Um estudo discursivo sobre a transgressão de gêneros e a paródia em publicidades atuais e da década de 1960

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Tania Maria de Oliveira Gomes
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/MGSS-9KPQ3S
Resumo: À luz da análise do discurso francesa, no seu diálogo com a teoria bakhtiniana e com a semiótica francesa (standard e tensiva), examinamos anúncios publicitários (e simulacros de anúncios) atuais e da década de 1960, que foram veiculados em revistas impressas e na internet, com o objetivo principal de observar o funcionamento da transgressão de gêneros e da paródia, já que partimos da hipótese de que se trata de fenômenos mais recentes no âmbito da publicidade. Nossa análise revelou que se, de fato, não se pode falar da inexistência de textos subvertidos (transgredidos ou parodiados) na década de 1960, tais textos se mostram muito mais recorrentes na atualidade, o que parece estar ligado à busca incessante pela inovação e pela originalidade instaurada na pós-modernidade. A pesquisa também nos permitiu, por meio da apreensão das formações discursivas (tomadas aqui como conjuntos de temas e figuras), chegar às formações ideológicas dominantes ou, pelo menos, a alguns de seus aspectos nos dois marcos temporais considerados. Verificamos, por exemplo, que, se a representação da mulher modificou-se, ao longo dos anos, implicando sua inserção em outros domínios, como o mercado de trabalho, certos papéis tendem a se manter, como o de mãe preocupada com o bem-estar dos filhos. Já em relação à criança, observamos uma evolução em direção a posições mais autônomas, em contraposição à passividade de outrora. No domínio político, por sua vez, vimos que o nacionalismo, oriundo das décadas passadas, cedeu lugar a críticas, frequentemente humorísticas, ao governo/aos governantes. Estes e outros eixos temático-figurativos, por meio dos quais pudemos vislumbrar algumas transformações de cunho ideológico ocorridas nesses mais de 50 anos, mostram que a publicidade, atenta a essas mudanças, soube captá-las muito bem a seu favor, sobretudo, por meio da implementação de textos transgredidos e parodiados. Isso comprova, em última análise, o diálogo profícuo que se estabelece entre a publicidade e a sociedade e reitera a publicidade como um gênero maleável e dinâmico, sempre aberto a inovações, o que pode inclusive ser atestado por um outro (novo) tipo de subversão: a modelagem antiga conferida a textos atuais.
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A pesquisa também nos permitiu, por meio da apreensão das formações discursivas (tomadas aqui como conjuntos de temas e figuras), chegar às formações ideológicas dominantes ou, pelo menos, a alguns de seus aspectos nos dois marcos temporais considerados. Verificamos, por exemplo, que, se a representação da mulher modificou-se, ao longo dos anos, implicando sua inserção em outros domínios, como o mercado de trabalho, certos papéis tendem a se manter, como o de mãe preocupada com o bem-estar dos filhos. Já em relação à criança, observamos uma evolução em direção a posições mais autônomas, em contraposição à passividade de outrora. No domínio político, por sua vez, vimos que o nacionalismo, oriundo das décadas passadas, cedeu lugar a críticas, frequentemente humorísticas, ao governo/aos governantes. Estes e outros eixos temático-figurativos, por meio dos quais pudemos vislumbrar algumas transformações de cunho ideológico ocorridas nesses mais de 50 anos, mostram que a publicidade, atenta a essas mudanças, soube captá-las muito bem a seu favor, sobretudo, por meio da implementação de textos transgredidos e parodiados. Isso comprova, em última análise, o diálogo profícuo que se estabelece entre a publicidade e a sociedade e reitera a publicidade como um gênero maleável e dinâmico, sempre aberto a inovações, o que pode inclusive ser atestado por um outro (novo) tipo de subversão: a modelagem antiga conferida a textos atuais.À la lumière de l'analyse de discours française, dans son dialogue avec la théorie de Bakhtine et la sémiotique française (standard et tensive), nous avons examiné des annonces publicitaires (et aussi des simulacres dannonces) en cours et des années 1960, qui ont été diffusés dans les magazines imprimés et sur Internet, ayant pour but remarquer le mécanisme de la transgression des genres et de la parodie, puisque nous nous sommes orientés vers l'hypothèse qu'il est un phénomène plus récent dans la publicité. Notre analyse a révélé que, en fait, si on ne peut pas parler de l'absence de textes subversifs (transgressés ou parodiés) dans les années 1960, tels textes se montrent beaucoup plus courants de nos jours, ce qui semble être lié à la poursuite sans cesse de l'innovation et originalité établies dans la postmodernité. L'enquête nous a également permis, par la saisie de formations discursives (prises ici comme un ensemble de thèmes et figures), atteindre les formations idéologiques dominantes ou tout au moins certains de leurs aspects dans les deux cadres temporels considérés. Nous avons remarqué par exemple que si la représentation de la femme a changé au fil des années impliquant son insertion dans d'autres domaines tels que le marché du travail, certains rôles ont tendance à se loger, comme celui de la mère qui soccupe du bien-être de ses enfants. En ce qui concerne les enfants, nous avons constaté une évolution vers des positions plus autonomes, contrairement à la passivité d'autrefois. Dans le domaine politique, en retour, nous avons vu que le nationalisme, résultant de ces dernières décennies, a donné sa place à la critique, souvent humoristique, au gouvernement / aux gouverneurs. Ceux-ci et d'autres axes thématique-figuratifs qui constituent les moyens par lesquels nous avons pu voir quelques changements d'ordre idéologique qui ont eu lieu il y a plus de 50 ans, montrent que, attentive à ces transformations-là, la publicité a su les saisir très bien en sa faveur notamment par limplémentation des textes transgressés ou parodiés. Cela témoigne en fin de compte au dialogue constructif établi entre la publicité et la société et réaffirme la publicité comme un genre flexible et dynamique toujours ouverte aux innovations, ce qui peut dailleurs être énoncé par un autre (nouveau) type de subversion: l'ancien modèle donné aux textes actuels.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGPublicidadeAnálise do discursoDiscurso publicitárioParódiaAnúnciosSemióticaPublicidadegêneros de discursotransgressãoideologiaparódiaUm estudo discursivo sobre a transgressão de gêneros e a paródia em publicidades atuais e da década de 1960info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o_pdf_t_nia_ficha_catalogr_fica.pdfapplication/pdf4779217https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MGSS-9KPQ3S/1/disserta__o_pdf_t_nia_ficha_catalogr_fica.pdf05abed47a5cc1ea12fe6c0469dcdbee5MD51TEXTdisserta__o_pdf_t_nia_ficha_catalogr_fica.pdf.txtdisserta__o_pdf_t_nia_ficha_catalogr_fica.pdf.txtExtracted texttext/plain293185https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MGSS-9KPQ3S/2/disserta__o_pdf_t_nia_ficha_catalogr_fica.pdf.txtfa2859b5255993e7339d2235396c44d7MD521843/MGSS-9KPQ3S2019-11-14 03:54:33.954oai:repositorio.ufmg.br:1843/MGSS-9KPQ3SRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T06:54:33Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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