Avaliação global da coagulação com tromboelastometria em pacientes com sepse grave e choque séptico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ivan Euclides Borges Saraiva
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-ACBRND
Resumo: Sepse grave e choque séptico são frequentemente complicados por coagulopatia. No entanto, exames convencionais para a avaliação da coagulação podem ser insuficientes para identificar coagulopatia. Tromboelastometria é um teste que avalia a coagulação globalmente e pode teoricamente superar as limitações dos testes convencionais. Neste estudo foram incluídos 50 pacientes com sepse grave e choque séptico que foram submetidos a tromboelastometria. A mediana da idade foi 48,5 anos (variando de 18 a 84), 29 (58%) foram do sexo masculino. Principais comorbidades foram hipertensão arterial em 22 pacientes (44%), diabetes mellitus em 10 pacientes (20%), infarto do miocárdio prévio em 7 pacientes (14%), e insuficiência cardíaca em 7 pacientes (14%). Mediana do escore APACHE II (Avaliação de Fisiologia do Adulto e Saúde Crônica, do inglês Adult Physiology and Chronic Health Evaluation) foi 17, e mediana do escore SOFA (Avaliação de Falência Orgânica Sequencial, do inglês Sequential Organ Failure Assessment) no primeiro dia foi 7. Sete pacientes morreram (14%) em 7 dias e 14 pacientes morreram (28%) em 28 dias. Dezessete pacientes (34%) tiveram confirmação microbiológica da sepse, sendo os germes mais comuns Escherichia coli em 5 pacientes (10%), Acinetobacter baumannii em 5 pacientes (10%), e Enterococcus faecalis em 4 pacientes (8%). Treze pacientes (26%) preencheram critério para coagulação intravascular disseminada (CIVD) no primeiro dia de estudo. A área sob a curva do gráfico de características operacionais do receptor (ROC) foi 0,71 para a capacidade preditiva de alargamento da variável tromboelastométrica Tempo de Formação do Coágulo (CFT, do inglês Clot Formation Time) no primeiro dia para identificação de CIVD. No primeiro dia de estudo, as variáveis tromboelastométricas Tempo de Coagulação (CT, do inglês Clotting Time), CFT, ângulo alfa e Firmeza Máxima do Coágulo (MCF, do inglês Maximum Clot Firmness) apresentaram resultados hipocoaguláveis em 88%, 70%, 66% e 30%, respectivamente. Alargamento de CT e CFT no terceiro dia e alargamento de CT no sétimo dia foram associados com comprovação microbiológica da sepse (p < 0,01 para ambas). Alargamento de CFT no primeiro dia esteve associado com mortalidade em 7 dias e em 28 dias (p<0,01, p = 0,02 respectivamente). Alargamento de CT e CFT no terceiro dia e CT no sétimo dia estiveram associados a mortalidade em 28 dias (p<0,01 para todas). A área sob a curva ROC foi 0,77 para a capacidade preditiva de alargamento de CT no terceiro dia para mortalidade em 28 dias. No entanto, quando foram comparados os pacientes com presença ou ausência de hipocoagulabilidade nas variáveis tromboelastométricas, o risco relativo de morrer não foi significativamente diferente entre os grupos. Concluindo, pacientes com sepse grave e choque séptico apresentaram perfil tromboelastométrico predominantemente hipocoagulável, e alterações nas variáveis tromboelastométricas estiveram associadas com mortalidade.
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spelling Marcus Vinicius Melo de AndradeVandack Alencar Nobre JuniorIvan Euclides Borges Saraiva2019-08-09T21:36:25Z2019-08-09T21:36:25Z2016-03-15http://hdl.handle.net/1843/BUBD-ACBRNDSepse grave e choque séptico são frequentemente complicados por coagulopatia. No entanto, exames convencionais para a avaliação da coagulação podem ser insuficientes para identificar coagulopatia. Tromboelastometria é um teste que avalia a coagulação globalmente e pode teoricamente superar as limitações dos testes convencionais. Neste estudo foram incluídos 50 pacientes com sepse grave e choque séptico que foram submetidos a tromboelastometria. A mediana da idade foi 48,5 anos (variando de 18 a 84), 29 (58%) foram do sexo masculino. Principais comorbidades foram hipertensão arterial em 22 pacientes (44%), diabetes mellitus em 10 pacientes (20%), infarto do miocárdio prévio em 7 pacientes (14%), e insuficiência cardíaca em 7 pacientes (14%). Mediana do escore APACHE II (Avaliação de Fisiologia do Adulto e Saúde Crônica, do inglês Adult Physiology and Chronic Health Evaluation) foi 17, e mediana do escore SOFA (Avaliação de Falência Orgânica Sequencial, do inglês Sequential Organ Failure Assessment) no primeiro dia foi 7. Sete pacientes morreram (14%) em 7 dias e 14 pacientes morreram (28%) em 28 dias. Dezessete pacientes (34%) tiveram confirmação microbiológica da sepse, sendo os germes mais comuns Escherichia coli em 5 pacientes (10%), Acinetobacter baumannii em 5 pacientes (10%), e Enterococcus faecalis em 4 pacientes (8%). Treze pacientes (26%) preencheram critério para coagulação intravascular disseminada (CIVD) no primeiro dia de estudo. A área sob a curva do gráfico de características operacionais do receptor (ROC) foi 0,71 para a capacidade preditiva de alargamento da variável tromboelastométrica Tempo de Formação do Coágulo (CFT, do inglês Clot Formation Time) no primeiro dia para identificação de CIVD. No primeiro dia de estudo, as variáveis tromboelastométricas Tempo de Coagulação (CT, do inglês Clotting Time), CFT, ângulo alfa e Firmeza Máxima do Coágulo (MCF, do inglês Maximum Clot Firmness) apresentaram resultados hipocoaguláveis em 88%, 70%, 66% e 30%, respectivamente. Alargamento de CT e CFT no terceiro dia e alargamento de CT no sétimo dia foram associados com comprovação microbiológica da sepse (p < 0,01 para ambas). Alargamento de CFT no primeiro dia esteve associado com mortalidade em 7 dias e em 28 dias (p<0,01, p = 0,02 respectivamente). Alargamento de CT e CFT no terceiro dia e CT no sétimo dia estiveram associados a mortalidade em 28 dias (p<0,01 para todas). A área sob a curva ROC foi 0,77 para a capacidade preditiva de alargamento de CT no terceiro dia para mortalidade em 28 dias. No entanto, quando foram comparados os pacientes com presença ou ausência de hipocoagulabilidade nas variáveis tromboelastométricas, o risco relativo de morrer não foi significativamente diferente entre os grupos. Concluindo, pacientes com sepse grave e choque séptico apresentaram perfil tromboelastométrico predominantemente hipocoagulável, e alterações nas variáveis tromboelastométricas estiveram associadas com mortalidade.Sepsis is often complicated by coagulopathy. Conventional coagulation tests may be insufficient to completely evaluate patients with sepsis. Thromboelastometry provides a global assessment of clotting and could theoretically overcome the limitations of conventional coagulation tests. In this study we included 50 patients with severe sepsis and septic shock, median age 48.5 years, 58% male sex, 44% with hypertension, 20% with diabetes mellitus, 14% with previous myocardial infarction, and 14% with heart failure. APACHE II (Adult Physiology and Chronic Health Evaluation II) median score was 17, SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) median score in the first day was 7. Overall mortality was 14% in 7 days and 28% in 28 days. Microbiological confirmation of sepsis was done in 34% of patients, with most common germs being Escherichia coli (10%), Acinetobacter baumannii (10%), and Enterococcus faecalis (8%). Disseminated intravascular coagulation (DIC) was present in the first day in 28.26% of patients. Thromboelastometric variable Clot Formation Time (CFT) in the first day was predictive of DIC with and area under the Receiver Operating Characteristics (ROC) curve of 0.71. Thromboelastometric variables Clotting Time (CT), CFT, alpha angle and Maximum Clot Firmness (MCF) showed hypocoagulability in 88%, 70%, 66%, and 30% respectively in the first study day. Increase in CT and CFT in the third day and increase in CT in the seventh day were associated with microbiological confirmation of sepsis (P < 0.01 for all). Increase in CFT in the first day was associated with both 7 day and 28 day mortality (p < 0.01 and p = 0.02 respectively). Increase in CT and CFT in the third day and increase in CT in the seventh day were associated with 28-day mortality (p < 0.01 for all). The area under the ROC curve for the predictive ability of CT in the third day for 28-day mortality was 0.77. Nevertheless, when patients were compared with respect to the presence or absence of hypocoagulability based on thromboelastometric variables, there was no significant increase in risk for death. In conclusion, patients with severe sepsis and septic shock showed a thromboelastometric profile predominantly hypocoagulable, and the changes in thromboelastometric variables were associated with mortality.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGSepseSangue Coagulação  Septicemia TromboelastografiaTranstornos da coagulação sanguíneaCiências Aplicadas à Saúde do AdultoAvaliação global da coagulação com tromboelastometria em pacientes com sepse grave e choque sépticoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdissertacao_ivan_saraiva.pdfapplication/pdf1961668https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-ACBRND/1/dissertacao_ivan_saraiva.pdf763ecbcf64c159988669bd6803abd4daMD51TEXTdissertacao_ivan_saraiva.pdf.txtdissertacao_ivan_saraiva.pdf.txtExtracted texttext/plain116310https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-ACBRND/2/dissertacao_ivan_saraiva.pdf.txt6b630223b2f2f6d2ab35cf86080796b3MD521843/BUBD-ACBRND2019-11-14 04:12:44.344oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-ACBRNDRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T07:12:44Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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