Avaliação longitudinal do crescimento ponderoestatural de uma coorte de crianças infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana em uso de terapia antirretroviral combinada

• Autor(a) principal: Rosana Vaz Rezende
• Data de Publicação: 2009
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-8M7GYY
• topic: Saúde da criança e do adolescente; HIV; Síndrome de imunodeficiência adquirida/terapia; Terapia anti-retroviral de alta atividade/efeitos adversos; Ganho de peso; Estudos longitudinais; Pesos e medidas corporais; Estudos observacionais; Criança

Introdução: O atraso no crescimento ponderoestatural é uma característica comum da infecção pelo vírus da Imunodeficiência Humana (Human immunodeficiency virus - HIV). Existem poucos dados sobre os efeitos a longo prazo da terapia antirretroviral combinada no ganho de peso e altura de crianças infectadas. Nosso objetivo foi avaliar o impacto do início da terapia combinada nos parâmetros antropométricos ao longo do tratamento de uma coorte brasileira de crianças infectadas e analisar os possíveis fatores associados a este efeito. Pacientes e Métodos: Estudo observacional e longitudinal em um Centro de Referência de Belo Horizonte, Brasil. Foram analisados os dados antropométricos, clínicos e laboratoriais de crianças infectadas entre um mês de vida e 12 anos de idade. Medidas de peso e altura, carga viral, contagem de linfócitos CD4, tipo de esquema antirretroviral (com ou sem inibidor de protease) e classificação clínico-imunológica basal foram anotados dos prontuários. Foram incluídos os pacientes previamente não tratados que iniciaram a terapia no período entre 2000e 2006, com seguimento por 96 semanas. Para análise ponderoestatural das crianças utilizouse o escore z e as curvas-padrão do NCHS para altura/idade e peso/idade, nos períodos das semanas basal, 24, 48, 72 e 96. O grupo de resposta viral foi definido como crianças com carga viral indetectável ou queda de 1 log no valor, na semana 24 de tratamento. O grupo de resposta imunológica foi definido como elevação de cinco pontos percentuais na contagem de linfócitos CD4 para pacientes na categoria imunológica 3 ou elevação ou manutenção na mesma contagem para os de categoria 1 ou 2 também na semana 24 de tratamento. O teste t de Student foi utilizado para comparação das médias para amostras pareadas entre dois grupose o ANOVA para três ou mais grupos em amostras independentes. Em seguida avaliaram-se as covariáveis associadas ao desfecho escore z peso-idade e altura-idade -2 vs >-2, por meio de análise bivariada (qui-quadrado e odds ratio) e multivariada (regressão logística binária). A formatação do banco de dados foi feita nos programas SPSS for Windows versão 12.0 e EpInfo versão 6.04. Resultados: Foram incluídos 144 pacientes, 52% do gênero feminino, com mediana de carga viral basal de 5,2 log (IQR 25%-75%: 4,65,9 log) e mediana de contagem de linfócitos CD4 basal de 619 células/mm³ (IQR 25-75%: 326-1127 cels/mm3); 38,9% pertenciam à categoria clínica C e 44% à categoria imunológica 2 ao início do tratamento. A terapia combinada com inibidor de protease foi usada por 64% dos pacientes. Na análise bivariada, o uso da terapia combinada associou-se a um aumento significativo no escore z de peso e altura após 96 semanas de tratamento (p<0,05): houve um aumento significativo no escore peso-idade de - 2,0 a -0,6 e no escore de altura-idade de -1,7 a -0,8; a resposta viral mostrou associação com aumento no escore z de peso-idade e altura-idade na semana 48 (p=0,02; p=0,001, respectivamente); crianças mais jovens mostraram melhor escore de peso-idade após 2 anos de terapia; não houve evidência de melhora no peso e na altura em relação à resposta imune. Na análise multivariada, o uso de terapia antirretroviral combinada com inibidor de protease mostrou uma tendência para escore z altura-idade > -2 após dois anos de tratamento (p=0,06; OR 3,9; IC 95% 0,9-16,5). Conclusões: O uso da terapia antirretroviral combinada está associado a um efeito positivo no crescimento ponderoestatural de crianças infectadas pelo HIV. Esse efeito foi sustentado por 96 semanas de tratamento e parece estar associado à resposta virológica no primeiro ano de terapia, mas não mostrou associação com resposta imunológica