A interface prosódia-sintaxe na produção e no processamento de estruturas de Tópico e de SVO

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Carolina Garcia de Carvalho
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
Texto Completo: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1289
Resumo: O presente estudo tem como objetivo investigar o papel da prosódia no processamento sintático. Nossa hipótese é a de que a prosódia não só impede a ambiguidade, mas também guia o parser, fornecendo pistas para a construção da estrutura sintática no curso do processamento realizado por adultos. Elegemos como objetos de análise as estruturas de Tópico (de argumento interno) e de SVO (não topicalizado) porque, no contraste entre ambas, as pistas prosódicas são acessíveis desde o início da sentença. Um conjunto de experimentos foi realizado com os seguintes objetivos: na produção: (a) verificar as propriedades prosódicas de sentenças com estruturas SVO e de Tópico em tarefas de leitura; (b) investigar se há uma preferência por uma prosódia default; na compreensão: (c) verificar se há preferência por uma ou outra estrutura, a partir da comparação do tempo de processamento de estímulos auditivos com e sem pistas prosódicas; (d) verificar se a modificação dessas pistas poderia "enganar" as escolhas do parser. Para a construção dos estímulos experimentais, foram selecionadas palavras que podem pertencer tanto à categoria Verbo, quanto à categoria Adjetivo. Construímos sentenças com os dois tipos de estruturas sintáticas: Tópico – [A criança SUJA]IPa madrinha mandou ela para o banho; e SVO – [A criança]ϕ [SUJA a madrinha] com a comida do almoço. Os resultados dos experimentos de produção revelam que há pistas acústicas que diferenciam os dois tipos de estrutura. Além disso, sugerem também que há uma preferência, na leitura em voz alta, pela prosódia SVO quando o participante desconhece o sentido completo das sentenças. Quanto aos experimentos de compreensão, também parece haver uma preferência pela estrutura de SVO quando as pistas prosódicas não estão acessíveis para o ouvinte. Por outro lado, quando a prosódia é informativa, os resultados sugerem que esta não só guia o parser na escolha da estrutura sintática, mas também poderia “enganá-lo”, levando ao processamento de uma estrutura diferente nos casos de incongruência entre sintaxe e prosódia. Em conjunto, os resultados revelam que, por um lado, parece haver uma estrutura default SVO, mas, por outro, a prosódia de Tópico parece impedir, em certa medida, a ativação desse default. Com os tipos de estruturas analisadas e com base nos resultados experimentais, defendemos que a prosódia guia essas projeções, já que as pistas acústicas estão acessíveis desde o início das sentenças. De acordo com a proposta de Bocci (2008), as propriedades de Tópico estariam codificadas na sintaxe, guiando a derivação sintática; tais propriedades, por sua vez, seriam disponibilizadas, previamente, via prosódia. Os resultados obtidos são discutidos à luz de três abordagens teóricas: a hipótese do Bootstrapping Prosódico/Fonológico (MORGAN & DEMUTH, 1996; CHRISTOPHE et al., 1997, 2008), que sustenta que pistas prosódicas promovem a segmentação do fluxo de fala, facilitando o processamento (no caso dos adultos); o Modelo Integrado da Computação On-line (CORRÊA & AUGUSTO, 2006; 2007), segundo o qual a árvore sintática vai se formando no curso do processamento; e o Modelo de Compreensão Auditiva da Linguagem (FRIEDERICI, 2011), que prevê a interação da prosódia com a sintaxe no nível neurofisiológico.
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Elegemos como objetos de análise as estruturas de Tópico (de argumento interno) e de SVO (não topicalizado) porque, no contraste entre ambas, as pistas prosódicas são acessíveis desde o início da sentença. Um conjunto de experimentos foi realizado com os seguintes objetivos: na produção: (a) verificar as propriedades prosódicas de sentenças com estruturas SVO e de Tópico em tarefas de leitura; (b) investigar se há uma preferência por uma prosódia default; na compreensão: (c) verificar se há preferência por uma ou outra estrutura, a partir da comparação do tempo de processamento de estímulos auditivos com e sem pistas prosódicas; (d) verificar se a modificação dessas pistas poderia "enganar" as escolhas do parser. Para a construção dos estímulos experimentais, foram selecionadas palavras que podem pertencer tanto à categoria Verbo, quanto à categoria Adjetivo. Construímos sentenças com os dois tipos de estruturas sintáticas: Tópico – [A criança SUJA]IPa madrinha mandou ela para o banho; e SVO – [A criança]ϕ [SUJA a madrinha] com a comida do almoço. Os resultados dos experimentos de produção revelam que há pistas acústicas que diferenciam os dois tipos de estrutura. Além disso, sugerem também que há uma preferência, na leitura em voz alta, pela prosódia SVO quando o participante desconhece o sentido completo das sentenças. Quanto aos experimentos de compreensão, também parece haver uma preferência pela estrutura de SVO quando as pistas prosódicas não estão acessíveis para o ouvinte. Por outro lado, quando a prosódia é informativa, os resultados sugerem que esta não só guia o parser na escolha da estrutura sintática, mas também poderia “enganá-lo”, levando ao processamento de uma estrutura diferente nos casos de incongruência entre sintaxe e prosódia. Em conjunto, os resultados revelam que, por um lado, parece haver uma estrutura default SVO, mas, por outro, a prosódia de Tópico parece impedir, em certa medida, a ativação desse default. Com os tipos de estruturas analisadas e com base nos resultados experimentais, defendemos que a prosódia guia essas projeções, já que as pistas acústicas estão acessíveis desde o início das sentenças. De acordo com a proposta de Bocci (2008), as propriedades de Tópico estariam codificadas na sintaxe, guiando a derivação sintática; tais propriedades, por sua vez, seriam disponibilizadas, previamente, via prosódia. Os resultados obtidos são discutidos à luz de três abordagens teóricas: a hipótese do Bootstrapping Prosódico/Fonológico (MORGAN & DEMUTH, 1996; CHRISTOPHE et al., 1997, 2008), que sustenta que pistas prosódicas promovem a segmentação do fluxo de fala, facilitando o processamento (no caso dos adultos); o Modelo Integrado da Computação On-line (CORRÊA & AUGUSTO, 2006; 2007), segundo o qual a árvore sintática vai se formando no curso do processamento; e o Modelo de Compreensão Auditiva da Linguagem (FRIEDERICI, 2011), que prevê a interação da prosódia com a sintaxe no nível neurofisiológico.This study investigates the role of prosody in syntactic processing. Our hypothesis is that prosody could not only prevent ambiguity, but it also guides the parser, providing cues to the syntactic tree construction during linguistic processing by adults. We elected Topic (of intern argument) and SVO (nontopicalized) structures because in contrast with both of them, the prosodic cues are accessible from the beginning of the sentences in both structures. A set of experiments was conducted according to the following objectives: in production: (a) to verify the prosodic properties of SVO and Topic sentences in reading experiments; (b) to investigate if there is a preference for a default prosody; in comprehension: (c) to verify the preference for each structure by comparing listening reaction time with or without prosodic cues; (d) to verify if the modification of these cues could "trick" the parser choices. For the construction of experimental stimuli, words that may belong to Verb category as well as Adjective category were selected. We built sentences with both types of syntactic tree: Topic – [A criança SUJA]IP a madrinha mandou ela para o banho; and SVO – [A criança]ϕ [SUJA a madrinha] com a comida do almoço. (Topic – The dirty child was sent to have a shower by their godmother; and SVO – The child soils their godmother with the lunch food.) The results of the production experiments revealed that there are acoustic cues which differentiate both types of structure. Furthermore they suggest that there is a preference, when reading it aloud, for SVO prosody production when participants are not aware of the full meaning of the sentences. As regards the comprehension experiments it also showed a preference for SVO structure when prosodic cues are not accessible to the listener. On the other hand, when the prosody is informative, the results suggest that not only it guides the parser in syntactic structure choices, but also it could “trick” and mislead it to the processing of a different structure in the cases of incongruity between syntax and prosody. Altogether the results reveal that, on the one hand, it seems to have a SVO default structure, but, on the other hand, the Topic prosody seems to prevent, in a way, the activation of this default. Having the analyzed structures and based on the experimental results, we indorse that the prosody guides these projections, since the acoustic cues are accessible from the beginning of sentences. According to Bocci’s proposal (2008), Topic properties would be coded in syntax, guiding the syntactic derivation; in turn, these properties would be previously available via prosody. The obtained results are discussed in the light of three theoretical approaches: the Prosodic/Phonological Bootstrapping Hypothesis (MORGAN & DEMUTH, 1996; CHRISTOPHE et al., 1997; 2008), which holds that prosodic cues promote speech stream segmentation, facilitating linguistic processing (in case of adults); the Integrated Model of Online Computation (CORRÊA & AUGUSTO, 2006; 2007), according to which the syntactic tree is created during the course of processing; and the Auditory Comprehension Model of Language (FRIEDERICI, 2011), which foresees the prosody-syntax interaction on the neurophysiological level.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Juiz de ForaPrograma de Pós-graduação em Letras: LinguísticaUFJFBrasilFaculdade de LetrasCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTESProsódiaInterface prosódia-sintaxeProcessamento adultoTópicoPsicolinguísticaProsodyProsody-syntax interfaceAdult processingTopic structurePsycholinguisticsA interface prosódia-sintaxe na produção e no processamento de estruturas de Tópico e de SVOinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFTEXTcarolinagarciadecarvalhosilva.pdf.txtcarolinagarciadecarvalhosilva.pdf.txtExtracted texttext/plain302897https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1289/3/carolinagarciadecarvalhosilva.pdf.txtf32ffe2f744e45031b4489aada94f288MD53THUMBNAILcarolinagarciadecarvalhosilva.pdf.jpgcarolinagarciadecarvalhosilva.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1189https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1289/4/carolinagarciadecarvalhosilva.pdf.jpg81df942f98d697da9b59783a6d82cbfeMD54ORIGINALcarolinagarciadecarvalhosilva.pdfcarolinagarciadecarvalhosilva.pdfapplication/pdf4355278https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1289/1/carolinagarciadecarvalhosilva.pdf49744d937d77f51f06fa3dada064b83bMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81866https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/1289/2/license.txt43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9bMD52ufjf/12892019-11-07 11:51:17.263oai:hermes.cpd.ufjf.br:ufjf/1289TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCB2b2PDqiAobyBhdXRvciAoZXMpIG91IG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIG8gZGlyZWl0byBuw6NvLWV4Y2x1c2l2byBkZSByZXByb2R1emlyLCAgdHJhZHV6aXIgKGNvbmZvcm1lIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIApzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIApmb3JtYXRvcyDDoXVkaW8gb3UgdsOtZGVvLgoKVm9jw6ogY29uY29yZGEgcXVlIG8gRGVwb3NpdGEgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byAKcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIERlcG9zaXRhIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrLXVwIAplIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EuIApWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgCmRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgCm9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBEZXBvc2l0YSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIG5vIHRleHRvIApvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBURU5IQSBTSURPIFJFU1VMVEFETyBERSBVTSBQQVRST0PDjU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfDik5DSUEgREUgRk9NRU5UTyBPVSBPVVRSTyAKT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgCkVYSUdJREFTIFBPUiBDT05UUkFUTyBPVSBBQ09SRE8uCgpPIERlcG9zaXRhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIAphdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2019-11-07T13:51:17Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false
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