Em vida inocente, na morte anjinho: morte, infância e significados da morte infantil em Minas Gerais (séculos XVIII-XX)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Denise Aparecida Sousa Duarte
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B9BJ7G
Resumo: Este estudo trata das crenças e das práticas relacionadas à morte infantil nas Minas Gerais entre os séculos XVIII e XX. Analisaremos as manifestações que envolveram esse acontecimento, considerando que, ao longo do período referido, a morte da criança possuiu grande relevância nessas sociedades. Essa importância referia-se não somente ao papel que as crianças desempenhavam na conjuntura familiar, mas também devido a crença nos atributos de sua alma e a atuação dessa no Além em favor dos vivos; esse elemento serviu, em grande medida, para a amenizar a perda. Desse modo, foi necessário investigar as propostas da Igreja Católica (especialmente após o Concílio de Trento) de forma a perceber quais eram suas prescrições e qual o papel desempenhado por essa instância nesse momento, além de tentar compreender como o catolicismo naquele tempo enxergava a criança na primeira infância. Com isto posto, voltamos nosso olhar para as práticas funerárias entre os séculos XVIII e XIX a partir dos registros de óbitos elaborados pelas paróquias locais, num esforço de apreender como a população e os religiosos mineiros atuaram frente à morte das crianças, e os possíveis significados conferidos aos ritos finais dedicados aos pequenos mortos. O período extenso de nossa análise foi necessário, contudo, para que transformações da morte infantil fossem percebidas, tendo em vista que, até o fim do século XIX, grande parte dos discursos e práticas sobre a morte infantil permaneceram sob a alçada da jurisdição eclesiástica, que aparentemente tentou manter nas Minas as ideias e os procedimentos de acordo com suas prescrições. O fim do século XIX e o século XX marcaram uma retomada das expressões associadas à morte pelos leigos, e os familiares das crianças mortas acabaram por se aproveitar das inovações materiais disponíveis e passaram a se manifestar diante do traspasse de seus filhos, constituindo memórias e, por vezes, publicizando seus sentimentos frente à perda. Toda essa situação, no entanto, não resultou na exclusão dos significados religiosos relacionados à criança morta nessas manifestações, antes o contrário: as famílias que concebiam lembranças do seu pequeno falecido organizavam essas a partir de elementos do âmbito da crença religiosa tradicionais.
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Desse modo, foi necessário investigar as propostas da Igreja Católica (especialmente após o Concílio de Trento) de forma a perceber quais eram suas prescrições e qual o papel desempenhado por essa instância nesse momento, além de tentar compreender como o catolicismo naquele tempo enxergava a criança na primeira infância. Com isto posto, voltamos nosso olhar para as práticas funerárias entre os séculos XVIII e XIX a partir dos registros de óbitos elaborados pelas paróquias locais, num esforço de apreender como a população e os religiosos mineiros atuaram frente à morte das crianças, e os possíveis significados conferidos aos ritos finais dedicados aos pequenos mortos. O período extenso de nossa análise foi necessário, contudo, para que transformações da morte infantil fossem percebidas, tendo em vista que, até o fim do século XIX, grande parte dos discursos e práticas sobre a morte infantil permaneceram sob a alçada da jurisdição eclesiástica, que aparentemente tentou manter nas Minas as ideias e os procedimentos de acordo com suas prescrições. O fim do século XIX e o século XX marcaram uma retomada das expressões associadas à morte pelos leigos, e os familiares das crianças mortas acabaram por se aproveitar das inovações materiais disponíveis e passaram a se manifestar diante do traspasse de seus filhos, constituindo memórias e, por vezes, publicizando seus sentimentos frente à perda. Toda essa situação, no entanto, não resultou na exclusão dos significados religiosos relacionados à criança morta nessas manifestações, antes o contrário: as famílias que concebiam lembranças do seu pequeno falecido organizavam essas a partir de elementos do âmbito da crença religiosa tradicionais.This study concerns the beliefs and practices related to infant death in the state of Minas Gerais between the 18th and 20th centuries, by analyzing displays associated to infant deaths. This was a highly relevant phenomenon at the referred period not only because of the role children played in family circles, but also due to the beliefs held in regards to infant soul traits and their influence in the Afterlife in favor of the living, as such beliefs helped family members cope with losing the child. To this end, an examination of the Catholic Churchs proposals was carried out (especially after the Council of Trent) to understand the Churchs prescriptions and the role it had in this matter at that time, as an attempt to gain insight into how Catholicism perceived early childhood infants. The present study therefore analyzed 18th and 19th funeral practices based on the burial records kept by local parishes, in an effort to learn how the population and the Catholic devouts of Minas Gerais acted in the face of child death, and the possible meanings conferred on the final rites dedicated to such passings. A proper examination of the changes in infant death beliefs and practices required this seemingly long period of analysis, particularly because until the end of the 19th century most of the discourses and practices on infant death remained under ecclesiastical jurisdiction, whose apparent intent was to sustain its ideas and procedures in Minas Gerais. At the end of the 19th century and the beginning of the 20th century, however, lay people resumed their own death-related practices, which provided families and relatives with material innovations to express themselves before the death of their children, through memory creation and sometimes by publicizing their feelings in the face of loss. Such situation surprisingly did not result in the exclusion of religious meaning from infant death-related displays; on the contrary: families and relatives who created memories of their deceased children organized them from traditional elements of religious belief.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGMorteHistóriaInfânciaMinas Gerais HistóriaHistóriaEm vida inocente, na morte anjinho: morte, infância e significados da morte infantil em Minas Gerais (séculos XVIII-XX)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_denise_aparecida_sousa_duarte.pdfapplication/pdf15587584https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B9BJ7G/1/tese_denise_aparecida_sousa_duarte.pdf6e5fbec1e024a1b886cf8073fd9f3cfaMD51TEXTtese_denise_aparecida_sousa_duarte.pdf.txttese_denise_aparecida_sousa_duarte.pdf.txtExtracted texttext/plain900405https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-B9BJ7G/2/tese_denise_aparecida_sousa_duarte.pdf.txt1b3b7aa41a4c18f714614097594ffee8MD521843/BUOS-B9BJ7G2019-11-14 05:48:23.88oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUOS-B9BJ7GRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T08:48:23Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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