Militância e organização: um estudo sobre o CELLOS-MG

• Autor(a) principal: Andressa Carolina do Nascimento Nunes
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/46991; https://orcid.org/0000-0002-7861-0314
• topic: Estudos organizacionais; Estudos de gêneros e sexualidades; Michel Foucault; Análise do discurso; CELLOS-MG; Pessoas LGBTQ+; Orientação sexual; Foucault, Michel - 1926-1984; Administração

O CELLOS-MG (Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais) se apresenta como uma entidade que postula, entre seus objetivos principais, a “luta contra a LGBTfobia e quaisquer formas de preconceito por orientação sexual ou por gênero”, assim como a “conscientização da população LGBT sobre a defesa de seus direitos fundamentais, além da formação de novos militantes”. Localizada em Belo Horizonte, a entidade atua como movimento organizado da sociedade civil representante da comunidade LGBT+ em fóruns municipais, estaduais e nacionais. O foco desta pesquisa se voltou para o CELLOS-MG, enquanto um tipo de organização advinda dos ativismos relacionados ao campo da sexualidade, pois, por um lado, consideramos a produção de subjetividades — principalmente a vertente foucaultiana, que parte dos efeitos das relações de poder e dos discursos de verdade como produtores de sujeitos — como parcela da dimensão política de constituição das sexualidades individuais. Por outro, consideramos o histórico de desenvolvimento teórico a partir de vivências de ativistas e movimentos sociais. Logo, a ideia central desta tese é problematizar os modos de existência desses sujeitos, de forma a desvelar suas relações de poder, as práticas que constituem os espaços organizacionais e os elementos da matriz sexual hegemônica atual que constituem estes sujeitos e que estão imbricados nas dinâmicas de organização do espaço do movimento. Para tanto, utilizamo-nos dos métodos de pesquisa documental e entrevista qualitativa semiestruturada para a coleta de dados, ao passo que a análise enunciativa arqueogenealógica empreendida foi desenvolvida considerando os escritos e as teorizações de Michel Foucault sobre os próprios métodos utilizados para a condução de suas genealogias e arqueologias. Entre os achados da análise, procuramos destacar a organização enquanto sujeito coletivo de moral e política, ressaltando as regras e normas da organização, seu funcionamento interno e os seus posicionamentos estratégicos nas relações de poder-resistência em que se insere. Igualmente, abordamos a “Parada LGBT de Belo Horizonte” enquanto um evento que é alvo de interdições e disputas, ao mesmo tempo que representa um espaço para enunciações e visibilização dos corpos dos sujeitos marginalizados. Por fim, discutimos os processos de constituição dos membros militantes em suas três dimensões principais: enquanto sujeitos sexuais, políticos e da moral “cellista”.