A personalidade como critério para o diagnóstico diferencial entre experiências anômalas e transtornos mentais
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Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFJF |
Texto Completo: | https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1015 |
Resumo: | Introdução: Há uma alta prevalência de experiências psicóticas na população geral. Muitas dessas experiências possuem fenomenologia semelhante a experiências religiosas/espirituais (R/E), também chamadas de experiências anômalas (EA), as quais não são necessariamente patológicas. Desse modo, é importante encontrar critérios que possam nortear os profissionais da saúde mental para realizarem um diagnóstico diferencial entre uma EA e um transtorno mental (TM). A análise do perfil de personalidade de um indivíduo pode auxiliar a distinguir se esse apresenta experiências saudáveis ou patológicas. Porém, poucos estudos se dedicaram a investigar as relações entre EAs e personalidade. Os Centros Espíritas são locais privilegiados para investigar o tema pois fomentam as EAs e são procurados por pessoas com EAs em busca de auxílio. Objetivos: Verificar se as características de personalidade, mensuradas pelo Inventário de Temperamento e Caráter (ITC), podem se constituir como um critério para o diagnóstico diferencial entre EA e TM. Verificar a associação entre Experiências Incomuns (Esquizotipia) com TM e qualidade de vida (QV); Observar como as diferentes formas de religiosidade se associam aos TMs e à QV. Métodos: Estudo epidemiológico observacional coorte, prospectivo (1 ano de seguimento: T0 e T1), com 115 sujeitos que apresentavam EAs e procuraram Centros Espíritas da cidade de Juiz de Fora/MG. Instrumentos: Entrevista Sociodemográfica; ITC-R (Inventário de Temperamento e Caráter, revisado e reduzido); DUREL - P (Duke University Religious Index – verão em português); WHOQOL - BREF (Instrumento de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde - versão abreviada); SCID (Entrevista clínica estruturada para transtornos do Eixo I do DSM-IV); O – LIFE – R (Inventario Reduzido Oxford-Liverpool de Sentimentos e Experiências). Modelos de regressão logística e linear, controlando para fatores sociodemográficos, foram usados para investigar as associações entre dimensões de personalidade, de esquizotipia e de religiosidade (preditores) com TMs e QV (desfechos). Resultados: A amostra foi composta por 70% de mulheres, com idade média de 38,8 anos (DP 12,5), 55% com nível superior, perfil semelhante ao de outros estudos com médiuns espíritas no Brasil. Houve prevalência atual de 73% de Transtornos de Ansiedade na amostra; 27,8% de Transtorno Depressivo; 10,4% de Transtorno Bipolar e 7% de Transtorno Psicótico. Experiências Incomuns não estiveram associadas a TM ou QV. Anedonia Introvertida esteve associada à presença de Transtorno Psicótico; Não- Conformidade Impulsiva se associou à presença de Transtorno Bipolar; Busca de Novidade e Dependência de Gratificação estiveram associadas à presença de Transtorno Bipolar; Autodirecionamento e Autotranscendência não se associaram à presença de nenhum TM. Nenhuma dimensão de religiosidade esteve associada à presença de TMs. ; Desorganização Cognitiva associou-se a pior QV Psicológica em T0 e T1; Anedonia Introvertida esteve associada a pior QV em todos os domínios (físico, psicológico, social e ambiental) em T0 e a pior QV física em T1. Não-Conformidade Impulsiva se associou a pior QV psicológica. Autodirecionamento se associou a melhor qualidade de vida psicológica e social em T0 e em T1. Evitação de Danos esteve associada a pior QV Física em T0 e em T1. Religiosidade Organizacional e Religiosidade Intrínseca se associaram a melhor QV Social no T0. Conclusões: A mera presença de EAs não se associou à existência de TM ou a alterações na QV. Os resultados desse estudo sugerem que a análise das características de personalidade (temperamento e caráter) de um indivíduo que apresenta EAs pode servir como um critério importante para o diagnóstico diferencial entre uma experiência não patológica e um transtorno mental. Pesquisas futuras poderão buscar teorias e terminologias mais adequadas para explicar as EAs não patológicas e deve-se tomar cuidado para não confundi-las com sintomas de TMs. |
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Desse modo, é importante encontrar critérios que possam nortear os profissionais da saúde mental para realizarem um diagnóstico diferencial entre uma EA e um transtorno mental (TM). A análise do perfil de personalidade de um indivíduo pode auxiliar a distinguir se esse apresenta experiências saudáveis ou patológicas. Porém, poucos estudos se dedicaram a investigar as relações entre EAs e personalidade. Os Centros Espíritas são locais privilegiados para investigar o tema pois fomentam as EAs e são procurados por pessoas com EAs em busca de auxílio. Objetivos: Verificar se as características de personalidade, mensuradas pelo Inventário de Temperamento e Caráter (ITC), podem se constituir como um critério para o diagnóstico diferencial entre EA e TM. Verificar a associação entre Experiências Incomuns (Esquizotipia) com TM e qualidade de vida (QV); Observar como as diferentes formas de religiosidade se associam aos TMs e à QV. Métodos: Estudo epidemiológico observacional coorte, prospectivo (1 ano de seguimento: T0 e T1), com 115 sujeitos que apresentavam EAs e procuraram Centros Espíritas da cidade de Juiz de Fora/MG. Instrumentos: Entrevista Sociodemográfica; ITC-R (Inventário de Temperamento e Caráter, revisado e reduzido); DUREL - P (Duke University Religious Index – verão em português); WHOQOL - BREF (Instrumento de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde - versão abreviada); SCID (Entrevista clínica estruturada para transtornos do Eixo I do DSM-IV); O – LIFE – R (Inventario Reduzido Oxford-Liverpool de Sentimentos e Experiências). Modelos de regressão logística e linear, controlando para fatores sociodemográficos, foram usados para investigar as associações entre dimensões de personalidade, de esquizotipia e de religiosidade (preditores) com TMs e QV (desfechos). Resultados: A amostra foi composta por 70% de mulheres, com idade média de 38,8 anos (DP 12,5), 55% com nível superior, perfil semelhante ao de outros estudos com médiuns espíritas no Brasil. Houve prevalência atual de 73% de Transtornos de Ansiedade na amostra; 27,8% de Transtorno Depressivo; 10,4% de Transtorno Bipolar e 7% de Transtorno Psicótico. Experiências Incomuns não estiveram associadas a TM ou QV. Anedonia Introvertida esteve associada à presença de Transtorno Psicótico; Não- Conformidade Impulsiva se associou à presença de Transtorno Bipolar; Busca de Novidade e Dependência de Gratificação estiveram associadas à presença de Transtorno Bipolar; Autodirecionamento e Autotranscendência não se associaram à presença de nenhum TM. Nenhuma dimensão de religiosidade esteve associada à presença de TMs. ; Desorganização Cognitiva associou-se a pior QV Psicológica em T0 e T1; Anedonia Introvertida esteve associada a pior QV em todos os domínios (físico, psicológico, social e ambiental) em T0 e a pior QV física em T1. Não-Conformidade Impulsiva se associou a pior QV psicológica. Autodirecionamento se associou a melhor qualidade de vida psicológica e social em T0 e em T1. Evitação de Danos esteve associada a pior QV Física em T0 e em T1. Religiosidade Organizacional e Religiosidade Intrínseca se associaram a melhor QV Social no T0. Conclusões: A mera presença de EAs não se associou à existência de TM ou a alterações na QV. Os resultados desse estudo sugerem que a análise das características de personalidade (temperamento e caráter) de um indivíduo que apresenta EAs pode servir como um critério importante para o diagnóstico diferencial entre uma experiência não patológica e um transtorno mental. Pesquisas futuras poderão buscar teorias e terminologias mais adequadas para explicar as EAs não patológicas e deve-se tomar cuidado para não confundi-las com sintomas de TMs.Introduction: There is a high prevalence of psychotic experiences in the general population. Many of these experiences have similar phenomenology to religious/spiritual experiences (R/E), also called anomalous experiences (AEs), which are not necessarily pathological. Thus, it is important to find criteria that will guide mental health professionals to perform a differential diagnosis between an AE and a mental disorder (MD). A profile analysis of the personality of a person can help to distinguish whether his/her experiences are healthy or pathological. However, few studies have been developed to investigate the relationships between AEs and personality. Spiritist Centers are prime locations to investigate the issue because they foster AEs and people with AEs often seek help in them. Objectives: To verify whether personality traits, as measured by the Temperament and Character Inventory (ITC), can be a criterion for the differential diagnosis between AEs and MDs. To observe if the dimension of Unusual Experiences (Schizotypy) is associated with MDs or quality of life (QoL). To observe how different forms of religiosity are associated with TMs and QoL. Methods: this is a propective observational cohort study (1 year follow-up) with 115 subjects who had AEs and sought Spiritist Centers in the city of Juiz de Fora/MG. Instruments: Sociodemographic Interview; TCI-R (Temperament and Character Inventory, revised and short); Durel - P (Duke Religious Index - in Portuguese); WHOQOL - BREF (Instrument of Quality of Life of the World Health Organization - abbreviated); SCID (Structured Clinical Interview for Axis I disorders of the DSM-IV) O - LIFE - R (Oxford-Liverpool Inventory of Feelings and Experiences- short). Logistic and linear regression models, controlling for sociodemographic factors, were used to investigate the associations between personality, dimensions of schizotypy and religiosity (predictors) with TMs and QoL (outcomes). Results: The sample was composed of 70% women, mean age 38,8 years (SD 12,5) 55% with higher education level, profile similar to other studies with spirit mediums in Brazil. There was a current prevalence of 73% of Anxiety Disorders in the sample; 27.8% of Depressive Disorder, 10.4% of Bipolar Disorder and 7% of Psychotic Disorder. Unusual experiences were not associated with QOL or with MDs. Introverted Anhedonia was associated with Psychotic Disorder; Impulsive Non-Conformity was associated with Bipolar Disorder; Novelty Seeking and Reward Dependence were associated with Bipolar Disorder; Self-Directedness and Self-transcendence were not associated with the presence of any MDs. No dimension of religiosity was associated with MD; Cognitive Disorganization was associated with worse QoL in Psychological domain at T0 and T1; Introverted Anhedonia was associated with worse QoL in all domains (physical, psychological, social and environmental) at T0 and with worse QoL in physical domais at T1. Impulsive Non-Conformity was associated with worse QoL in psychological domain. Self-directedness was associated with better quality of life in social and psychological domains, at T0 and T1. Harm avoidance was associated with worse QoL in physical domain. Conclusions: The results of this study suggest that the analysis of personality traits (temperament and character) of an individual who presents AEs can serve as an important criterion for the differential diagnosis between a not pathological experience and a mental disorder. Future research could investigate about more appropriate terminologies and theories to explain these nonpathological AEs and we must be careful not to confuse them with symptoms of MDs.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Juiz de ForaPrograma de Pós-graduação em Saúde BrasileiraUFJFBrasilFaculdade de MedicinaCNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::MEDICINA::PSIQUIATRIAExperiências AnômalasPersonalidadeEsquizotipiaReligiosidadeTranstornos MentaisQualidade de VidaAnomalous ExperiencesPersonalitySchizotypyReligiosityMental DisordersQuality of LifeA personalidade como critério para o diagnóstico diferencial entre experiências anômalas e transtornos mentaisPersonality as a criterion for the differential diagnosis between anomalous experiences and mental disordersinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFTEXTleticiaoliveiraalminhana.pdf.txtleticiaoliveiraalminhana.pdf.txtExtracted texttext/plain443104https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1015/3/leticiaoliveiraalminhana.pdf.txtc8dc7576405474ce743b220641483663MD53THUMBNAILleticiaoliveiraalminhana.pdf.jpgleticiaoliveiraalminhana.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1186https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1015/4/leticiaoliveiraalminhana.pdf.jpg95a58e7948e66b806c78ae791ee52ee1MD54ORIGINALleticiaoliveiraalminhana.pdfleticiaoliveiraalminhana.pdfapplication/pdf2176752https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1015/1/leticiaoliveiraalminhana.pdf8abd728827a5180a08e27d59ed0f52f8MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81866https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1015/2/license.txt43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9bMD52ufjf/10152019-11-07 12:04:06.455oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/1015TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCB2b2PDqiAobyBhdXRvciAoZXMpIG91IG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIG8gZGlyZWl0byBuw6NvLWV4Y2x1c2l2byBkZSByZXByb2R1emlyLCAgdHJhZHV6aXIgKGNvbmZvcm1lIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIApzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIApmb3JtYXRvcyDDoXVkaW8gb3UgdsOtZGVvLgoKVm9jw6ogY29uY29yZGEgcXVlIG8gRGVwb3NpdGEgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byAKcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIERlcG9zaXRhIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrLXVwIAplIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EuIApWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgCmRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgCm9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBEZXBvc2l0YSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIG5vIHRleHRvIApvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBURU5IQSBTSURPIFJFU1VMVEFETyBERSBVTSBQQVRST0PDjU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfDik5DSUEgREUgRk9NRU5UTyBPVSBPVVRSTyAKT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgCkVYSUdJREFTIFBPUiBDT05UUkFUTyBPVSBBQ09SRE8uCgpPIERlcG9zaXRhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIAphdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2019-11-07T14:04:06Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false |
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Introdução: Há uma alta prevalência de experiências psicóticas na população geral. Muitas dessas experiências possuem fenomenologia semelhante a experiências religiosas/espirituais (R/E), também chamadas de experiências anômalas (EA), as quais não são necessariamente patológicas. Desse modo, é importante encontrar critérios que possam nortear os profissionais da saúde mental para realizarem um diagnóstico diferencial entre uma EA e um transtorno mental (TM). A análise do perfil de personalidade de um indivíduo pode auxiliar a distinguir se esse apresenta experiências saudáveis ou patológicas. Porém, poucos estudos se dedicaram a investigar as relações entre EAs e personalidade. Os Centros Espíritas são locais privilegiados para investigar o tema pois fomentam as EAs e são procurados por pessoas com EAs em busca de auxílio. Objetivos: Verificar se as características de personalidade, mensuradas pelo Inventário de Temperamento e Caráter (ITC), podem se constituir como um critério para o diagnóstico diferencial entre EA e TM. Verificar a associação entre Experiências Incomuns (Esquizotipia) com TM e qualidade de vida (QV); Observar como as diferentes formas de religiosidade se associam aos TMs e à QV. Métodos: Estudo epidemiológico observacional coorte, prospectivo (1 ano de seguimento: T0 e T1), com 115 sujeitos que apresentavam EAs e procuraram Centros Espíritas da cidade de Juiz de Fora/MG. Instrumentos: Entrevista Sociodemográfica; ITC-R (Inventário de Temperamento e Caráter, revisado e reduzido); DUREL - P (Duke University Religious Index – verão em português); WHOQOL - BREF (Instrumento de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde - versão abreviada); SCID (Entrevista clínica estruturada para transtornos do Eixo I do DSM-IV); O – LIFE – R (Inventario Reduzido Oxford-Liverpool de Sentimentos e Experiências). Modelos de regressão logística e linear, controlando para fatores sociodemográficos, foram usados para investigar as associações entre dimensões de personalidade, de esquizotipia e de religiosidade (preditores) com TMs e QV (desfechos). Resultados: A amostra foi composta por 70% de mulheres, com idade média de 38,8 anos (DP 12,5), 55% com nível superior, perfil semelhante ao de outros estudos com médiuns espíritas no Brasil. Houve prevalência atual de 73% de Transtornos de Ansiedade na amostra; 27,8% de Transtorno Depressivo; 10,4% de Transtorno Bipolar e 7% de Transtorno Psicótico. Experiências Incomuns não estiveram associadas a TM ou QV. Anedonia Introvertida esteve associada à presença de Transtorno Psicótico; Não- Conformidade Impulsiva se associou à presença de Transtorno Bipolar; Busca de Novidade e Dependência de Gratificação estiveram associadas à presença de Transtorno Bipolar; Autodirecionamento e Autotranscendência não se associaram à presença de nenhum TM. Nenhuma dimensão de religiosidade esteve associada à presença de TMs. ; Desorganização Cognitiva associou-se a pior QV Psicológica em T0 e T1; Anedonia Introvertida esteve associada a pior QV em todos os domínios (físico, psicológico, social e ambiental) em T0 e a pior QV física em T1. Não-Conformidade Impulsiva se associou a pior QV psicológica. Autodirecionamento se associou a melhor qualidade de vida psicológica e social em T0 e em T1. Evitação de Danos esteve associada a pior QV Física em T0 e em T1. Religiosidade Organizacional e Religiosidade Intrínseca se associaram a melhor QV Social no T0. Conclusões: A mera presença de EAs não se associou à existência de TM ou a alterações na QV. Os resultados desse estudo sugerem que a análise das características de personalidade (temperamento e caráter) de um indivíduo que apresenta EAs pode servir como um critério importante para o diagnóstico diferencial entre uma experiência não patológica e um transtorno mental. Pesquisas futuras poderão buscar teorias e terminologias mais adequadas para explicar as EAs não patológicas e deve-se tomar cuidado para não confundi-las com sintomas de TMs. |
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