Diversidade de fungos e vírus da endosfera foliar e caulinar de seringueiras (Hevea brasiliensis) nativas da Amazônia oriental

• Autor(a) principal: Paula Luize Camargos Fonseca
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/42372; https://orcid.org/0000-0002-8103-9235
• topic: Microbiologia; Microbiologia; Hevea; Endófitos; Fungos; Doenças das Plantas

No interior de tecidos vegetais existem micro-organismos simbióticos que podem interagir e auxiliar na protecção das plantas contra patógenos, como por exemplo, os fungos endofíticos. Fungos endofíticos residem no tecido vegetal vivo sem provocar sintomas de doença no hospedeiro. A diversidade de fungos sugere que eles podem conferir características importantes para o hospedeiro, como por exemplo, promovendo o aumento da imunidade da planta contra patógenos. Hevea brasiliensis é a melhor planta para a produção de látex natural. O centro de origem do gênero Hevea é a região amazônica. Sabe-se que esta espécie é suscetível à várias doenças provocadas por fungos e vírus, dentre elas, o mal-das-folhas sulamericano (SALB) e a doença foliar viral. Essas doenças são responsáveis pela redução da produção de látex pela H. brasiliensis e podem levar à morte da planta. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a comunidade de fungos endofíticos e detectar fitopatógenos associados à folhas e alburno de indivíduos de H. brasiliensis da Floresta Nacional de Caxiuanã (PA) e do Parque Nacional de Anavilhanas (AM). Cinco folhas foram coletadas a partir de cada um dos nove indivíduos de plantas das duas Unidades de Conservação. Um total de 335 isolados de fungos foram purificados, preservados, depositados em coleção e identificados, pertencendo a 23 gêneros distribuídos em 87 grupos de similaridade (OTUs - Unidades Taxonômicas Operacionais). As espécies identificadas foram agrupadas e por análises de ordenação foi possível assinalar espécies comuns e específicas para cada região de coleta, indicando que a comunidade de fungos endofíticos em cada local seja diferente. Um indivíduo completamente assintomático para qualquer doença fúngica ou viral (C2) foi selecionado para o sequenciamento em larga-escala de pequenos RNAs (metatranscritômica de sRNA). Ao final do processo, foi possível mapear e montar contigs pertencentes ao fungo Pseudocercospora ulei, patógeno do SALB e um vírus da família Tymoviridae, provavelmente uma nova espécie, nunca descrito infectando seringueiras. Para confirmar a presença do vírus nas folhas dos indivíduos, foram desenhados iniciadores com sondas altamente específicas para a detecção por amplificação quantitativa (qPCR) e digital (ddPCR). Nos dois métodos utilizados, foi possível detectar o vírus usando diferentes regiões do seu genoma, porém a ddPCR apresentou maior sensibilidade de detecção e foi possível quantificar de forma absoluta o provável novo vírus. Para a confirmação da presença do fungo P.ulei, serão desenhados iniciadores específicos para a detecção em ddPCR. Outros indivíduos de seringueiras de outras regiões da Amazônia brasileira serão testadas para a detecção do vírus da família Tymoviridae. Este trabalho permitiu a detecção de dois fitopatógenos e pode ser útil para o estudo de doenças que acometem H. brasiliensis e para a melhor compreensão desses patógenos quando estão vivendo endofiticamente no hospedeiro ainda assintomático.