A CONVIVÊNCIA DAS RACIONALIDADES CAMPONESA E ECONÔMICA NUM ASSENTAMENTO DO MST: SEMEANDO QUESTÕES SOBRE O TRABALHO

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Amorim, Mariana Fernandes da Cunha Loureiro
Data de Publicação: 2012
Outros Autores: Dourado, Débora Coutinho Paschoal, Bispo, Danielle de Araújo
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Gestão e sociedade
Texto Completo: https://ges.face.ufmg.br/index.php/gestaoesociedade/article/view/1388
Resumo: O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem angariado diversas conquistas na consolidação de assentamentos pela reforma agrária no estado de Pernambuco. Nos assentamentos, o MST propõe uma forma de organização do trabalho peculiar, regida por lógicas diversas daquelas presentes nas agroindústrias. Isso instigou a curiosidade de conhecer qual a relação que os assentados estabelecem com o sistema produtor dominante e com a experiência dentro do assentamento. Isso permitiu compreender melhor a realidade de trabalho dos assentados rurais, em termos de representação e vivência do trabalho do assentado rural no campo, dentro do contexto do capitalismo, em contraposição ao trabalho proletário urbano ou rural (no agronegócio). Na construção do referencial teórico, considerou-se necessário, primeiramente, fazer um estudo sobre trabalho na contemporaneidade. Depois, foi enfatizada a persistência e as transformações que sofreu o campesinato no capitalismo, assim como as particularidades do trabalho do camponês em contraposição ao trabalho do proletário. Em especial, foi contrastada a racionalidade econômica e a racionalidade camponesa. A metodologia escolhida é qualitativa, uma vez que permite acesso a informações detalhadas de um pequeno número de casos e a conseqüente compreensão em profundidade de determinadas situações. Particularmente, esta pesquisa se classifica como um estudo qualitativo básico ou genérico, cuja análise dos dados tipicamente conduz a uma identificação de padrões recorrentes (na forma de categorias, fatores, variáveis, temas), mediante o emparelhamento com conceitos, modelos e teorias. Além das pesquisas bibliográficas e documental, foram realizadas entrevistas não-estruturadas e observação não-participante como métodos de coleta de dados primários. O lócus de investigação foi o assentamento Chico Mendes III, localizado na Região do Litoral Norte pernambucana. A interpretação dos dados obtidos foi feita através do método de análise de conteúdo e a comparação própria desta análise se deu entre categorias relacionadas ao referencial sobre campesinato e a realidade dos assentados. Como resultado o artigo pôde apontar a presença da racionalidade camponesa dentro dos assentamentos, hibridizada com a racionalidade econômica, mas ainda identificável. O trabalho do assentado também se destaca como diferente e valorizado por elementos como: autonomia, alternatividade, não instrumentalização do trabalho e união com a dimensão do lazer e do prazer. A presente pesquisa mostra uma trajetória de exclusão comum ao campesinato brasileiro: a expropriação, o êxodo rural, a exclusão do mercado de trabalho e o retorno a luta pela terra. É difícil concluir, dentro desse contexto, se o retorno ao campo por meio dos assentamentos rurais foi incitado mais pelo amor a terra ou pela trajetória de exclusão a que foram submetidos os camponeses pernambucanos. Assim, muito embora o anseio de ter o trabalho na terra tenha sido mais realçado pelos assentados do que o desejo de possuir um emprego formal, persiste a indagação de os assentados teriam interesse de lutar pela terra caso tivessem espaço no mercado de trabalho formal.
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