Escorpiões do complexo Tityus stigmurus (Buthidae): delimitação de espécies e relação com bactérias do gênero Wolbachia

• Autor(a) principal: Gracielle de Fátima Braga Pereira
• Data de Publicação: 2015
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/45871
• topic: Partenogênese; Bactéria intracelular; Espécies crípticas; PCR; Sistemática molecular; Importância médica; Zoologia; Escorpiões; Filogenia; DNA Mitocondrial; Partenogênese; Wolbachia; Reação em cadeia da polimerase

O complexo Tityus stigmurus recebe grande atenção na literatura por apresentar escorpiões de importância médica. O grupo é composto atualmente por seis espécies restritas ao Brasil: Tityus aba, T. kuryi, T. martinpaechi, T. melici, T. serrulatus e T. stigmurus. Entretanto, os limites entre as espécies do grupo são controversos. Dados de morfologia, principalmente de coloração e granulação do tegumento, tem se mostrado insuficientes para delimitar as espécies do grupo. O uso de dados moleculares pode contribuir para resolver os problemas de classificação do complexo. O DNA mitocondrial, por evoluir rapidamente, é uma fonte de dados adequada para estudar espécies crípticas ou de divergência recente. Por outro lado, a frequência gênica e distribuição de haplótipos desses marcadores podem sofrer influência de microrganismos intracelulares e em desequilíbrio de ligação. Recentemente, a bactéria intracelular Wolbachia foi encontrada em uma população do escorpião amarelo (T. serrulatus), sugerindo que a mesma seria responsável pela partenogênese nesta espécie. Além disso, essa bactéria é conhecida por causar varredura seletiva de alguns mitótipos em populações parasitadas. Neste trabalho, utilizei testes de amplificação dos genes bacterianos WSP e ftsZ para confirmar a presença de Wolbachia em tecidos de diferentes populações de T. serrulatus partenogenéticos. Além disso, testei populações sexuadas, bem como as demais espécies do complexo T. stigmurus. Todos os resultados foram negativos para Wolbachia, indicando que a partenogênese em T. serrulatus não pode ser atribuída à presença desta bactéria. Além disso, esses resultados mostram que genes mitocondriais podem ser usados com segurança nas análises filogenéticas do complexo, uma vez que suas histórias evolutivas não seriam afetadas por essa bactéria. Assim, utilizei os marcadores mitocondriais COI e 16S e o marcador nuclear ITS2 para testar hipóteses de delimitação de espécies dentro do complexo, a partir de topologias geradas por Máxima Verossimilhança e Inferência Bayesiana. Todas as análises indicam que o complexo T. stigmurus é monofilético. Porém, as topologias recuperam apenas T. melici e T. kuryi como monofiléticas. Análises de coalescência profunda indicaram a existência de três linhagens evolutivas, sendo duas linhagens referentes às espécies monofiléticas e a terceira linhagem composta pelas demais espécies do complexo. Com base nesses resultados, eu discuto nessa dissertação as relações filogenéticas do complexo T. stigmurus, comparando-as com dados morfológicos descritos na literatura e observados durante esse trabalho.