A casa corrente luso-brasileira em Minas Gerais: releitura sobre a casa urbana das regiões de Vila Rica e do Rio das Mortes (séculos XVIII e XIX)

• Autor(a) principal: Régis Eduardo Martins
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/44828
• topic: Casa corrente; Casa urbana; Arquitetura civil; História cultural; História da arquitetura; Arquitetura - História; Arquitetura - Século XVIII; Arquitetura - Século XIX; Habitações; Arquitetura portuguesa; Minas Gerais

Este trabalho propõe uma investigação da casa corrente luso-brasileira, dos séculos XVIII e XIX, em Minas Gerais, mais especificamente nas regiões da antiga Vila Rica e do Rio das Mortes. Forma de classificação ainda pouco explorada no Brasil, a casa corrente pode ser considerada um dos tipos das casas urbanas, que abarcou, no nosso caso, a produção de uma arquitetura de programa, replicada a partir de soluções inauguradas nas reformas urbanísticas realizadas por D. Manuel I, na Ribeira das Naus em Lisboa. De um modo geral, na historiografia brasileira, este tema foi discutido associado à dimensão da preservação do patrimônio cultural, sem que se fosse, por exemplo, tratado a partir de uma confrontação do objeto de pesquisa com a arquitetura de mesma natureza em Portugal. Objetivamos, deste modo, propor uma releitura sobre a casa dos períodos colonial e imperial, na intenção de reposicionar a análise desta à luz das pesquisas geradas em território português, destinadas ao tratamento da casa corrente das idades Média e Moderna. Para tanto, partimos de um processo de interpretação da literatura vinculada à temática no Brasil a partir do conceito de representação, desenvolvido na História Cultural. Na intenção de compreender a reprodução da casa corrente local, utilizamos da lógica estabelecida pela noção de paradigma indiciário, a fim de permitir traçar um paralelo da manifestação do objeto em diferentes contextos no Império Português, para, assim, posicionar as tipologias identificadas em Minas Gerais em uma escala de eventos interligadas e não de maneira independente, como muitos estudos anteriores objetivaram. Com isso, identificamos um cenário de reprodução do objeto, na Era Moderna, estabelecido em função dos anseios imperialistas lançados no reinado manuelino, no qual a arquitetura teve um papel estratégico de dominação e controle dos súditos. A dimensão simbólica, emanada por esse dispositivo de imposição da ordem, deu origem a uma composição de fachadas padronizadas, baseadas em princípios arquitetônicos como: repetição, ritmo, simetria, ordem, harmonia etc. Fato não natural na reprodução da arquitetura vernácula desenvolvida em Portugal, a difusão da dimensão estética introduzida nas intervenções manuelinas, do início do séc. XVI, exigiu intensos esforços de regulação urbana e de implementação da uniformidade arquitetônica pelas Casas de Câmara e Cadeia nas povoações de origem portuguesa, em todo o mundo. Deste modo, a casa corrente luso-brasileira difundida em Minas Gerais, no recorte temporal escolhido, correspondeu a um esforço contínuo realizado por Coroa portuguesa, destinado ao embelezamento das vilas e cidades e sustentado pela imposição de uma arquitetura de programa, que reverberou até os últimos anos dos oitocentos, já incorporando às fachadas alguns elementos provenientes do ecletismo arquitetônico vigente à época.