Decolonialidade e futebol: o reconhecimento da identidade na formação do atleta

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Taina de Oliveira Meinberg Cunha
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B9MJR9
Resumo: O presente estudo tem como objetivo demonstrar como as relações de poder concebidas ao longo da constituição do mundo moderno refletem-se ainda a hoje na configuração das estruturas econômicas e sociais do Brasil, tendo como foco central o cenário do futebol. A partir de 1500, com a chegada dos portugueses às terras brasileiras, será iniciado um intenso processo de colonização marcado por uma exploração econômica agressiva e uma dominação cultural segregacionista. As investidas lusitanas na colônia terão como prioridade os interesses da Coroa e dos centros de poder europeu, o que fará do Brasil um apêndice econômico para a produção de matéria-prima, escoamento de produtos e fornecimento de metais preciosos. Essa base econômica voltada aos interesses exteriores criou empecilhos ao desenvolvimento interno do país, cuja economia continua dependente dos países centrais europeus. Ainda, para consolidar o seu projeto de dominação colonial, a matriz portuguesa se utilizará de mecanismos de subjugação cultural, de forma a impor nas novas terras um padrão de vida eurocêntrico e a eliminar traços de manifestação social das populações não brancas (índios e negros) que comporão a sociedade brasileira. Essas ações colonialistas serão justificadas a partir de um falso discurso de modernidade e de conceitos de racialidade, que, enraizados na narrativa histórica mundial, repercutirão até a atualidade nas bases estruturais do país, concretizando um processo de colonialidade, ou seja, de dominação colonial que extrapola os marcos de independência política e territorial das nações colonizadas. A pesquisa busca trazer a íntima relação que o futebol, um ambiente que ultrapassa o âmbito desportivo e se torna um meio social no Brasil, teria com essas estruturas coloniais de poder. É proposta, ainda, uma busca pela decolonialidade desse esporte, que, sendo um espaço democrático, agregador das diferentes raças brasileiras, poderia ser utilizado como forma de reconhecimento identitário. No entanto, um projeto decolonial apenas seria possível se iniciado nas bases de formação das crianças no futebol, o que exige uma reflexão sobre a própria forma como as categorias de base estão sendo formadas no país.
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Essa base econômica voltada aos interesses exteriores criou empecilhos ao desenvolvimento interno do país, cuja economia continua dependente dos países centrais europeus. Ainda, para consolidar o seu projeto de dominação colonial, a matriz portuguesa se utilizará de mecanismos de subjugação cultural, de forma a impor nas novas terras um padrão de vida eurocêntrico e a eliminar traços de manifestação social das populações não brancas (índios e negros) que comporão a sociedade brasileira. Essas ações colonialistas serão justificadas a partir de um falso discurso de modernidade e de conceitos de racialidade, que, enraizados na narrativa histórica mundial, repercutirão até a atualidade nas bases estruturais do país, concretizando um processo de colonialidade, ou seja, de dominação colonial que extrapola os marcos de independência política e territorial das nações colonizadas. A pesquisa busca trazer a íntima relação que o futebol, um ambiente que ultrapassa o âmbito desportivo e se torna um meio social no Brasil, teria com essas estruturas coloniais de poder. É proposta, ainda, uma busca pela decolonialidade desse esporte, que, sendo um espaço democrático, agregador das diferentes raças brasileiras, poderia ser utilizado como forma de reconhecimento identitário. No entanto, um projeto decolonial apenas seria possível se iniciado nas bases de formação das crianças no futebol, o que exige uma reflexão sobre a própria forma como as categorias de base estão sendo formadas no país.This study aims to demonstrate how the power relations configured throughout the constitution of the modern world still reflect today in the configuration of economic and social structures of the country, having as central focus the scenario of Brazilian football. From 1500, with the arrival of the Portuguese in the Brazilian lands, an intense process of colonization will be initiated, which will be marked by aggressive economic exploitation and segregationist cultural domination. The Lusitanian invests in the colony will have as priority the interests of the Crown and the centers of European power, which will make of Brazil an economic appendage for the production of raw material, product disposal and supply of precious metals. This economic base aimed at foreign interests has created obstacles to the country's internal development, which is still reflected in its economy, which remains dependent on the central European countries. In order, to consolidate this colonial domination project, the Portuguese matrix will use mechanisms of cultural subjugation to impose a Eurocentric standard of living on the new lands and eliminate traces of social manifestation of non-white populations (Indians and blacks) who will compose the Brazilian society. These colonialist actions will be justified by a false discourse of modernity and concepts of raciality, rooted in the world historical narrative will still reflect today on the structural bases of the country, concretizing a process of coloniality, that is, of colonial domination that extrapolates the landmarks of political and territorial independence of the colonized nations. The research seeks to bring the intimate relationship that football, an environment that extrapolates the sport scope and becomes a social environment in Brazil, would have with these colonial structures of power. It is also proposed a search for the decoloniality of this sport, which, being a democratic space that aggregates the different Brazilian races, could be used as a form of identity recognition. However, a decolonial project would only be possible if started in the bases of training of children in football, which requires a reflection on the very way the basic categories are being formed in the country.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGFutebolDireitoPós-colonialismoFutebol para criançasFutebolColonialidadeColonialismoDecolonialidadeFormação Infantil EsportivaDecolonialidade e futebol: o reconhecimento da identidade na formação do atletainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINAL2018_08_14___disserta__o_tain__meinberg___mestrado.pdfapplication/pdf1807339https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B9MJR9/1/2018_08_14___disserta__o_tain__meinberg___mestrado.pdf5cdb2d4e2b29a9956744dc56e3173d8fMD51TEXT2018_08_14___disserta__o_tain__meinberg___mestrado.pdf.txt2018_08_14___disserta__o_tain__meinberg___mestrado.pdf.txtExtracted texttext/plain605561https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B9MJR9/2/2018_08_14___disserta__o_tain__meinberg___mestrado.pdf.txt6ec55badd1e5a1a1bdd5d6b5735bcfeeMD521843/BUOS-B9MJR92019-11-14 03:53:43.971oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B9MJR9Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T06:53:43Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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