O lazer para além do urbano: a produção social do tempo e do território no povoado do Galheiros, Diamantina, Minas Gerais

• Autor(a) principal: Naiara Paola de Oliveira
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/31743
• topic: Lazer; Antropologia; Lazer - Aspectos sociais; Etnografia

O estudo que se segue investiga a produção social do tempo e do território em uma comunidade rural tradicional a partir da perspectiva dos estudos do lazer. Nesta perspectiva, buscamos a etnografia como prática e o diálogo com a antropologia e a geografia como auxiliares à compreensão. A pesquisa corrobora com as novas abordagens dos estudos do lazer, que extrapolam o conceito hegemônico do lazer como um fenômeno exclusivamente urbano para considerá-lo uma “dimensão da cultura” (GOMES, 2014). O estudo de caso foi realizado no povoado de Galheiros, localizado a 25 km do município de Diamantina, Minas Gerais, considerado uma comunidade tradicional por se caracterizar como um agrupamento de apanhadores de flores Sempre-vivas. No presente trabalho analisamos, através das lentes do lazer, as relações dos moradores do povoado com o território, com o espaço que ocupam, com o tempo, com a sociedade, com a natureza e com suas próprias manifestações tradicionais ou culturais. Além disso, ele procura compreender a relação do povoado com o trabalho, destacando-se o trabalho artesanal realizado com as flores Sempre-Vivas. Esta atividade tem garantido a sobrevivência de vários moradores desde a década de 1930, mas tem se reduzido não apenas pelas novas regras para coleta e comercialização das flores, mas também pela falta de interesse da nova força de trabalho do povoado pela atividade. Como procedimentos metodológicos realizamos, em um primeiro momento, uma revisão cautelosa da literatura objetivando principalmente elucidar conceitos como comunidade, povoado, tradição e cultura, evitando preconceitos e estereótipos. Também utilizamos a legislação pertinente ao tema como importante fonte bibliográfica. Em seguida procedemos à imersão no campo, fundamentados em autores com Geertz, Malinowski, Ingold e outros que têm se dedicado a estudar a maneira mais adequada de descrever a vida de outros indivíduos através da observação detalhada. O caderno de campo foi um equipamento indispensável durante a trajetória bem como a câmera fotográfica. Como resultado obtivemos a reconstrução da história do povoado através da oralidade e várias percepções a respeito do que é ser um indivíduo membro de uma comunidade tradicional inserido em um mundo globalizado e fragmentador. Os resultados da pesquisa além de contribuir para as novas abordagens dos estudos do lazer, podem nortear a implantação de políticas que utilizem o lazer como uma ferramenta para o desenvolvimento social capaz de promover a valorização das práticas e o desenvolvimento da alteridade.