Prevalência do possível bruxismo do sono em pré-escolares brasileiros: estudo piloto

• Autor(a) principal: Letícia Fernanda Moreira dos Santos
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/36730; https://orcid.org/0000-0002-1253-4603
• topic: Bruxismo do sono; Desgaste dos dentes; Epidemiologia; Pré-escolar; Bruxismo do sono; Desgaste dos dentes; Epidemiologia; Pré-escolar

Este estudo piloto objetivou avaliar a aplicabilidade de uma metodologia que será empregada em um estudo transversal representativo sobre o bruxismo do sono (BS) em pré-escolares brasileiros. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (protocolo #3.589.079) e desenvolvido na cidade de Divinópolis, Minas Gerais, entre novembro e dezembro de 2019. Participaram do estudo 36 pré-escolares de 5 anos de idade, matriculados em duas pré-escolas públicas e uma pré-escola privada, selecionadas por conveniência. Os pais/cuidadores consentiram a participação dos filhos por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram incluídos pré-escolares com dentição decídua completa ou mista, presentes nas instituições de ensino selecionadas na data em que foram realizados os exames clínicos. Foram critérios de exclusão o uso de medicação anticonvulsivante e o diagnóstico de distúrbios de desenvolvimento, síndromes e/ou alterações neurológicas. Os pais/cuidadores responderam a um questionário sobre fatores sociodemográficos da família e história médica dos filhos. Também foi completado um questionário sobre hábitos bucais deletérios e características do sono das crianças, incluindo qualidade do sono, frequência do relato de sons audíveis de ranger de dentes durante o sono e o relato de roncar e de babar no travesseiro. O possível BS foi avaliado a partir do relato de sons audíveis e categorizado como ausente, leve ou moderado. As crianças foram examinadas clinicamente, em sala de aula reservada, por uma única pesquisadora previamente treinada e calibrada. No exame extrabucal foi avaliado selamento labial, que foi considerado ausente quando a criança não foi capaz de manter os lábios em contato por 30 segundos ou apresentou contração do músculo orbicular. A respiração bucal foi avaliada pelo teste de espelho e avaliou-se a presença de dor muscular por meio da palpação dos músculos masseter e temporal. Registrou-se a presença de cliques na articulação temporomandibular e/ou de desvios durante o movimento de abertura e de fechamento da boca. No exame clínico intrabucal foi avaliada presença de linha alba e/ou de marcas na língua, bem como facetas de desgaste dentário devido à atrição nas superfícies incisais e oclusais dos dentes decíduos. Foi realizada a análise descritiva das variáveis coletadas. A prevalência do possível BS foi de 30,5%, sendo o possível BS leve (19,4%) e moderado (11,1%). Um total de 51,4% dos pais/cuidadores relataram receber três ou menos salários mínimos mensalmente. Além disso, 91,7% das crianças apresentava boa qualidade do sono, 52,8% roncavam e 38,9% babavam no travesseiro durante o sono. O desgaste dentário devido à atrição foi identificado em 88,9% das crianças, 22,2% apresentavam hábito de roer objetos e 19,4% hábito de roer unhas. Concluiu-se que a metodologia delineada foi adequada para a coleta de dados proposta e não houve a necessidades de ajustes. Uma alta porcentagem das crianças apresentou possível BS, desgaste dentário devido à atrição, hábitos bucais deletérios, relato de ronco e de babar no travesseiro durante o sono, sugerindo a necessidade de uma abordagem multidisciplinar no manejo de distúrbios do sono e de fatores psicológicos na prática clínica da Odontopediatria.