Depois das grades: trajetórias de mulheres egressas do sistema prisional
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Data de Publicação: | 2019 |
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Título da fonte: | Repositório Institucional da UFJF |
Texto Completo: | https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/123456789/10186 |
Resumo: | Pesquisas mostram que parte significativa das presidiárias e dos presidiários, ao contrário do que crê o senso comum, exerceu alguma atividade laboral lícita antes de cumprir pena privativa de liberdade e que, no geral, está inserida em setores precarizados do mercado de trabalho. Sendo assim, quais são as consequências da estada na prisão para as vidas dessas pessoas depois das grades? Com o propósito de compreender o tema, apresentamos uma discussão sobre a questão do trabalho nas últimas décadas, que passa por um processo de intensificação de flexibilização e precarização desde a hegemonia do neoliberalismo. Outro processo globalmente notado é o agigantamento do Estado Penal, levando ao aumento da população carcerária e à criminalização de variadas condutas. A partir disso, apresentamos um panorama sobre as consequências das referidas transformações para a vida das mulheres, que passam a ser cada vez mais precarizadas e criminalizadas, como acontece com as protagonistas do presente estudo. Com o objetivo de compreendermos, na vida prática, as consequências da reclusão na trajetória das mulheres que já passaram pelo encarceramento, foram feitas entrevistas de histórias de vida com dez mulheres egressas do sistema prisional na cidade de Juiz de Fora, MG. Em todas as histórias de vida analisadas, o cotidiano é permeado pela necessidade de criação de estratégias de encobrimento das características estigmatizadas, ou seja, encobrimento do envolvimento com o crime e da passagem pela prisão. A posição de “desacreditável” perante a sociedade faz com que estas mulheres retornem ao mercado de trabalho em circunstâncias ainda menos competitivas do que antes do aprisionamento, dificultando as possibilidades de superarem a condição de precariado. A luta cotidiana pela sobrevivência fora das atividades ilícitas é feita, em todos os casos analisados, sem o auxílio de políticas públicas de reabilitação, como se tal processo fosse de responsabilidade unicamente individual e não parte da agenda governamental de prevenção à criminalidade. O fato de ser mulher, em uma sociedade patriarcal, marcou cada uma das trajetórias narradas, seja pela violência sofrida, pela relação com os filhos ou pela solidão no cárcere. |
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Sendo assim, quais são as consequências da estada na prisão para as vidas dessas pessoas depois das grades? Com o propósito de compreender o tema, apresentamos uma discussão sobre a questão do trabalho nas últimas décadas, que passa por um processo de intensificação de flexibilização e precarização desde a hegemonia do neoliberalismo. Outro processo globalmente notado é o agigantamento do Estado Penal, levando ao aumento da população carcerária e à criminalização de variadas condutas. A partir disso, apresentamos um panorama sobre as consequências das referidas transformações para a vida das mulheres, que passam a ser cada vez mais precarizadas e criminalizadas, como acontece com as protagonistas do presente estudo. Com o objetivo de compreendermos, na vida prática, as consequências da reclusão na trajetória das mulheres que já passaram pelo encarceramento, foram feitas entrevistas de histórias de vida com dez mulheres egressas do sistema prisional na cidade de Juiz de Fora, MG. Em todas as histórias de vida analisadas, o cotidiano é permeado pela necessidade de criação de estratégias de encobrimento das características estigmatizadas, ou seja, encobrimento do envolvimento com o crime e da passagem pela prisão. A posição de “desacreditável” perante a sociedade faz com que estas mulheres retornem ao mercado de trabalho em circunstâncias ainda menos competitivas do que antes do aprisionamento, dificultando as possibilidades de superarem a condição de precariado. A luta cotidiana pela sobrevivência fora das atividades ilícitas é feita, em todos os casos analisados, sem o auxílio de políticas públicas de reabilitação, como se tal processo fosse de responsabilidade unicamente individual e não parte da agenda governamental de prevenção à criminalidade. O fato de ser mulher, em uma sociedade patriarcal, marcou cada uma das trajetórias narradas, seja pela violência sofrida, pela relação com os filhos ou pela solidão no cárcere.Research has shown that a meaningful part of female and male prisoners, opposedly to common sense belief, have engaged in some lawful labor activity before serving custodial sentences, and that, in general, these subjects are in precarious sectors of the labor market. Thus, what are the consequences of staying in prison for their lives after the bars?In order to understand this theme, we present a discussion on the issue of labor in the last decades, which, since the hegemony of neoliberalism, has undergone a process of intensification of flexibilization and precarization. Another globally noted process is the rise of the Penal State, which has led to an increase in the prison population and the criminalization of various forms of conduct. That being said, we present an overview of the consequences of these transformations for the lives of women, who become more and more precarious and criminalized, as it happens to the protagonists of this study. With the intent to practically understand the consequences of imprisonment on the trajectory of women who have already been imprisoned, life story interviews were conducted with 10 women who formerly were part of the prison system in the city of Juiz de Fora, MG. In all the analyzed life stories, daily life is permeated by the need to create strategies to conceal the stigmatizing characteristics; that is, to cover up involvement with crime and the passage through prison. The position of “discreditable” for society makes these women return to the labor market in circumstances even less competitive than before the imprisonment, making it difficult for them to overcome the precariat condition. The daily struggle for survival outside illicit activities is done, in all cases analyzed, without the support of public rehabilitation policies, as if this process were solely individual responsibility and not part of the government's crime prevention agenda. The fact of being a woman, in a patriarchal society, marked each one of the narrated trajectories, either by the violence suffered, by the relation with the children or by the solitude in the jail.porUniversidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)Programa de Pós-graduação em Ciências SociaisUFJFBrasilICH – Instituto de Ciências HumanasAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 United Stateshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/us/info:eu-repo/semantics/openAccessCNPQ::CIENCIAS HUMANASSistema de justiça criminalEgressasPrecariadoEstado penalHistórias de vidaEx-prisonerPrison systemCriminal justice systemPrecariatPenal stateLife storiesDepois das grades: trajetórias de mulheres egressas do sistema prisionalinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFJFinstname:Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)instacron:UFJFTEXTsintiasoareshelpes.pdf.txtsintiasoareshelpes.pdf.txtExtracted texttext/plain600328https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/123456789/10186/4/sintiasoareshelpes.pdf.txt6f9677c30ca78cb7df47757f8301e6f4MD54THUMBNAILsintiasoareshelpes.pdf.jpgsintiasoareshelpes.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1144https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/123456789/10186/5/sintiasoareshelpes.pdf.jpg0882e66e023557519f3b4587920c8844MD55ORIGINALsintiasoareshelpes.pdfsintiasoareshelpes.pdfapplication/pdf7412487https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/123456789/10186/1/sintiasoareshelpes.pdfe5414e92b34d425e7cdd8a4317835e2cMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/123456789/10186/2/license_rdf9868ccc48a14c8d591352b6eaf7f6239MD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/123456789/10186/3/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD53123456789/101862019-06-26 03:07:50.658oai:hermes.cpd.ufjf.br:123456789/10186Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufjf.br/oai/requestopendoar:2019-06-26T06:07:50Repositório Institucional da UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)false |
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