A moral e os bons costumes: a experiência da cidade nas narrativas policiais (Belo Horizonte, 1897-1926)

• Autor(a) principal: Marina Guedes Costa e Silva
• Data de Publicação: 2009
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/FAEC-84VPRK
• topic: Educação: Conhecimento e Inclusão Social; Educação

Esta dissertacao teve como objetivo investigar as narrativas policiais sobre a cidade de Belo Horizonte buscando compreender os mecanismos de controle e disciplina sobre a populacao por volta de 1900, periodo de fundacao da capital, ate 1926 ano em que a legislacao previu mudancas significativas na organizacao da Secretaria de Policia do Estado de Minas Gerais. Para tanto, foram mobilizados os documentos da serie Ocorrencias Policiais, Fundo Policia do Arquivo Publico Mineiro e a legislacao referente a Forca Publica de Minas Gerais e da Secretaria da Policia. Com essa pesquisa foi possivel perceber que a policia foi um dos aparelhos de disciplina mobilizados pelo Estado na busca por conformar comportamentos e sensibilidades balizadas pelos valores morais predominantes no periodo. Os documentos acessados possibilitaram a investigacao de duas facetas pouco exploradas por outros trabalhos: a porcao civil da policia em Belo Horizonte e a constituicao cotidiana da policia. Dessa maneira, foi possivel compreender alguns mecanismos forjados para a vigilancia, regulacao, normatizacao e educacao da populacao como a divisao policial da cidade, o esquadrinhamento da propria policia e a moralizacao das praticas, sobretudo, daquelas ligadas aos divertimentos, a chamada triplice do prazer (jogo, embriaguez e prostituicao). Todavia, as fontes tambem propiciaram pensar na existencia de um conjunto de hipoteses que nao apontam para a policia como mera instancia de procedimentos formais, mas como uma instituicao repleta de contradicoes, de incertezas, de falhas. Mesmo que, comumente, ela fosse vista como uma instituicao \dura., de controle, lugar da violencia e da imposicao da forca, existiam fissuras em seu funcionamento por ser uma instituicao tambem constituida por homens da cidade, e que por esse motivo, partilhavam com a populacao comum a experiencia citadina repleta de possibilidades no territorio dos desejos, dos prazeres e dos divertimentos.