Prática escritural e produção de espaço em Graciliano Ramos

• Autor(a) principal: Tiago de Holanda Padilha Vieira
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/50197
• topic: Graciliano Ramos; Operação escritural; Espaço; Criação; Ramos, Graciliano, 1892-1953. – Crítica e interpretação; Literatura brasileira – História e crítica; Criação literária; Espaço e tempo na literatura

Esta tese busca analisar modos pelos quais Graciliano Ramos observa a prática escritural como produtora de espaço. O corpus compõe-se de cinco livros postumamente publicados: Linhas tortas (1962); Viventes das Alagoas (1962); Cartas (1980); Cartas inéditas de Graciliano Ramos a seus tradutores argentinos, Benjamín de Garay e Raúl Navarro (2008); e Garranchos (2012). Em termos mais precisos, selecionamos textos que tematizam explicitamente o ato de escrever. Além das obras nomeadas, são citadas, como fontes auxiliares, três entrevistas com Graciliano – duas incluídas em Conversas (2014), outra, na coletânea Graciliano Ramos (1977) – e uma crônica recolhida em Cangaços (2014). Ao examinarmos de que formas estudos críticos, ao lerem obras do escritor, apresentam algum tratamento teórico da categoria espaço, identificamos duas grandes linhas teórico-críticas. Contracanônica, uma destas é adotada na nossa pesquisa: aquela segundo a qual o que é demarcado como mundo real não é meramente dado, mas ele e o ato escritural (notadamente, a criação literária) que o tematiza compõem uma mútua determinação, de modo que nenhum dos elementos seja isolável como fundamento semântico. Tal proposta é desdobrada em diálogo com Gilles Deleuze, Félix Guattari, Wolfgang Iser, Cornelius Castoriadis e Jean-Paul Sartre. Essa perspectiva também é perceptível em alguns dos textos de Graciliano selecionados, embora o corpus, ao caracterizar maneiras pelas quais a operação escritural gera espaço, assuma várias direções teórico-críticas. O autor, pois, não apresenta um entendimento único, totalizador, do que é ou deveria ser a escrita e, especificamente, a literatura.