Curso de vida de jovens homicidas

• Autor(a) principal: Gabriela Gomes Cardoso
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/57059
• topic: Homicídio; Criminalidade; Narrativa; Trajetória infracional; Curso de vida; Sociologia - Teses; Homicidio - Teses; Juventude - Teses

Esta tese apresenta um estudo sobre o curso de vida e as trajetórias infracionais de adolescentes e jovens que praticaram atos infracionais análogos ao crime de homicídio, foram julgados pelo Sistema de Justiça Juvenil e cumpriram medida socioeducativa. A partir da abordagem do curso de vida e de narrativas, buscou-se compreender os fatores que levaram estes sujeitos à prática de homicídios, analisando suas relações familiares e investigando o processo de construção de trajetórias infracionais. Nesse contexto, procurou-se reconstruir o curso de vida dos narradores abordando questões referentes ao processo de socialização, controle social, interação com os pares, construção da identidade criminosa, motivação dos homicídios praticados, entre outros. Para isso foram analisadas narrativas de 06 adolescentes e jovens, de sexo masculino, que se encontravam em cumprimento de medida socioeducativa de internação em Belo Horizonte, entre os anos de 2018 e 2019. Apesar das diferenças entre as vivências relatadas, assim como as interpretações que esses sujeitos fazem dos eventos vividos, foi possível identificar semelhanças tanto nos cursos de vida dos mesmos quanto nos fatores envolvidos na prática dos homicídios. Entre as regularidades dos cursos de vida, foi observado que a família também pode ser uma instituição onde reverberam as moralidades do “mundo do crime”. Além disso, percebeu-se uma relação entre falta de supervisão e adesão por trajetórias infracionais. Em todos os casos, observou-se a ausência do genitor durante parte significativa da vida dos sujeitos. Também foi observado que quase todos os sujeitos iniciaram o uso de drogas ilícitas ainda muito jovens e que as relações com os pares, para aqueles que desempenharam atividades de tráfico de drogas, são análogas as relações de trabalho. Os pontos de virada de entrada das trajetórias infracionais da maioria dos jovens que a desempenharam, são em alguma medida associados ao falecimento de um ente querido. Por fim, as principais motivações para a prática dos homicídios, entre os jovens que participaram da pesquisa, perpassam por fatores morais, defesa da honra e de um ideal de masculinidade.