"A gente tem que falar sobre racismo agora?”: sobre psicologia, racismo e antirracismo.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernando Lana Ferreira
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/53027
https://orcid.org/0000-0002-4464-5535
Resumo: Esta dissertação tem como objetivo investigar a atuação de psicólogas em uma demanda muito importante: o combate à discriminação racial no Brasil. Entendemos que para participar desta empreitada as profissionais deveriam sair da graduação preparadas para encarar este desafio, mas pesquisas demonstram que esta não é a realidade. Muitas psicólogas sem formação sobre o tema realizam atendimentos de baixa qualidade, menosprezam o sofrimento causado pelo racismo e em alguns casos, sabotam o enfrentamento à discriminação racial propositalmente (Santana, 2017; Benedito, 2018). Estas lamentáveis situações ferem uma importante Resolução do Conselho Federal de Psicologia, que afirma que as profissionais devem contribuir com seu conhecimento para eliminação do racismo. Para analisar o envolvimento das psicólogas com este compromisso, realizei entrevistas semiestruturadas com quinze profissionais – onze negras, duas brancas e duas indígenas – selecionadas por reconhecerem que o racismo interfere em nossas práticas laborais ou na vida dos brasileiros que atendemos. Portanto, elas precisam lidar com os efeitos da discriminação racial em suas atividades profissionais ou pesquisas. As narrativas destas interlocutoras confirmam que o racismo não foi um tema abordado na formação de maneira que pudesse respaldar uma prática profissional capaz de combater as consequências da discriminação racial. Os relatos demonstraram também que muitas profissionais foram estimuladas a aprimorar seus conhecimentos sobre o racismo após compreenderem os efeitos do preconceito em suas próprias vidas ou na reconstrução de suas identidades raciais. As entrevistas foram analisadas utilizando a Consciência Linguística Crítica (Fairclough, 2016) e os resultados geraram três categorias: 1. a experiência pessoal com o racismo, 2. Psicologia e formação das profissionais e 3. conexões para uma sociedade antirracista. Em suma, a pesquisa demonstra uma expressiva participação de psicólogas negras no combate ao racismo. As profissionais demonstraram preocupação com os diferentes mecanismos de discriminação racial, afirmando que o racismo possui uma dimensão estrutural que precisa ser enfrentada. Elas mencionaram que os professores da graduação consideravam o racismo uma questão irrelevante, pensamento típico de grande parte da população brasileira. No entanto, as psicólogas afirmaram exatamente o contrário: defenderam enfaticamente que o preconceito e a discriminação devem ser combatidos e que uma formação profissional que incorpore as discussões sobre o tema pode contribuir sobremaneira para uma sociedade antirracista.
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Estas lamentáveis situações ferem uma importante Resolução do Conselho Federal de Psicologia, que afirma que as profissionais devem contribuir com seu conhecimento para eliminação do racismo. Para analisar o envolvimento das psicólogas com este compromisso, realizei entrevistas semiestruturadas com quinze profissionais – onze negras, duas brancas e duas indígenas – selecionadas por reconhecerem que o racismo interfere em nossas práticas laborais ou na vida dos brasileiros que atendemos. Portanto, elas precisam lidar com os efeitos da discriminação racial em suas atividades profissionais ou pesquisas. As narrativas destas interlocutoras confirmam que o racismo não foi um tema abordado na formação de maneira que pudesse respaldar uma prática profissional capaz de combater as consequências da discriminação racial. Os relatos demonstraram também que muitas profissionais foram estimuladas a aprimorar seus conhecimentos sobre o racismo após compreenderem os efeitos do preconceito em suas próprias vidas ou na reconstrução de suas identidades raciais. As entrevistas foram analisadas utilizando a Consciência Linguística Crítica (Fairclough, 2016) e os resultados geraram três categorias: 1. a experiência pessoal com o racismo, 2. Psicologia e formação das profissionais e 3. conexões para uma sociedade antirracista. Em suma, a pesquisa demonstra uma expressiva participação de psicólogas negras no combate ao racismo. As profissionais demonstraram preocupação com os diferentes mecanismos de discriminação racial, afirmando que o racismo possui uma dimensão estrutural que precisa ser enfrentada. Elas mencionaram que os professores da graduação consideravam o racismo uma questão irrelevante, pensamento típico de grande parte da população brasileira. No entanto, as psicólogas afirmaram exatamente o contrário: defenderam enfaticamente que o preconceito e a discriminação devem ser combatidos e que uma formação profissional que incorpore as discussões sobre o tema pode contribuir sobremaneira para uma sociedade antirracista.This dissertation aims to investigate the role of psychologists in a very important demand: the fight against racial discrimination in Brazil. We understand that to participate in this endeavor, professionals should leave the graduation prepared to face this challenge, but research shows that this is not the reality. Many psychologists with no training on the topic perform low-quality care, disregard the suffering caused by racism and in some cases sabotage the face of racial discrimination on purpose (Santana, 2017; Benedito, 2018). These deplorable situations hurt an important resolution of the Federal Council of Psychology (Resolução do Conselho Federal de Psicologia), which states that professionals should contribute with their knowledge to eliminate racism. To analyze the involvement of the psychologists with this commitment, I conducted semi-structured interviews with fifteen professionals – eleven black, two white and two Indigenous – selected for recognizing that racism interferes in our labor practices or in the lives of the Brazilians we serve. Therefore, they need to deal with the effects of racial discrimination on their professional activities or research. The narratives of these interlocutors confirm that racism was not an issue addressed at graduation in such a way as to support a professional practice capable of combating the consequences of racial discrimination. The reports also showed that many professionals were encouraged to improve their knowledge of racism after understanding the effects of prejudice on their own lives or in rebuilding their racial identities. The interviews were analyzed using Critical Linguistic Awareness (Fairclough, 2016) and the results generated three categories: 1. the personal experience with racism, 2. Psychology and training of professionals and 3. connections to an anti-racist society. In short, the research shows an expressive participation of black psychologists in the fight against racism. Professionals have expressed concern about the different mechanisms of racial discrimination, stating that racism has a structural dimension that needs to be addressed. They mentioned that undergraduate teachers considered racism an irrelevant issue, a thought typical of much of the Brazilian population. However, the psychologists have said exactly the opposite: they emphatically argued that prejudice and discrimination must be combated and that vocational training that incorporates discussions on the subject can contribute greatly to an anti-racist society.FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas GeraisporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em PsicologiaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIAPsicologia - TesesÉtica - TesesRacismo - TesesAntirracismo - TesesPsicologiaÉticaRacismoAntirracismo"A gente tem que falar sobre racismo agora?”: sobre psicologia, racismo e antirracismo.“Do we have to talk about racism now?”: about psychology, racism and anti-racism.info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALA gente tem que falar sobre racismo agora_REPOSITORIO_23_05_03.pdfA gente tem que falar sobre racismo agora_REPOSITORIO_23_05_03.pdfapplication/pdf2164511https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/53027/1/A%20gente%20tem%20que%20falar%20sobre%20racismo%20agora_REPOSITORIO_23_05_03.pdf7d4772fa1b7b046121f3dedad24f8c4dMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/53027/2/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD521843/530272023-05-10 13:47:31.665oai:repositorio.ufmg.br:1843/53027TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-05-10T16:47:31Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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