Resposta auditiva em regime permanente evocada por ruído modulado: uma proposta de protocolo para identificação de perdas auditivas

• Autor(a) principal: Thamara Suzi dos Santos
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/34634
• topic: Triagem; Audição; Detecção; Eletrofisiologia; Neurociências; Audição; Perda auditiva; Eletrofisiologia

Objetivo: O objetivo deste trabalho foi propor um protocolo de identificação de perdas auditivas utilizando Respostas auditivas de estado estável (RAEE) evocadas por ruídos modulados em amplitude (AM). Materiais e Métodos: O estudo foi conduzido em duas etapas: a etapa I de caráter exploratório e a etapa II de investigação da acurácia diagnóstica dos estímulos. Na Etapa I, vinte indivíduos da comunidade universitária da UFMG, com idade entre 18 e 59 anos foram avaliados. Foram consideradas 36 orelhas com audição dentro dos padrões de normalidade. Registrou-se a RAEE em Cz (eletrodo ativo) com referência (A1+A2)/2 e terra em Fpz. Os estímulos AM apresentados foram o ruído de banda larga (RBL- 1 a 8000Hz) e o ruído dividido em duas bandas moduladas em amplitude, apresentadas simultaneamente (RDB – 1 a 1000Hz e 2000 a 8000Hz) e separadamente (RBG – 1 a 1000 Hz e RBA – 2 a 8000Hz). As intensidades aplicadas foram 55, 45 e 25 dB NPS e a detecção das respostas foi realizada por meio da Magnitude Quadrática da Coerência (MSC) e do Teste F espectral (TFE) com α=0,05. As medianas dos tempos e as taxas de detecção foram comparadas utilizando o teste de Friedman com análise post hoc de Tukey-Kramer (α=0,05). Em seguida os verdadeiros negativos (VN) foram estimados para 16 protocolos de identificação (passa/falha) simulados a partir da combinação de parâmetros de estimulação. Na etapa II, foram avaliados 31 indivíduos atendidos no serviço de Saúde Auditiva do Hospital São Geraldo- HC/UFMG, com idade entre 16 e 70 anos. Foram consideradas 52 orelhas, 32 com perdas auditivas de diferentes graus e 20 com audição dentro dos padrões de normalidade. Foi realizada a estimativa dos limiares eletrofisiológicos do RBL e do RDB. A detecção das respostas foi realizada por meio da Magnitude Quadrática da Coerência (MSC), com α=0,05. As curvas ROC do RBL e RDB foram traçadas considerando a variação da intensidade de 90 a 30 dB NPS. As áreas abaixo da curva foram calculadas e comparadas através do teste U de Mann-whitney (α = 0,05). A sensibilidade e a especificidade do RBL e RDB para cada intensidade de estimulação (90 a 30 dB NPS) foram obtidas. Resultados: Na etapa I, as taxas de detecção variaram de 100% a 55.6% em 55 dB NPS, 97.2% a 38.9% em 45 dB NPS e 66.7% a 8.3% em 25 dB NPS. As medianas dos tempos de detecção variaram entre 68 e 157s para 55 dB NPS, 68-99s para 45 dB NPS, e 84-118s para 25 dB NPS. Não foi observada diferença estatística entre as taxas de detecção da MSC e do TFE (p>0.05). Os verdadeiros negativos (VN) acima de 90% foram encontrados para RBL ou RBA, em 55 dB NPS, assim como, para RBL ou RBA, em 45 dB NPS. Os protocolos que empregavam o RDB a 55 ou a 45 dB NPS apresentaram VN abaixo de 60%, devido às taxas de detecção reduzidas da banda grave. Na etapa II, as orelhas com audição dentro dos padrões de normalidade apresentaram limiares em torno de 40 dB NPS. Nas perdas leves a média dos limiares variou entre 50 e 65 dB NPS. A partir das perdas moderadas os limiares variaram entre 70 dB NPS e 80 dB NPS. As áreas abaixo da curva foram 0,92 para o RBL e 0,93 para o RDB e não diferiram estatisticamente (p<0,05). Constatou-se sensibilidade acima de 95% para as intensidades abaixo de 50 dB NPS para o RBL e o RDB. Nestas intensidades a especificidade não ultrapassou 65%. Nas intensidades acima de 60 dB NPS a sensibilidade variou entre 65% e 20% e a especificidade entre 95% e 100% para ambos os estímulos. Nas intensidades de 50 e 60 dB NPS, o RBL apresentou sensibilidade de 77% e especificidade de 100% e 90% respectivamente. O RDB apresentou sensibilidade de 97% em 50 dB NPS e 93% em 60 dB NPS e especificidade de 80% em 50 dB NPS e 90% em 60 dB NPS. Conclusões: Os resultados sugerem a aplicação do RDB à 60 dB NPS na identificação de perdas auditiva, pois este protocolo apresentou índices de sensibilidade de 93% e especificidade de 90%. Estes índices são compatíveis com os obtidos pela EOAE e pelo PEATE (exames recomendados para etapa de identificação).