Parametrização, zoneamento e produção autônoma do espaço urbano

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Henrique Gazzola de Lima
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/MMMD-AS7TFG
Resumo: A pesquisa discute possibilidades trazidas pela parametrização na introdução de novas lógicas de produção do espaço urbano. Por operar no nível da estrutura de um sistema ou processo, definindo graus de restrição e de liberdade por meio de parâmetros e de relações explícitas, a parametrização pode ser direcionada à criação de suportes para que decisões sejam tomadas diretamente pelos usuários finais do espaço em produção. Isso aponta para a antecipação de conhecimento técnico para que os fins sejam definidos coletivamente e de maneira informada, quebrando a falsa linearidade entre meios e fins e questionando o pressuposto de que estes só podem ser devidamente definidos por quem domina aqueles. A análise de diversas experiências práticas de uso da parametrização mostra que ela transforma condicionantes em variáveis abertas, mas para se chegar a soluções realmente flexíveis, o espaço paramétrico não deve cristalizar parâmetros explorados em projeto (como ocorre no parametrismo) mas contemplar ao menos dois outros níveis de flexibilidade para além da concepção: na implementação e no uso. A incorporação do tempo e da adaptabilidade é apontada como chave nesse processo e um possível caminho é o enfoque na produção indireta do espaço, na estruturação de regras para interações urbanas. A potencial abertura de estrutura na parametrização traz oportunidades para repensar a legislação urbanística de maneira mais democrática, já que as regras tradicionais tendem prescrever e direcionar o desenvolvimento urbano rumo a um determinado cenário idealizado e pré-concebido. Atenção especial é dada às leis de zoneamento, por introduzirem o mapa como elemento fundamental de diferenciação entre dispositivos aplicáveis nas distintas partes da cidade. São resgatadas suas origens, sua difusão internacional e alguns modelos que buscam superar limitações da abordagem euclidiana e acabam por criar novos problemas. A dissertação analisa de que maneira esses problemas constituem obstáculos à produção autônoma do espaço urbano e os agrupa em dois problemas gerais: o reforço à centralização do planejamento, que ignora forças emergentes que também planejam e atuam na produção do espaço; e o descompasso entre complexidade da estrutura (regras urbanísticas) e simplismo e prescrição da organização (efeitos). Análise de experiências que rejeitam o zoneamento mostra que a mera eliminação do dispositivo não é capaz de contornar alguns dos problemas. É levantada a importância de se inverter a lógica do zoneamento de maneira a criar terreno mais propício à autonomia e à variedade/diversidade, especulando-se sobre a utilização do mapa ao contrário, com o objetivo de romper com a centralização do planejamento e fomentar a formação de estruturas de decisão alternativas e emergentes, com atuação em escalas menores. Nesse cenário, interfaces poderiam auxiliar na ampliação do imaginário e desvelamento de novas possibilidades. São analisados criticamente dois casos de interfaces paramétricas que auxiliam na construção de processos alternativos de ocupação e uso do solo (VillageMaker e Play Oosterwold). A dissertação conclui com diretrizes para desenvolvimento futuro de novas interfaces que foquem no metaplanejamento, no sentido de contribuir na experimentação de novas maneiras de se estruturar processos de decisão coletiva relacionados às dinâmicas deocupação e do solo urbano.
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spelling Ana Paula Baltazar dos SantosRoberto Luís de Melo Monte-mórLeonardo Dos Passos Miranda NameHenrique Gazzola de Lima2019-08-13T08:26:58Z2019-08-13T08:26:58Z2017-04-19http://hdl.handle.net/1843/MMMD-AS7TFGA pesquisa discute possibilidades trazidas pela parametrização na introdução de novas lógicas de produção do espaço urbano. Por operar no nível da estrutura de um sistema ou processo, definindo graus de restrição e de liberdade por meio de parâmetros e de relações explícitas, a parametrização pode ser direcionada à criação de suportes para que decisões sejam tomadas diretamente pelos usuários finais do espaço em produção. Isso aponta para a antecipação de conhecimento técnico para que os fins sejam definidos coletivamente e de maneira informada, quebrando a falsa linearidade entre meios e fins e questionando o pressuposto de que estes só podem ser devidamente definidos por quem domina aqueles. A análise de diversas experiências práticas de uso da parametrização mostra que ela transforma condicionantes em variáveis abertas, mas para se chegar a soluções realmente flexíveis, o espaço paramétrico não deve cristalizar parâmetros explorados em projeto (como ocorre no parametrismo) mas contemplar ao menos dois outros níveis de flexibilidade para além da concepção: na implementação e no uso. A incorporação do tempo e da adaptabilidade é apontada como chave nesse processo e um possível caminho é o enfoque na produção indireta do espaço, na estruturação de regras para interações urbanas. A potencial abertura de estrutura na parametrização traz oportunidades para repensar a legislação urbanística de maneira mais democrática, já que as regras tradicionais tendem prescrever e direcionar o desenvolvimento urbano rumo a um determinado cenário idealizado e pré-concebido. Atenção especial é dada às leis de zoneamento, por introduzirem o mapa como elemento fundamental de diferenciação entre dispositivos aplicáveis nas distintas partes da cidade. São resgatadas suas origens, sua difusão internacional e alguns modelos que buscam superar limitações da abordagem euclidiana e acabam por criar novos problemas. A dissertação analisa de que maneira esses problemas constituem obstáculos à produção autônoma do espaço urbano e os agrupa em dois problemas gerais: o reforço à centralização do planejamento, que ignora forças emergentes que também planejam e atuam na produção do espaço; e o descompasso entre complexidade da estrutura (regras urbanísticas) e simplismo e prescrição da organização (efeitos). Análise de experiências que rejeitam o zoneamento mostra que a mera eliminação do dispositivo não é capaz de contornar alguns dos problemas. É levantada a importância de se inverter a lógica do zoneamento de maneira a criar terreno mais propício à autonomia e à variedade/diversidade, especulando-se sobre a utilização do mapa ao contrário, com o objetivo de romper com a centralização do planejamento e fomentar a formação de estruturas de decisão alternativas e emergentes, com atuação em escalas menores. Nesse cenário, interfaces poderiam auxiliar na ampliação do imaginário e desvelamento de novas possibilidades. São analisados criticamente dois casos de interfaces paramétricas que auxiliam na construção de processos alternativos de ocupação e uso do solo (VillageMaker e Play Oosterwold). A dissertação conclui com diretrizes para desenvolvimento futuro de novas interfaces que foquem no metaplanejamento, no sentido de contribuir na experimentação de novas maneiras de se estruturar processos de decisão coletiva relacionados às dinâmicas deocupação e do solo urbano.The research discusses some novel possibilities brought by parameterization in the production of urban space. By operating at the level of the structure of a system or process, defining constraints and degrees of freedom through parameters and explicit relations, parameterization can be directed to the creation of supports for decisions to be made directly by the final "users" of the space in production. This points to the embedding of technical knowledge in interfaces so that the ends can be defined collectively in an informed way, breaking the false linearity between means and ends and questioning the common idea that ends can only be properly defined by those who are technically proficient with the related means. The analysis of several practical experiences of the use of parameterization shows that it transforms constraints into open variables, but in order to arrive at truly flexible solutions, a parametric space should not "crystallize" parameters explored during the conception phase of the design (as in parametricism), but must also contemplate at least two other levels of flexibility related to implementation and use. The incorporation of time and adaptability is pointed as key in this process and a possible path deals with the indirect production of space,structuring rules for urban interactions. The potential opening of the structure through parameterization techniques provides opportunities to rethink urban legislation in a moredemocratic way, since traditional rules tend to prescribe and direct urban development towards an idealized and preconceived scenario. Special attention is given to zoning laws, because they introduce the map as a fundamental element for differentiating rules applicable to different parts of the city. Its origins and international diffusion are revisited, as well some of the new models that seek to overcome limitations of the Euclidian approach but end up creating new problems. The thesis examines how these problems turn into obstacles for the autonomous production of urban space, grouping them into two general problems: the strengthening of centralization forces in urban planning, which ignores emerging forces that also plan and act in the production of space; and the mismatch between complexity of the structure (urban rules) and simplicity/prescription of the organization (outcomes). An analysis of cases that reject zoning shows that the mere elimination of this kind of law is not able to overcome some of the problems. The importance of reversing the logic of zoning in order to create a proper context for autonomy and variety-diversity is raised, speculating on of the use of the map in an inverted way in order to break with the centralization of planning and form alternative emergent decision-making structures, operating on smaller scales. In this scenario, interfaces could help expanding the imaginary and disclosing new possibilities. Two cases of parametric interfaces that help in the construction of alternative processes related to land use (VillageMaker and Play Oosterwold) are critically analyzed. The thesis is concluded with guidelines for future development of new interfaces that focus on metaplanning, in order to contribute to the experimentation of new ways of structuring collective decision processes related to land development and use.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGPadrões de produçãoSolo urbano UsoPlanejamento urbanoUrbanizaçãoparametrizaçãoautonomiazoneamentoprodução do espaçolegislação urbanaParametrização, zoneamento e produção autônoma do espaço urbanoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALhenrique_gazzola_dissertacao_parametrizacao_zoneamento.pdfapplication/pdf9700428https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-AS7TFG/1/henrique_gazzola_dissertacao_parametrizacao_zoneamento.pdfaa0dee8e39b54c260f28e17fff5a8ef1MD51TEXThenrique_gazzola_dissertacao_parametrizacao_zoneamento.pdf.txthenrique_gazzola_dissertacao_parametrizacao_zoneamento.pdf.txtExtracted texttext/plain584722https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/MMMD-AS7TFG/2/henrique_gazzola_dissertacao_parametrizacao_zoneamento.pdf.txt0c1735a52353f27b03c4bef6c465b12dMD521843/MMMD-AS7TFG2019-11-14 22:10:32.464oai:repositorio.ufmg.br:1843/MMMD-AS7TFGRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-15T01:10:32Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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