Callithrix penicillata como um modelo primata para o estudo da infecção por isolado humano de Strongyloides stercoralis

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vitor Luis Tenorio Mati
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9DKJ8P
Resumo: Avanços na estrongiloidose experimental têm sido limitados, pelo menos em parte, devido à ausência de um modelo animal viável, de pequeno porte e fácil manuseio para o estudo e manutenção em laboratório do Strongyloides stercoralis. Buscando obter um modelo suscetível ao parasito humano, Callithrix penicillata (n = 15) foram infectados por via subcutânea com 100 (n = 4), 300 (n = 2) ou 500 (n = 9) larvas infectantes de terceiro estádio (L3i) de S. stercoralis. Quando já estabelecida a infecção, 3 saguis (2 infectados com 100 e 1 com 300 L3i) foram tratados com dexametasona (DEX) (2,5 mg/Kg/dia) por 5 dias consecutivos. Análises qualitativas e quantitativas de larvas de S. stercoralis excretadas nas fezes dos primatas foram realizadas. Animais mortos foram necropsiados, sendo as formas parasitárias recuperadas. Fragmentos de tecidos foram recolhidos e processados para a histopatologia. Espécimes de C. penicillata mostraram-se suscetíveis, não sendo usualmente observadas diferenças no curso da infecção entre os saguis que receberam diferentes números de L3i. Os períodos pré-patente e patente foram, respectivamente, de 16,1 ± 3,0 e 161,1 ± 72,2 dias pós-infecção (DPI). Entre o 15o e 35o DPI foram verificados os maiores valores de larvas/g de fezes. Em geral, a infecção foi bem tolerada pelos primatas, mas aqueles indivíduos que receberam DEX apresentaram progressiva deterioração clínica e morreram em decorrência de infecção disseminada. Nestes casos, uma quantidade de fêmeas adultas superior ao número de L3i inoculadas foi recuperado e grande quantidade de larvas em migração pelos tecidos do hospedeiro foi observada. Os achados anatomopatológicos nas formas não complicada e complicada da estrongiloidose experimental foram variáveis e compatíveis com observações prévias referentes à estrongiloidose humana, tendo ocorrido casos brandos de enterite catarral e quadros graves, principalmente na infecção disseminada, com enterite ulcerativa, colite edematosa e lesões pulmonares diversas, incluindo hemorragia, broncopneumonite, tromboembolismo e infarto. Os dados obtidos indicam que a infecção experimental de C. penicillata por S. stercoralis é representativa da infecção humana, inclusive da doença grave, sendo a manutenção do ciclo do parasito em laboratório possível neste hospedeiro. Adicionalmente, aspectos da biologia do nematódeo e da patogênese, os quais são ainda objetos de controvérsias na literatura, foram discutidos com base em novas informações obtidas no modelo primata proposto.
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spelling Alan Lane de MeloAlcides PissinattiMarlene Tiduko UetaAnilton Cesar VasconcelosStefan Michael GeigerVitor Luis Tenorio Mati2019-08-11T03:40:09Z2019-08-11T03:40:09Z2013-10-30http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9DKJ8PAvanços na estrongiloidose experimental têm sido limitados, pelo menos em parte, devido à ausência de um modelo animal viável, de pequeno porte e fácil manuseio para o estudo e manutenção em laboratório do Strongyloides stercoralis. Buscando obter um modelo suscetível ao parasito humano, Callithrix penicillata (n = 15) foram infectados por via subcutânea com 100 (n = 4), 300 (n = 2) ou 500 (n = 9) larvas infectantes de terceiro estádio (L3i) de S. stercoralis. Quando já estabelecida a infecção, 3 saguis (2 infectados com 100 e 1 com 300 L3i) foram tratados com dexametasona (DEX) (2,5 mg/Kg/dia) por 5 dias consecutivos. Análises qualitativas e quantitativas de larvas de S. stercoralis excretadas nas fezes dos primatas foram realizadas. Animais mortos foram necropsiados, sendo as formas parasitárias recuperadas. Fragmentos de tecidos foram recolhidos e processados para a histopatologia. Espécimes de C. penicillata mostraram-se suscetíveis, não sendo usualmente observadas diferenças no curso da infecção entre os saguis que receberam diferentes números de L3i. Os períodos pré-patente e patente foram, respectivamente, de 16,1 ± 3,0 e 161,1 ± 72,2 dias pós-infecção (DPI). Entre o 15o e 35o DPI foram verificados os maiores valores de larvas/g de fezes. Em geral, a infecção foi bem tolerada pelos primatas, mas aqueles indivíduos que receberam DEX apresentaram progressiva deterioração clínica e morreram em decorrência de infecção disseminada. Nestes casos, uma quantidade de fêmeas adultas superior ao número de L3i inoculadas foi recuperado e grande quantidade de larvas em migração pelos tecidos do hospedeiro foi observada. Os achados anatomopatológicos nas formas não complicada e complicada da estrongiloidose experimental foram variáveis e compatíveis com observações prévias referentes à estrongiloidose humana, tendo ocorrido casos brandos de enterite catarral e quadros graves, principalmente na infecção disseminada, com enterite ulcerativa, colite edematosa e lesões pulmonares diversas, incluindo hemorragia, broncopneumonite, tromboembolismo e infarto. Os dados obtidos indicam que a infecção experimental de C. penicillata por S. stercoralis é representativa da infecção humana, inclusive da doença grave, sendo a manutenção do ciclo do parasito em laboratório possível neste hospedeiro. Adicionalmente, aspectos da biologia do nematódeo e da patogênese, os quais são ainda objetos de controvérsias na literatura, foram discutidos com base em novas informações obtidas no modelo primata proposto.Advances in experimental strongyloidiasis have been limited, at least in part, due to the lack of an easy to handle, small and viable animal model for the study and maintenance in the laboratory of Strongyloides stercoralis. In order to obtain a susceptible model to the human parasite, Callithrix penicillata (n = 15) were infected by subcutaneous route with 100 (n = 4), 300 (n = 2) or 500 (n = 9) infective third-stage larvae (L3i) of S. stercoralis. When the infection was already established, 3 marmosets (2 infected with 100 and one with 300 L3i) were treated with dexamethasone (DEX) (2.5 mg/Kg/day) for 5 consecutive days. Quantitative and qualitative analysis of S. stercoralis larvae excreted in feces of primates were performed. Dead primates were necropsied and parasitic forms recovered. Tissue fragments were collected and processed for histopathology. Specimens of C. penicillata were susceptible, and no difference was usually observed in the course of infection between marmosets that had received different numbers of L3i. The prepatent and patent periods were, respectively, 16.1 ± 3.0 and 161.1 ± 72.2 days post-infection (DPI). Between the 15th and 35th DPI the highest values of larvae/g of feces were found. In general, the infection was well tolerated by primates, but those individuals who received DEX showed progressive clinical deterioration and died of disseminated infection. In these cases, an amount of adult females higher than the number of L3i inoculated was recovered, and a large amount of larvae migrating through the host tissues was observed. Anatomopathological findings in complicated and uncomplicated forms of experimental strongyloidiasis were variables and consistents with previous observations regarding the human strongyloidiasis, having occurred mild cases of catarrhal enteritis and severe conditions, especially in disseminated infection, with ulcerative enteritis, edematous colitis and diverse lung injuries, including hemorrhage, bronchopneumonitis, thromboembolism and infarction. The data obtained indicate that the experimental infection of C. penicillata with S. stercoralis is representative of human infection, including severe disease, and the maintenance of the cycle of the parasite in the laboratory is possible in this host. Additionally, aspects of the biology of the nematode and pathogenesis, which are still objects of controversies in the literature, were discussed based on new information obtained in the proposed primate model.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGParasitologiaInfecção experimentalPrimatas como animais de laboratórioStrongyloidesHiperinfecçãoGlicocorticóideInfecção disseminadaSaguiInfecção experimentalModelo primata neotropicalGlicocorticoideStrongyloides stercoralisIsolado humanoHiperinfecçãoInfecção disseminadaCallithrix penicillata como um modelo primata para o estudo da infecção por isolado humano de Strongyloides stercoralisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese___vitor_l_t_mati.pdfapplication/pdf8617168https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9DKJ8P/1/tese___vitor_l_t_mati.pdfd713a3f9e71003ba228f311a3379ddc4MD51TEXTtese___vitor_l_t_mati.pdf.txttese___vitor_l_t_mati.pdf.txtExtracted texttext/plain398960https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9DKJ8P/2/tese___vitor_l_t_mati.pdf.txt1800d02f9386230e0808c60872b1fe4dMD521843/BUBD-9DKJ8P2019-11-14 03:19:10.859oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9DKJ8PRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T06:19:10Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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