O parque das Missões/RS (1930/2010): patrimônio e esquecimento no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Thais Almeida Rodrigues
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/MMMD-9UFHFU
Resumo: Este trabalho teve por objetivo geral revisar a literatura e descobrir como se insere o patrimônio imaterial do Parque das Missões no que se refere aos Guarani, ou seja, como tem sido resgatada e apresentada aos visitantes a memória dos primeiros habitantes do Rio Grande do Sul. A metodologia ocorreu por análise da literatura e do discurso de obras bibliográficas e interpretação de normativas legais. Para atingir o objetivo, foi necessário identificar os motivos de a memória do indígena no Museu/Parque das Missões estar silenciada. Foram percebidos três motivos: (1) pelo comportamento dos jesuítas, que se julgaram no direito de construir uma civilização baseada na religião e desenvolveram um massacre por meio da organização e imposição da cultura europeia; (2) pelo fato de que em todo o processo historiográfico, ao longo dos tempos, o ambiente construído das Missões foi creditado única e exclusivamente aos jesuítas, como se os Guarani fossem apenas pernas e braços, mão-de-obra sem cabeça e sem alma; e (3) devido ao silêncio de Lucio Costa na avaliação de São Miguel das Missões como patrimônio cultural imaterial, uma vez que detinha o poder em suas mãos, mas não fez uso disso para resgatar a questão indígena, apenas enalteceu os jesuítas, comparando-os aos grandes arquitetos da Antiguidade. Concluímos que os Guarani estão silenciados no Parque Histórico Nacional das Missões e isso não apenas na visão acadêmica, mas também pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico Nacional e pelo Ministério da Cultura. Contudo, o dever de memória é o dever de fazer justiça pela lembrança de um Outro, vencido e silenciado continuadamente desde o século XVI.
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