Contaminantes de preocupação emergente: aspectos do consumo, detecção e descarte em ecossistemas aquáticos

• Autor(a) principal: Quadra, Gabrielle Rabelo
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFJF
• Texto Completo: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2021/00021; https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/12918
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS; Avaliação de risco; Ambientes aquáticos; Fármacos; Medicamentos; Poluição aquática; Risk assessment; Aquatic environment; Pharmaceuticals; Medicines; Aquatic pollution

As atividades humanas estão acelerando os ciclos biogeoquímicos e causando a deterioração dos corpos hídricos mundialmente, nos quais a poluição aquática afeta a qualidade e a quantidade de água. Os contaminantes sintéticos são agentes de mudanças globais que apresentam potencial para causar alterações globais comparadas a emissão de gases de efeito estufa e input de nutrientes, porém, muitas vezes, esta problemática não recebe tanta atenção pelos pesquisadores e financiadores comparando aos outros agentes de mudanças globais. Os contaminantes de preocupação emergente têm sido detectados em diversos ecossistemas aquáticos ao redor do mundo. Apesar das quantificações, alguns pesquisadores ainda argumentam que as concentrações são baixas para causar qualquer desequilíbrio ecológico ou prejudicar a saúde humana. No entanto, outros trabalhos têm demonstrado efeitos adversos em baixas concentrações, assim como efeitos a longo prazo e de misturas. No presente trabalho foi demonstrado, por meio de quatro diferentes estudos, que os contaminantes de preocupação emergente devem entrar em acordos globais, assim como merecem uma atenção maior dos governos nacionais de países em desenvolvimento. Os estudos apresentados na presente tese comtemplam tópicos de consumo, ocorrência e descarte dos contaminantes de preocupação emergente em ecossistemas aquáticos, dando embasamento científico para a necessidade de maior preocupação global. Dessa forma, os estudos mostraram: (1) utilizando a cafeína como objeto de estudo, foi demonstrado que as concentrações ambientais podem aumentar com o passar do tempo, especialmente em países onde o consumo per capita de café vem aumentando e com baixo investimento em rede de esgoto e estações de tratamento de esgoto. A cafeína foi utilizada como modelo, porém, é esperado que para outros compostos a tendência seja a mesma, uma vez que o consumo de medicamentos também tem aumentando ao longo do tempo. Dessa forma, a poluição por estes contaminantes só vai se agravar. (2). Por meio de um estudo espacial e temporal das concentrações de contaminantes de preocupação emergente, foi observado que os medicamentos mais consumidos podem apresentar maiores concentrações no ambiente. Além disso, as concentrações ao longo do tempo não apresentaram diminuição no rio utilizado como modelo de estudo. Dessa forma, espera-se que, a longo prazo, visto maior consumo de medicamentos, estas concentrações podem vir a aumentar. (3). Devido ao aumento populacional, os ecossistemas aquáticos estão cada vez mais susceptíveis a contaminação por contaminantes de preocupação emergente. Os reservatórios são importantes ambientes aquáticos utilizados pelos seres humanos para abastecimento público, irrigação e pesca ou criação de peixes. O estudo indica contaminação por contaminantes de preocupação emergente em reservatórios brasileiros utilizados para estes fins. Isto é mais um alerta para possíveis problemas de saúde pública, mesmo com pouco conhecimento sobre a bioacumulação dos fármacos e transferência de compartimentos (ambiente aquático para terrestre). (4). Ainda assim, por meio de um questionário online, foi observado que as pessoas ainda descartam medicamentos da maneira incorreta. Isso é uma resposta a falta de informação da sociedade, mas também dos setores da saúde. Além disso, faltam de políticas públicas que envolvam logística reversa dos medicamentos e pontos de coleta disponíveis. Com estes estudos, fica claro a necessidade de maior preocupação e controle do descarte e mitigação de contaminantes de preocupação emergente nos ambientes aquáticos, evitando, assim, perde de biodiversidade, serviços ecossistêmicos e questões de saúde pública.