O oficial-alternativo: interfaces entre o discurso das protagonistas das mudanças e o discurso da escola plural

• Autor(a) principal: Glaucia Conceicao Carneiro
• Data de Publicação: 2002
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/HJPB-5MAJ93
• topic: Educação; Escola Plural; Escola plural; Mudança educacional Brasil; Educação

Esta Investigação analisou as interfaces entre as condições de produção do discurso de mudança da Escola Plural e o discurso de algumas das professoras consideradas produtoras das experiências significativas, ocorridas no início dos anos noventa, no município de Belo Horizonte, conforme é explicitado no documento oficial da proposta. Buscamos, então, evidenciar a(s) lógica(s) do processo que envolveu a seleção e a institucionalização de determinadas formações discursivas do campo educacional em detrimento de outras. Nosso trabalho integra, portanto, três partes, relativamente autônomas, apesar de inter-relacionarem-se. Na primeira parte deste trabalho tentamos construir um quadro de referências que recuperasse, entre outros aspectos, as bases da epistemologia social dos atuais discursos de mudança educacional e que, também, nos permitisse interrogar certas justificativas de algumas das atuais retóricas de mudança. Na segunda parte, tentamos compreender o processo de produção do discurso de mudança educacional, via inclusão, produzido pela Escola Plural, que se tornou hegemônico na Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte, levantando alguns aspectos relacionados com o tipo de contrato discursivo estabelecido pelo documento-proposta. Identificamos, no discurso "oficial-alternativo", produzido pela Escola Plural, certos percursos temáticos, ou alguns implícitos, que acabam determinando uma espécie de protocolo para que a sua leitura se torne efetiva aos seus possíveis interlocutores. A terceira parte do nosso estudo foi uma tentativa de investigar a seguinte questão: já que o documento-proposta afirma que a Escola Plural nasceu da prática de certos/as professores/as seria interessante, então, tentar conhecê-los/as melhor. Foi o que buscamos realizar: captar, através de entrevistas, os discursos de algumas professoras de quem a Escola Plural coloca-se como "porta-voz" e confrontá-los com o discurso oficialmente produzido. A "Análise do Discurso" foi utilizada como principal teoria e metodologia de análise dos dados desta investigação. Tal estudo demonstrou que precisamos ficar atentos/as se quisermos evitar a ilusão de que o etnocentrismo do discurso das pedagogias tradicionais e seu desprezo pelas culturas "não-acadêmicas", bem como sua rejeição pela diversidade possa ser corrigida facilmente, mediante o discurso da aplicação das pedagogias inovadoras. É preciso, portanto, ir além desta dicotomia estabelecida entre a tradição e a inovação, entre o oficial e o alternativo, para traçarmos novos horizontes de pensamento É fundamental, então, re-visitarmos nossos modelos de epistemologias de sujeito e suas formações discursivas.