Detecção de zona híbrida entre Cattleya coccinea e C. brevipedunculata (Orchidaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, utilizando microssatélites e análise morfométrica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Barbara Simoes Santos Leal
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/SMOC-99MPGV
Resumo: Embora a expressão de caracteres morfológicos em híbridos seja imprevisível, resultando muitas vezes em um mosaico de caracteres parentais, caracteres intermediários e novos caracteres, muitos híbridos naturais de Orchidaceae têm sido descritos somente a partir da observação de fenótipos intermediários a de dois táxons aceitos. Marcadores moleculares têm se mostrado uma boa ferramenta para checar tais predições feitas a partir da morfologia e para caracterizar a arquitetura de zonas híbridas naturais em plantas, inclusive na família Orchidaceae. Neste trabalho, utilizamos análises morfométricas multivariadas com 24 caracteres florais e vegetativos e análises genéticas moleculares, a partir de sete loci microssatélites, para investigar uma possível zona híbrida entre Cattleya coccinea Lindl. e C. brevipedunculata (Cogn.) Van den Berg (Epidendreae: Laeliinae), localizada no Parque Estadual do Ibitipoca (PEI), Minas Gerais, Brasil. Ambas espécies são distinguidas principalmente a partir do formato de folha e pseudobulbo e do comprimento do pedúnculo floral, além da distribuição geográfica e período de floração. Análises morfométricas sustentam as diferenças entre a C. coccinea e C. brevipedunculata e indicam um contínuo de variação no PEI, sendo que os extremos desse contínuo se sobrepõem às populações alopátricas utilizadas como referência. Os dados de variabilidade e estrutura genética, porém, não confirmam a hipótese de hibridação e/ou introgressão no PEI, sendo que evidências acumuladas a partir da análise bayesiana da estrutura genética, análise de agrupamento e distribuição das frequências alélicas brutas apontam que essa seja uma população pura de C. brevipedunculata. Diferentemente de outras populações conhecidas dessa espécie, onde os indivíduos ocorrem em ambiente aberto, parte dos indivíduos da população do PEI ocorrem na mata, sob condições de sombreamento. A variação morfológica observada no PEI pode, assim, estar relacionada à plasticidade fenotípica de características vegetativas em resposta às variações na incidência de luz, como foi indicado pelas diferenças significativas em variáveis de folha e pseudobulbo entre indivíduos localizados em campo rupestre e mata. Esses resultados têm importantes implicações, pois evidenciam a baixa confiabilidade da morfologia para detecção de híbridos naturais e o potencial de caracteres vegetativos como fator de confusão na distinção de táxons proximamente relacionados. A variação morfológica associada à plasticidade sugerida neste trabalho pode ser futuramente investigada, inclusive quanto a ser ou não adaptativa, por meio de experimentos controlados.
id UFMG_2c428bec3211bccfe0785d8447586647
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/SMOC-99MPGV
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Eduardo Leite BorbaSamantha KoehlerFábio PinheiroJoao Aguiar Nogueira BatistaBarbara Simoes Santos Leal2019-08-10T00:05:08Z2019-08-10T00:05:08Z2013-02-28http://hdl.handle.net/1843/SMOC-99MPGVEmbora a expressão de caracteres morfológicos em híbridos seja imprevisível, resultando muitas vezes em um mosaico de caracteres parentais, caracteres intermediários e novos caracteres, muitos híbridos naturais de Orchidaceae têm sido descritos somente a partir da observação de fenótipos intermediários a de dois táxons aceitos. Marcadores moleculares têm se mostrado uma boa ferramenta para checar tais predições feitas a partir da morfologia e para caracterizar a arquitetura de zonas híbridas naturais em plantas, inclusive na família Orchidaceae. Neste trabalho, utilizamos análises morfométricas multivariadas com 24 caracteres florais e vegetativos e análises genéticas moleculares, a partir de sete loci microssatélites, para investigar uma possível zona híbrida entre Cattleya coccinea Lindl. e C. brevipedunculata (Cogn.) Van den Berg (Epidendreae: Laeliinae), localizada no Parque Estadual do Ibitipoca (PEI), Minas Gerais, Brasil. Ambas espécies são distinguidas principalmente a partir do formato de folha e pseudobulbo e do comprimento do pedúnculo floral, além da distribuição geográfica e período de floração. Análises morfométricas sustentam as diferenças entre a C. coccinea e C. brevipedunculata e indicam um contínuo de variação no PEI, sendo que os extremos desse contínuo se sobrepõem às populações alopátricas utilizadas como referência. Os dados de variabilidade e estrutura genética, porém, não confirmam a hipótese de hibridação e/ou introgressão no PEI, sendo que evidências acumuladas a partir da análise bayesiana da estrutura genética, análise de agrupamento e distribuição das frequências alélicas brutas apontam que essa seja uma população pura de C. brevipedunculata. Diferentemente de outras populações conhecidas dessa espécie, onde os indivíduos ocorrem em ambiente aberto, parte dos indivíduos da população do PEI ocorrem na mata, sob condições de sombreamento. A variação morfológica observada no PEI pode, assim, estar relacionada à plasticidade fenotípica de características vegetativas em resposta às variações na incidência de luz, como foi indicado pelas diferenças significativas em variáveis de folha e pseudobulbo entre indivíduos localizados em campo rupestre e mata. Esses resultados têm importantes implicações, pois evidenciam a baixa confiabilidade da morfologia para detecção de híbridos naturais e o potencial de caracteres vegetativos como fator de confusão na distinção de táxons proximamente relacionados. A variação morfológica associada à plasticidade sugerida neste trabalho pode ser futuramente investigada, inclusive quanto a ser ou não adaptativa, por meio de experimentos controlados.Although the expression of morphological traits in hybrid is unpredictable, often resulting in a mosaic of parental, intermediate, and new characters, many natural hybrids of Orchidaceae have been reported only through the observation of intermediate phenotypes to its putative parental. Molecular markers have been shown to be a good tool to test such morphological hypotheses and to characterize the architecture of natural hybrid zones in plants, including in Orchidaceae. In this study, we used multivariate morphometric analyses of 24 floral and vegetative characters and molecular genetic analysis, based in seven microsatellite loci, to investigate a supposed hybrid zone between Cattleya coccinea Lindl. and C. brevipedunculata (Cogn.) Van den Berg (Epidendreae: Laeliinae), located at Parque Estadual do Ibitipoca (PEI), Minas Gerais state, Brazil. Both species are mainly distinguished by leaf and pseudobulb size and form and peduncle length, and also by geographical distribution. Morphometric analyses support differences between C. coccinea and C. brevipedunculata and indicate a continuum of variation at PEI, with the extremes of this continuum overlapping the morphology of allopatric populations used as reference. The variability and genetic structure data, however, do not confirm the hypothesis of hybridization nor introgression at PEI, and accumulated evidences from bayesian analysis of genetic structure, cluster analysis and distribution of allelic frequencies indicate that it is a pure population of C. brevipedunculata. Unlike other known populations of this species, where individuals occur in open sunny sites, the individuals of PEIs population also occur in the woods, under shaded conditions. The morphological variation observed may thus be related to phenotypic plasticity of vegetative traits in response to changes of light incidence, as indicated by significant differences in leaf and pseudobulb characters between individuals located at rock outcrops and woods. These results demonstrate the unreliability of morphology for detecting natural hybrids and the potential of vegetative characters as a confounding factor in distinguishing closely related taxa.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGBotânicaGenética vegetalMicrossatélites (Genética)Orquídea MorfologiaMorfometriaOrquídeaBiologia VegetalDetecção de zona híbrida entre Cattleya coccinea e C. brevipedunculata (Orchidaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, utilizando microssatélites e análise morfométricainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_corrigida___b_rbara.pdfapplication/pdf1614594https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/SMOC-99MPGV/1/disserta__o_corrigida___b_rbara.pdf0864f08da6ab5d90cc48d4a4fadc8405MD51TEXTdisserta__o_corrigida___b_rbara.pdf.txtdisserta__o_corrigida___b_rbara.pdf.txtExtracted texttext/plain151408https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/SMOC-99MPGV/2/disserta__o_corrigida___b_rbara.pdf.txtd484d6230d52ad82cb80d6e526122a68MD521843/SMOC-99MPGV2019-11-14 04:12:49.531oai:repositorio.ufmg.br:1843/SMOC-99MPGVRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T07:12:49Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Detecção de zona híbrida entre Cattleya coccinea e C. brevipedunculata (Orchidaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, utilizando microssatélites e análise morfométrica
title Detecção de zona híbrida entre Cattleya coccinea e C. brevipedunculata (Orchidaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, utilizando microssatélites e análise morfométrica
spellingShingle Detecção de zona híbrida entre Cattleya coccinea e C. brevipedunculata (Orchidaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, utilizando microssatélites e análise morfométrica
Barbara Simoes Santos Leal
Biologia Vegetal
Botânica
Genética vegetal
Microssatélites (Genética)
Orquídea Morfologia
Morfometria
Orquídea
title_short Detecção de zona híbrida entre Cattleya coccinea e C. brevipedunculata (Orchidaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, utilizando microssatélites e análise morfométrica
title_full Detecção de zona híbrida entre Cattleya coccinea e C. brevipedunculata (Orchidaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, utilizando microssatélites e análise morfométrica
title_fullStr Detecção de zona híbrida entre Cattleya coccinea e C. brevipedunculata (Orchidaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, utilizando microssatélites e análise morfométrica
title_full_unstemmed Detecção de zona híbrida entre Cattleya coccinea e C. brevipedunculata (Orchidaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, utilizando microssatélites e análise morfométrica
title_sort Detecção de zona híbrida entre Cattleya coccinea e C. brevipedunculata (Orchidaceae) no Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, utilizando microssatélites e análise morfométrica
author Barbara Simoes Santos Leal
author_facet Barbara Simoes Santos Leal
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Eduardo Leite Borba
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv Samantha Koehler
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Fábio Pinheiro
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Joao Aguiar Nogueira Batista
dc.contributor.author.fl_str_mv Barbara Simoes Santos Leal
contributor_str_mv Eduardo Leite Borba
Samantha Koehler
Fábio Pinheiro
Joao Aguiar Nogueira Batista
dc.subject.por.fl_str_mv Biologia Vegetal
topic Biologia Vegetal
Botânica
Genética vegetal
Microssatélites (Genética)
Orquídea Morfologia
Morfometria
Orquídea
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Botânica
Genética vegetal
Microssatélites (Genética)
Orquídea Morfologia
Morfometria
Orquídea
description Embora a expressão de caracteres morfológicos em híbridos seja imprevisível, resultando muitas vezes em um mosaico de caracteres parentais, caracteres intermediários e novos caracteres, muitos híbridos naturais de Orchidaceae têm sido descritos somente a partir da observação de fenótipos intermediários a de dois táxons aceitos. Marcadores moleculares têm se mostrado uma boa ferramenta para checar tais predições feitas a partir da morfologia e para caracterizar a arquitetura de zonas híbridas naturais em plantas, inclusive na família Orchidaceae. Neste trabalho, utilizamos análises morfométricas multivariadas com 24 caracteres florais e vegetativos e análises genéticas moleculares, a partir de sete loci microssatélites, para investigar uma possível zona híbrida entre Cattleya coccinea Lindl. e C. brevipedunculata (Cogn.) Van den Berg (Epidendreae: Laeliinae), localizada no Parque Estadual do Ibitipoca (PEI), Minas Gerais, Brasil. Ambas espécies são distinguidas principalmente a partir do formato de folha e pseudobulbo e do comprimento do pedúnculo floral, além da distribuição geográfica e período de floração. Análises morfométricas sustentam as diferenças entre a C. coccinea e C. brevipedunculata e indicam um contínuo de variação no PEI, sendo que os extremos desse contínuo se sobrepõem às populações alopátricas utilizadas como referência. Os dados de variabilidade e estrutura genética, porém, não confirmam a hipótese de hibridação e/ou introgressão no PEI, sendo que evidências acumuladas a partir da análise bayesiana da estrutura genética, análise de agrupamento e distribuição das frequências alélicas brutas apontam que essa seja uma população pura de C. brevipedunculata. Diferentemente de outras populações conhecidas dessa espécie, onde os indivíduos ocorrem em ambiente aberto, parte dos indivíduos da população do PEI ocorrem na mata, sob condições de sombreamento. A variação morfológica observada no PEI pode, assim, estar relacionada à plasticidade fenotípica de características vegetativas em resposta às variações na incidência de luz, como foi indicado pelas diferenças significativas em variáveis de folha e pseudobulbo entre indivíduos localizados em campo rupestre e mata. Esses resultados têm importantes implicações, pois evidenciam a baixa confiabilidade da morfologia para detecção de híbridos naturais e o potencial de caracteres vegetativos como fator de confusão na distinção de táxons proximamente relacionados. A variação morfológica associada à plasticidade sugerida neste trabalho pode ser futuramente investigada, inclusive quanto a ser ou não adaptativa, por meio de experimentos controlados.
publishDate 2013
dc.date.issued.fl_str_mv 2013-02-28
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-10T00:05:08Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-10T00:05:08Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/SMOC-99MPGV
url http://hdl.handle.net/1843/SMOC-99MPGV
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/SMOC-99MPGV/1/disserta__o_corrigida___b_rbara.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/SMOC-99MPGV/2/disserta__o_corrigida___b_rbara.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 0864f08da6ab5d90cc48d4a4fadc8405
d484d6230d52ad82cb80d6e526122a68
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589572938956800