A solução elegante de Lacan: uma formalização do "Além do Princípio do Prazer"

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Henri Kaufmanner
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/VCSA-7NZGGK
Resumo: Tomando como ponto de partida o texto De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose nossa investigação centrou-se na elucidação dos elementos matemáticos presentes no Esquema R e no Esquema I, que Lacan apresenta como topologias referentes à constituição da realidade na Neurose e na Psicose, respectivamente. Em ambos os esquemas foi possível localizar elementos gráficos que dizem respeito à noção de infinito, pois, os dois apresentam assíntotas em sua constituição. Na busca da origem desses esquemas encontramos o Esquema L, apresentado por Lacan no Seminário 2. Com o desenvolvimento de nosso trabalho percebemos que esse esquema é um organizador de seu pensamento nos anos 50, e tem como elementos principais em jogo, a disjunção do simbólico e do imaginário, e a persistência de uma hiância insuplantável. Lacan diz que essa topologia refere-se ao Além do Princípio do Prazer e verificamos em nossa discussão, que é justamente esse impossível da pulsão de morte, o responsável pela manutenção da dessa hiância. Iniciando com o diálogo Mênon de Platão, discorremos sobre os passos que Lacan utilizou para nos apresentar essa disjunção entre o simbólico e o imaginário, bem como salientamos a importância da manutenção dessa disjunção. O simbólico nesse momento do ensino de Lacan é tomado como uma frase contínua. A manutenção da hiância mostrou-se fundamental pelo fato de que esta funciona como um impedimento à redução do sujeito a essa frase contínua simbólica. O imaginário desempenha aí, um importante papel, pois, é por atravessar o simbólico que ele funciona também como um estabilizador desta hiância e sua relação com a estrutura do psiquismo. Através da utilização de alguns apólogos e fragmentos clínicos pudemos mostrar os efeitos que uma superação dessa hiância produz no sujeito. A completude simbólica ou a totalidade do imaginário conduzem o sujeito perigosamente à experiência de morte. Foi o que vimos na tragédia de Édipo, no Sonho de Injeção de Irma, em Schreber, na Síndrome de Cotard entre outros. Estudamos então os artifícios do sujeito para manter a disjunção. Vimos que na neurose, isto se faz possível, pois o falo, significante que Lacan aproxima da matemática aproximando-o da noção de média e extrema razão da divisão harmônica, é capaz de, como esta razão, funcionar como elemento estabilizador da relação entre imaginário e simbólico. Pois, assim como a razão do chamado Segmento Áureo, o f, o falo, como razão, apresenta uma vertente irracional que permitiria a articulação com o simbólico e uma outra vertente que conduziria o sujeito a busca da beleza da forma. Vimos que na psicose, é exatamente a foraclusão dessa razão, que abre a possibilidade do colabamento da disjunção, levando a toda uma gama de sintomas que podem ser articulados à noção de Automatismo Mental. Vimos que ao psicótico, restar encontrar uma outra razão, para estabilizar o campo de sua realidade. Vimos como que isso se faz em Schreber, e como que a solução por ele encontrada, também permite articular a dimensão irracional do simbólico e a aposta no Um do imaginário. Os elementos presentes na estabilização tanto da neurose como da psicose permitiram-nos encontrar a simplicidade da articulação lacaniana nesse momento a qual chamamos de Solução Elegante de Lacan.
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Lacan diz que essa topologia refere-se ao Além do Princípio do Prazer e verificamos em nossa discussão, que é justamente esse impossível da pulsão de morte, o responsável pela manutenção da dessa hiância. Iniciando com o diálogo Mênon de Platão, discorremos sobre os passos que Lacan utilizou para nos apresentar essa disjunção entre o simbólico e o imaginário, bem como salientamos a importância da manutenção dessa disjunção. O simbólico nesse momento do ensino de Lacan é tomado como uma frase contínua. A manutenção da hiância mostrou-se fundamental pelo fato de que esta funciona como um impedimento à redução do sujeito a essa frase contínua simbólica. O imaginário desempenha aí, um importante papel, pois, é por atravessar o simbólico que ele funciona também como um estabilizador desta hiância e sua relação com a estrutura do psiquismo. Através da utilização de alguns apólogos e fragmentos clínicos pudemos mostrar os efeitos que uma superação dessa hiância produz no sujeito. A completude simbólica ou a totalidade do imaginário conduzem o sujeito perigosamente à experiência de morte. Foi o que vimos na tragédia de Édipo, no Sonho de Injeção de Irma, em Schreber, na Síndrome de Cotard entre outros. Estudamos então os artifícios do sujeito para manter a disjunção. Vimos que na neurose, isto se faz possível, pois o falo, significante que Lacan aproxima da matemática aproximando-o da noção de média e extrema razão da divisão harmônica, é capaz de, como esta razão, funcionar como elemento estabilizador da relação entre imaginário e simbólico. Pois, assim como a razão do chamado Segmento Áureo, o f, o falo, como razão, apresenta uma vertente irracional que permitiria a articulação com o simbólico e uma outra vertente que conduziria o sujeito a busca da beleza da forma. Vimos que na psicose, é exatamente a foraclusão dessa razão, que abre a possibilidade do colabamento da disjunção, levando a toda uma gama de sintomas que podem ser articulados à noção de Automatismo Mental. Vimos que ao psicótico, restar encontrar uma outra razão, para estabilizar o campo de sua realidade. Vimos como que isso se faz em Schreber, e como que a solução por ele encontrada, também permite articular a dimensão irracional do simbólico e a aposta no Um do imaginário. Os elementos presentes na estabilização tanto da neurose como da psicose permitiram-nos encontrar a simplicidade da articulação lacaniana nesse momento a qual chamamos de Solução Elegante de Lacan.We took as a starting point in our work, Jacques Lacan.s writing On a Question Prior to Any Possible Treatment of Psychosis. Our investigation was centered on the study of the mathematical elements found on Scheme R and Scheme I, considered by Lacan as topologies referred to how reality is constituted in neurosis and psychosis, respectively. In both schemes it was possible to find some graphics references to the notion of infinity,since they both have asymptotes in their constitution. As we followed on, searching for the origin of those schemes, we found Scheme L, presented by Lacan on Seminary 2. This scheme works, in our point of view, as an organizer of Lacan.s thought during the fifties, and it brings us two main ideas. First, there is a disjunction between the symbolic and the imaginary, and second, there is an insurmountable hiatus between them. According to Lacan, that topology is based on Freud.s Beyond the pleasure principle and it was possible for us to verify that the impossible of the death drive is what keeps the hiatus in its place. We followed the steps Lacan took to show us the disjunction between symbolic and imaginary, beginning with his discussion on Plato.s Menon and we emphasized the importance of maintaining this disjunction. At this moment, in Lacan.s teaching the symbolic is taken as a continuous phrase. The maintenance of the hiatus is fundamental because it avoids the reduction of subject to this continuous symbolic phrase. The imaginary plays an important role there. It crosses the symbolic, and this crossing conciliates the hiatus with the structure of the psychism. Through the use of some apologues and clinical reports we could show, in our work, what kinds of effects on the subject are produced surpassing this hiatus. A completed symbolic or an imaginary totality leads the subject .dangerously. to a death experience. This is what we can see, for example, in Oedipus tragedy, in Freud.s dream known as Irma.s Injection Dream, in Schreber, or in the Cotard Syndrome. We followed studying what kinds of artifices are usually used by the subject to keep the disjunction. It is possible in neurosis, because there is the phallus, significant used by Lacan in a mathematical way when he compares it to the medium and extreme ratio of the harmonic division. The phallus is able to work as a stabilizer element in the relationship between symbolic and imaginary. So, just like the Golden Section ratio, the , the phallus, as a ratio, presents us an irrational side which could allow an articulation with the symbolic and another side that could lead the subject to search the beauty of the form. We also showed that, in psychosis, is exactly the forclusion of this ratio that opens the way for collapsing this disjunction, bringing a large number of symptoms related to the idea of Mental Automatism. The psychotic needs to find another ratio to keep the field of his reality stable. We could demonstrate how Schreber worked on it, and how the solution he found also made possible to articulate the irrational dimension of the symbolic with the imaginary efforts to make One. The elements we could find in the neurosis even in the psychosis stabilization allowed us to find the simplicity of Lacan.s articulation at these times. We called it Lacan.s Elegant Solution.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGPsicanáliseLacan, Jacques, 1901-1981Freud, Sigmund, 1856-1939 Alem do principio do prazerPsicologiaNeuroInfinitoPsicanáliseSujeitoLacanFaloA solução elegante de Lacan: uma formalização do "Além do Princípio do Prazer"info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALa_solu__o_elegante_de_lacan.pdfapplication/pdf1192433https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VCSA-7NZGGK/1/a_solu__o_elegante_de_lacan.pdfeff0c28bd1ff3ef253af584cbe832a06MD51TEXTa_solu__o_elegante_de_lacan.pdf.txta_solu__o_elegante_de_lacan.pdf.txtExtracted texttext/plain258716https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VCSA-7NZGGK/2/a_solu__o_elegante_de_lacan.pdf.txta9d259af0fc2cd48afaea428b6c4554cMD521843/VCSA-7NZGGK2019-11-14 20:57:50.055oai:repositorio.ufmg.br:1843/VCSA-7NZGGKRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T23:57:50Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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