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Miguel MahfoudAdriano Roberto Afonso do NascimentoMary Rute Gomes EsperandioElizabeth Avelino Rabelo2019-08-12T05:01:37Z2019-08-12T05:01:37Z2014-03-28http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9ZGFM2Considerando o caráter de negação e distanciamento do fenômeno da morte característicos da sociedade ocidental contemporânea objetivamos, em nossa pesquisa, investigar como os coveiros lidam com a morte no mundo da vida cotidiana, no contexto sociocultural do Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Para nos ajudar a entender as especificidades do campo de ação dos coveiros, tomamos como base teórica para eixos de análise a elaboração dos seguintes temas: a experiência da morte do outro (Landsberg); a dinâmica do rito (Cazeneuve, Terrin e van Gennep); os modos de lidar com a morte em sociedades tradicionais e modernas (Ariès e Elias); e o contexto sócio-histórico do cemitério (Almeida). Adotamos a fenomenologia clássica (Husserl e van der Leeuw) como referencial teórico-metodológico por nos abrir uma possibilidade de apreensão da complexidade da relação entre sujeito e mundo-da-vida, subjetividade e cultura. Recorremos à observação participante de cunho etnográfico como recurso de aproximação e compreensão das especificidades do fenômeno em investigação. Realizamos entrevistas semiestruturadas com seis coveiros, colhendo suas vivências a partir de seu trabalho no cemitério. Na análise das experiências desses profissionais, destacamos três categorias: a dor diante da morte como reconhecimento da alteridade; a vivência afetiva diante do numinoso como uma tensão entre a familiaridade e a estranheza relacionadas ao fenômeno da morte; e a experiência da morte como experiência da vida. As experiências dos coveiros no mundo da vida cotidiana do cemitério evidenciam relações com o fenômeno da morte que envolvem aspectos diversos, como as dimensões técnicas e socioeconômicas do trabalho no cemitério, o drama existencial da condição humana e as esferas míticas e misteriosas, reveladas por um fenômeno imprevisível e incontrolável. Ao partilharem o momento de despedida entre os familiares e seu ente, os coveiros participam com suas ações e emoções do rito do sepultamento, afirmando como valor humano sentir com o outro a sua dor e oferecer cuidado e sustentação a uma ocasião de desconserto. Mas tal ocasião não se encerra apenas à vivência do drama da morte, mas é também campo aberto a outras vivências, como as relacionadas ao exótico e ao engraçado. Diante da realidade fascinante e misteriosa da morte, que confere características diferenciadas ao cemitério, os coveiros transitam entre a familiaridade e a estranheza, elaborando, de modo próprio, a aproximação e o distanciamento da fronteira na qual o familiar e o diferente se tangenciam. Concluímos que, no campo vivencial aberto pelo fenômeno da morte, converge uma diversidade de emoções e experiências nas quais o dramático, o misterioso e o trágico se evidenciam entrelaçados. Os coveiros, a partir de seu trabalho no cemitério, sentem com o outro a dor da morte, oferecem sustentação e firmeza, descansam da tensão, refletem sobre a condição humana e elaboraram suas experiências diante da morte as quais se estruturam, sobretudo, como experiências de vida, vivenciadas e partilhadas no mundo da vida cotidiana.Considering that the contemporary Western society deals with death through negation, the research investigate how the undertakers cope with the phenomenon in the sociocultural context of "Cemitério do Bonfim", Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. To understand the specificities of the undertakers working field, we based on the following themes: the experience of someone else death (Landsberg); the ritual dynamics (Cazeneuve, Terrin and van Gennep); the ways of dealing with death in traditional and modern societies (Ariès and Elias); and the social-historical context of the cemetery (Almeida). We adopt the classical phenomenology (Husserl and van der Leeuw) as a theoretical and methodological framework for making us aware of the complex relationship between subject and world-of-life, subjectivity and culture. We utilised the ethnographic observation to better understand the investigated phenomenon. We interviewed six undertakers, collecting their professional experiences which were later divided into three main categories: pain when facing death in recognition of alterity; affective experience when facing the numinous as a tension between familiarity and strangeness; and the death experience as life experience. The undertakers experiences in the cemetery routine reveal relationships with the death phenomenon that involve various aspects such as technical and socioeconomic dimensions of the work; the existential drama of the human condition; and the mythical and mysterious spheres revealed by an unpredictable and uncontrollable phenomenon. During the burial, the undertakers participate with their actions and emotions, showing their human values when they observe people suffering and offer care and support. However, such an occasion is not only restricted to experience the drama of death; but also an open field to other experiences, such as the ones related to the exotic and funny aspects. As death reality is fascinating and mysterious, it gives different characteristics to the cemetery. These way, the undertakes move between familiarity and strangeness elaborating the approach and the distance of the boundary where lies the familiar and the different. We conclude that the death phenomenon shows a variety of emotions and experiences in which the dramatic, the mysterious and the tragic are intertwined. Working as undertakers, they can feel the pain of death; offer support; rest from tension; wonder about the human condition; and elaborate the experiences of death from their everyday life experiences.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGMorteCoveirosCulturaPsicologiaCemitériosMorteCoveiroCemitérioFenomenologiaPsicologia e culturaMorte e mundo-da-vida: análise fenomenológica de experiências de coveiros no cemitério do bonfiminfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_elizabeth_rabelo.pdfapplication/pdf4037382https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9ZGFM2/1/disserta__o_elizabeth_rabelo.pdf2e81bcbe4f1fd7afdea74ff21b3656a1MD51TEXTdisserta__o_elizabeth_rabelo.pdf.txtdisserta__o_elizabeth_rabelo.pdf.txtExtracted texttext/plain341440https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9ZGFM2/2/disserta__o_elizabeth_rabelo.pdf.txt3fbc9dcf14909fed18c1b846fd2e081aMD521843/BUBD-9ZGFM22019-11-14 09:04:06.934oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-9ZGFM2Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T12:04:06Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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