Exposição ocupacional a patógenos sanguíneos entre profissionais de saúde: estudo transversal em centros cirúrgicos de uma capital brasileira

• Autor(a) principal: Leila de Fátima Santos
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/38825; https://orcid.org/0000-0002-5991-2624
• topic: Acidente de trabalho; Pessoal de saúde; Hospital; Riscos ocupacionais; Acidentes de Trabalho; Pessoal de Saúde; Hospitais; Riscos Ocupacionais

Profissionais de saúde são regularmente submetidos ao contato com amostras orgânicas potencialmente contaminadas. Este estudo tem como objetivo identificar a ocorrência de acidentes e a razão de chance de ocorrência de acidentes entre profissionais de saúde, divididos em dois grupos, médicos e não médicos, atuantes nos centros cirúrgicos geral e obstétrico de três hospitais gerais, de ensino e pesquisa, situados em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais. Foi realizado inquérito transversal 640 com profissionais de saúde que aceitaram o convite em participar do estudo, mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. A Coleta de dados se deu no ambiente de trabalho, em sala destinada a coleta, por meio de questionário estruturado, composto por 47 questões, referentes a caracterização da amostra por meio de dados sócio-demográficos e ocupacionais, hábitos de prevenção, a exposição em si e o acompanhamento e profilaxia pós exposição. Para análise estatística, foram utilizados testes Qui-Quadrado, Exato de Fisher e Modelo Logístico Binário. A comparação de variáveis quantitativas entre dois grupos (categorias profissionais) foi avaliada pelo teste de Wilcoxon Mann-Whitney. Da amostra composta por 640 profissionais, 58,6% médicos e 41,1% não médicos, 32% relataram ter sofrido acidentes, sendo o grupo profissional médico (40,1%) o mais acometido. À medida que o profissional sobe uma faixa etária, a chance de ocorrência de acidente com material biológico diminui (p = 0,001; OR 0,55; IC 95%; 0,39-0,79). Relativo ao tempo de trabalho observou-se que à medida que o profissional aumentava o tempo de trabalho na instituição, a chance de ocorrência de acidente com material biológico aumentava (p < 0,001; OR 2,05; IC 95%; 1,49-2,81). Os profissionais que o consideram adequado apresentam uma chance menor de ocorrência de acidente com material biológico (p < 0,001; OR 0,27; IC 95%; 0,14-0,49), ou seja, considerar o protocolo adequado foi considerado um fator de proteção. Além disso, os profissionais que não sabiam opinar sobre o protocolo apresentam uma chance de ocorrência de acidente menor que os profissionais que o consideravam inadequado (p < 0,001; OR 0,30; IC 95%; 0,16-0,56). Observou-se também, que o nível de estudo e o tempo de serviço não foram capazes de garantir a prevenção de acidentes com material biológico, além do pouco conhecimento sobre as regras de notificação e o fluxo do atendimento. Profissionais médicos e não médicos apresentaram não apenas uma incidência significativa de acidentes, mas também um perfil de comportamento semelhante diante do evento, com baixa notificação e risco subestimado do acidente. Concluiu-se haver necessidade latente de medidas preventivas mais efetivas, além de motivações intrínsecas para o trabalho, maior estímulo à atuação dos serviços de atenção à saúde do trabalhador, endossando a relevância de exames ocupacionais.