendo superior ao C1 e igual ao C2. Na análise de superfície (MEV), foi possível observar as alterações causadas pelo óleo 3. Todos os óleos apresentaram atividade bacteriostática contra Enterococcus faecalis ATCC 51299, sendo o óleo 3 o que apresentou maior taxa de inibição. Apenas os óleos 1, 3 e 6 demostraram ação fungicida frente à Candida albicans ATCC 10231, e nenhum controle foi capaz de inibir o crescimento desta cepa. Todos os óleos apresentaram maior atividade antioxidante do que os controles, sendo a maior atividade alcançada pelo óleo 6, seguido do óleo 3. Os óleos 1-3 e 5-6 não demonstraram citotoxidade para fibroblastos murinos na concentração de 7,81 µg/mL. Pela análise conjunta dos resultados, conclui-se que o óleo 3 (Citrus sinensis) parece ser uma alternativa natural, viável e segura quando comparado aos solventes endodônticos convencionais, pois apresenta compostos químicos com capacidade efetiva de dissolução de guta percha, além disto, exibiu atividades complementares desejáveis como antimicrobiana, antioxidante, além de baixa citotoxidade.