Câmbio e crescimento na abordagem Keynesiana - Estruturalista

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fabricio Jose Missio
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/AMSA-954M4M
Resumo: O objetivo desta tese consiste em analisar teórica e empírica a relevância do nível da taxa real de câmbio para o crescimento dos países em desenvolvimento a partir de uma abordagem keynesiana-estruturalista. Analiticamente, em primeiro lugar recupera-se a tradição econômica estruturalista associada (principalmente) ao pensamento cepalino. Em segundo, define-se a abordagem keynesiana-estruturalista e analisam-se os seus desdobramentos, bem como as contribuições recebidas de outras abordagens. Em seguida, o argumento central - a relação entre crescimento, câmbio real e heterogeneidade produtiva é desenvolvido a partir de um modelo formal. O ponto de partida é o modelo de Bhaduri e Marglin (1990), que estabelece a conexão entre regimes de acumulação e crescimento. A novidade, neste caso, está na proposição de uma nova função de acumulação que inclui o nível da taxa real de câmbio. O argumento principal é de que mudanças no regime de acumulação decorrentes de variações no câmbio real podem afetar as decisões planejadas dos gastos em inovação das empresas, alterando, assim, o investimento e o progresso tecnológico. Posteriormente, seguindo o trabalho de Dosi, Pavitt e Soete (1990), demonstra-se como uma desvalorização do câmbio real, ao reduzir o salário real e estabelecer incentivos à pesquisa e inovação, afeta a heterogeneidade produtiva da economia. Nesse caso, a possibilidade de modernização da capacidade produtiva permite uma maior diversificação, o que no longo prazo representa uma maior (menor) capacidade de exportar (importar). Isso implica que nos modelos de crescimento com restrição no balanço de pagamentos as elasticidades renda do comércio são endógenas ao nível da taxa real de câmbio. A solução de longo prazo exibe equilíbrios múltiplos: um equilíbrio com uma taxa real de câmbio sobrevalorizada acompanhada por uma baixa taxa de crescimento (equilíbrio baixo) e um equilíbrio com uma taxa real de câmbio subvalorizada associado a uma maior taxa de crescimento (equilíbrio alto). A análise de estabilidade mostra que o primeiro equilíbrio é instável (tipo trajetória de sela) enquanto o segundo é estável. Sendo assim, mantidos inalterados todos os parâmetros dessa economia, conclui-se em termos teóricos que a obtenção de uma maior taxa de crescimento do nível de renda só é possível à custa de um nível relativamente mais elevado da taxa real de câmbio; ou seja, com uma taxa de câmbio desvalorizada. Por fim, os testes empíricos corroboram as principais hipóteses, em especial, a de endogeneidade das referidas elasticidades em relação ao nível da taxa real de câmbio.
id UFMG_0c26a2fd87a901bd0aaea90fab41e0b4
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/AMSA-954M4M
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Frederico Gonzaga Jayme JuniorJose Luis da Costa OreiroGustavo de Britto RochaGilberto de Assis LibanioGilberto Tadeu LimaClaudio Roberto AmitranoFabricio Jose Missio2019-08-11T16:16:06Z2019-08-11T16:16:06Z2012-04-09http://hdl.handle.net/1843/AMSA-954M4MO objetivo desta tese consiste em analisar teórica e empírica a relevância do nível da taxa real de câmbio para o crescimento dos países em desenvolvimento a partir de uma abordagem keynesiana-estruturalista. Analiticamente, em primeiro lugar recupera-se a tradição econômica estruturalista associada (principalmente) ao pensamento cepalino. Em segundo, define-se a abordagem keynesiana-estruturalista e analisam-se os seus desdobramentos, bem como as contribuições recebidas de outras abordagens. Em seguida, o argumento central - a relação entre crescimento, câmbio real e heterogeneidade produtiva é desenvolvido a partir de um modelo formal. O ponto de partida é o modelo de Bhaduri e Marglin (1990), que estabelece a conexão entre regimes de acumulação e crescimento. A novidade, neste caso, está na proposição de uma nova função de acumulação que inclui o nível da taxa real de câmbio. O argumento principal é de que mudanças no regime de acumulação decorrentes de variações no câmbio real podem afetar as decisões planejadas dos gastos em inovação das empresas, alterando, assim, o investimento e o progresso tecnológico. Posteriormente, seguindo o trabalho de Dosi, Pavitt e Soete (1990), demonstra-se como uma desvalorização do câmbio real, ao reduzir o salário real e estabelecer incentivos à pesquisa e inovação, afeta a heterogeneidade produtiva da economia. Nesse caso, a possibilidade de modernização da capacidade produtiva permite uma maior diversificação, o que no longo prazo representa uma maior (menor) capacidade de exportar (importar). Isso implica que nos modelos de crescimento com restrição no balanço de pagamentos as elasticidades renda do comércio são endógenas ao nível da taxa real de câmbio. A solução de longo prazo exibe equilíbrios múltiplos: um equilíbrio com uma taxa real de câmbio sobrevalorizada acompanhada por uma baixa taxa de crescimento (equilíbrio baixo) e um equilíbrio com uma taxa real de câmbio subvalorizada associado a uma maior taxa de crescimento (equilíbrio alto). A análise de estabilidade mostra que o primeiro equilíbrio é instável (tipo trajetória de sela) enquanto o segundo é estável. Sendo assim, mantidos inalterados todos os parâmetros dessa economia, conclui-se em termos teóricos que a obtenção de uma maior taxa de crescimento do nível de renda só é possível à custa de um nível relativamente mais elevado da taxa real de câmbio; ou seja, com uma taxa de câmbio desvalorizada. Por fim, os testes empíricos corroboram as principais hipóteses, em especial, a de endogeneidade das referidas elasticidades em relação ao nível da taxa real de câmbio.The aim of this dissertation is to analyse, theoretically and empirically, from a Keynesian-Structuralist viewpoint, the relationship of the level of the real exchange rate and growth in developing countries. Firstly is analysed the traditional Structuralist approach following the contribution of the ECLAC in 1950s. Secondly, the Keynesian-Structuralist approach is compared to other contributions. Following such analytical reviews, model is built to relates growth, real exchange rate and sectoral heterogeneity. The model comes from Bhaduri e Marglin (1990), which have suggested a connection between accumulation regimes and growth. The innovation in our model is the inclusion of a new accumulation function that takes the level of the real exchange rate into consideration. The main idea is that changes in the accumulation regime provoked by real exchange rate variations can affect the firms expenditures plans on innovation, thereby affecting investment and technological progress. The dissertation progresses by demonstrating how a devaluation of the real exchange rate alter the sectoral heterogeneity of the economy by reducing real wages and establishing incentives to research and innovation. Such hypothesis closely follows the work of Dosi, Pavitt e Soete (1990). In this dissertation, the capacity utilization allows greater diversification, which in turn implies a higher (lower) capacity to export (import). Therefore, this rationale implies that trade income elasticities in balance of payments constrained growth models are endogenous to the levels of real exchange rates. The long-run solutions in these models have multiple equilibria: one equilibrium solution in which an appreciated real exchange rate is accompanied by a low rate of growth (low equilibrium); and another equilibrium solution featuring a depreciated real exchange rate associated with a higher rate of growth (high equilibrium). The stability analysis shows that the former equilibrium is unstable (a saddle point) while the latter is stable. Therefore, given that all parameters in the economy do not change, we can theoretically conclude that a higher growth rate for the levels of income can only be obtained at the expense of an increased level of the real exchange rate (a depreciated exchange rate). Lastly, empirical tests corroborate the main hypotheses, especially the one concerning the endogeneity of the elasticities in respect to the level of the real exchange rate.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGCâmbioÁreas subdesenvolvidas Condições econômicasEconomiaMacroeconomiaEconomiaCâmbio e crescimento na abordagem Keynesiana - Estruturalistainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALfabricio_jose_missio_2012.pdfapplication/pdf27884845https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AMSA-954M4M/1/fabricio_jose_missio_2012.pdf6a9d9b135b2db9ad01736e9950b1000bMD51TEXTfabricio_jose_missio_2012.pdf.txtfabricio_jose_missio_2012.pdf.txtExtracted texttext/plain292https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AMSA-954M4M/2/fabricio_jose_missio_2012.pdf.txtb08e4e22f7a197765a581209a1be8115MD521843/AMSA-954M4M2019-11-14 06:53:00.867oai:repositorio.ufmg.br:1843/AMSA-954M4MRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T09:53Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Câmbio e crescimento na abordagem Keynesiana - Estruturalista
title Câmbio e crescimento na abordagem Keynesiana - Estruturalista
spellingShingle Câmbio e crescimento na abordagem Keynesiana - Estruturalista
Fabricio Jose Missio
Economia
Câmbio
Áreas subdesenvolvidas Condições econômicas
Economia
Macroeconomia
title_short Câmbio e crescimento na abordagem Keynesiana - Estruturalista
title_full Câmbio e crescimento na abordagem Keynesiana - Estruturalista
title_fullStr Câmbio e crescimento na abordagem Keynesiana - Estruturalista
title_full_unstemmed Câmbio e crescimento na abordagem Keynesiana - Estruturalista
title_sort Câmbio e crescimento na abordagem Keynesiana - Estruturalista
author Fabricio Jose Missio
author_facet Fabricio Jose Missio
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Frederico Gonzaga Jayme Junior
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Jose Luis da Costa Oreiro
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Gustavo de Britto Rocha
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Gilberto de Assis Libanio
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Gilberto Tadeu Lima
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Claudio Roberto Amitrano
dc.contributor.author.fl_str_mv Fabricio Jose Missio
contributor_str_mv Frederico Gonzaga Jayme Junior
Jose Luis da Costa Oreiro
Gustavo de Britto Rocha
Gilberto de Assis Libanio
Gilberto Tadeu Lima
Claudio Roberto Amitrano
dc.subject.por.fl_str_mv Economia
topic Economia
Câmbio
Áreas subdesenvolvidas Condições econômicas
Economia
Macroeconomia
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Câmbio
Áreas subdesenvolvidas Condições econômicas
Economia
Macroeconomia
description O objetivo desta tese consiste em analisar teórica e empírica a relevância do nível da taxa real de câmbio para o crescimento dos países em desenvolvimento a partir de uma abordagem keynesiana-estruturalista. Analiticamente, em primeiro lugar recupera-se a tradição econômica estruturalista associada (principalmente) ao pensamento cepalino. Em segundo, define-se a abordagem keynesiana-estruturalista e analisam-se os seus desdobramentos, bem como as contribuições recebidas de outras abordagens. Em seguida, o argumento central - a relação entre crescimento, câmbio real e heterogeneidade produtiva é desenvolvido a partir de um modelo formal. O ponto de partida é o modelo de Bhaduri e Marglin (1990), que estabelece a conexão entre regimes de acumulação e crescimento. A novidade, neste caso, está na proposição de uma nova função de acumulação que inclui o nível da taxa real de câmbio. O argumento principal é de que mudanças no regime de acumulação decorrentes de variações no câmbio real podem afetar as decisões planejadas dos gastos em inovação das empresas, alterando, assim, o investimento e o progresso tecnológico. Posteriormente, seguindo o trabalho de Dosi, Pavitt e Soete (1990), demonstra-se como uma desvalorização do câmbio real, ao reduzir o salário real e estabelecer incentivos à pesquisa e inovação, afeta a heterogeneidade produtiva da economia. Nesse caso, a possibilidade de modernização da capacidade produtiva permite uma maior diversificação, o que no longo prazo representa uma maior (menor) capacidade de exportar (importar). Isso implica que nos modelos de crescimento com restrição no balanço de pagamentos as elasticidades renda do comércio são endógenas ao nível da taxa real de câmbio. A solução de longo prazo exibe equilíbrios múltiplos: um equilíbrio com uma taxa real de câmbio sobrevalorizada acompanhada por uma baixa taxa de crescimento (equilíbrio baixo) e um equilíbrio com uma taxa real de câmbio subvalorizada associado a uma maior taxa de crescimento (equilíbrio alto). A análise de estabilidade mostra que o primeiro equilíbrio é instável (tipo trajetória de sela) enquanto o segundo é estável. Sendo assim, mantidos inalterados todos os parâmetros dessa economia, conclui-se em termos teóricos que a obtenção de uma maior taxa de crescimento do nível de renda só é possível à custa de um nível relativamente mais elevado da taxa real de câmbio; ou seja, com uma taxa de câmbio desvalorizada. Por fim, os testes empíricos corroboram as principais hipóteses, em especial, a de endogeneidade das referidas elasticidades em relação ao nível da taxa real de câmbio.
publishDate 2012
dc.date.issued.fl_str_mv 2012-04-09
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-11T16:16:06Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-11T16:16:06Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/AMSA-954M4M
url http://hdl.handle.net/1843/AMSA-954M4M
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AMSA-954M4M/1/fabricio_jose_missio_2012.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AMSA-954M4M/2/fabricio_jose_missio_2012.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 6a9d9b135b2db9ad01736e9950b1000b
b08e4e22f7a197765a581209a1be8115
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589428738785280