Mercado de trabalho e relações de gênero: associação entre a presença de filhos e as condições de acesso ao trabalho das mulheres

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Janaína Teodoro Guiginski
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/FACE-AFSJEZ
Resumo: Este estudo tem a intenção de analisar a situação feminina no mercado de trabalho metropolitano brasileiro, a partir de uma perspectiva multidimensional, enfatizando as diferenças entre mulheres que têm filho e que não têm filho. Como contraponto, são também analisados os homens, embora com menor ênfase. A análise engloba adultos de 25 e 49 anos, na posição de chefe da família ou cônjuge, residentes nas regiões metropolitanas abrangidas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) de 2013. Especificamente, pretende-se avaliar se mulheres com e sem filhos diferem em termos de participação no mercado de trabalho, precariedade do trabalho, preferência por empregos flexíveis, salários, estabilidade e risco de desemprego. A hipótese central da investigação é que, para as mulheres, a presença de filhos está relacionada a desvantagens no âmbito produtivo, justificada pela permanência de aspectos da divisão sexual tradicional do trabalho, especialmente no que diz respeito aos cuidados (Folbre, 2012). Dois debates serviram de motivação para conduzir o estudo: a promoção do trabalho decente e os estudos sobre a penalidade salarial pela maternidade. O conceito de trabalho decente (OIT, 2009) é utilizado com o objetivo de estabelecer um marco multidimensional para a avaliação das formas como os indivíduos estão inseridos no mundo do trabalho. A penalidade salarial pela maternidade refere-se ao fato de que mulheres com filhos recebem, geralmente, salários inferiores aos das mulheres sem filho, tudo mais constante (Waldfogel, 1998). Aproveitando-se da noção de multidimensionalidade do conceito de trabalho decente, expandiu-se a noção de penalidade da maternidade para outros aspectos além do salário. Os resultados alcançados apresentam-se em conformidade com a literatura nacional e internacional. Em cada dimensão, o impacto negativo da presença dos filhos é maior quando estes são mais novos e em maior número, sinalizando que maiores responsabilidades familiares refletem em maior penalidade no âmbito do trabalho. Através de modelos de regressão logísticos, encontrou-se que, para as mulheres, a presença de filhos associa-se a menores probabilidades de participação no mercado de trabalho e maiores chances de estar num trabalho precário, de cumprir jornada de trabalho parcial e de trabalhar como autônoma. Através do modelo de seleção de Heckman, constatou-se que a presença de filhos relaciona-se a uma redução no salário-hora das mulheres. E, por fim, utilizando métodos de análise de sobrevivência, foram encontrados indícios de que a presença de filhos associa-se a menor permanência no emprego e maiores riscos de desemprego entre as assalariadas do setor privado. Conclui-se que as penalidades vivenciadas na esfera produtiva pelas mulheres que são mães refletem uma contradição nos papéis sociais assumidos pelas mulheres (Meier et. al., 2014). Se, por um lado, observam-se transformações quanto ao papel social da mulher e à identidade feminina, cada vez mais voltados para o trabalho remunerado; por outro lado, a dimensão dos cuidados, em particular o cuidado com os filhos, permanece primordialmente como atribuição feminina (Folbre, 2012). Argumenta-se pela necessidade de redefinição dos papéis de gênero e valorização do trabalho tradicionalmente realizado pelas mulheres, de modo a acomodar os novos papéis sociais desempenhados por elas.
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A hipótese central da investigação é que, para as mulheres, a presença de filhos está relacionada a desvantagens no âmbito produtivo, justificada pela permanência de aspectos da divisão sexual tradicional do trabalho, especialmente no que diz respeito aos cuidados (Folbre, 2012). Dois debates serviram de motivação para conduzir o estudo: a promoção do trabalho decente e os estudos sobre a penalidade salarial pela maternidade. O conceito de trabalho decente (OIT, 2009) é utilizado com o objetivo de estabelecer um marco multidimensional para a avaliação das formas como os indivíduos estão inseridos no mundo do trabalho. A penalidade salarial pela maternidade refere-se ao fato de que mulheres com filhos recebem, geralmente, salários inferiores aos das mulheres sem filho, tudo mais constante (Waldfogel, 1998). Aproveitando-se da noção de multidimensionalidade do conceito de trabalho decente, expandiu-se a noção de penalidade da maternidade para outros aspectos além do salário. Os resultados alcançados apresentam-se em conformidade com a literatura nacional e internacional. Em cada dimensão, o impacto negativo da presença dos filhos é maior quando estes são mais novos e em maior número, sinalizando que maiores responsabilidades familiares refletem em maior penalidade no âmbito do trabalho. Através de modelos de regressão logísticos, encontrou-se que, para as mulheres, a presença de filhos associa-se a menores probabilidades de participação no mercado de trabalho e maiores chances de estar num trabalho precário, de cumprir jornada de trabalho parcial e de trabalhar como autônoma. Através do modelo de seleção de Heckman, constatou-se que a presença de filhos relaciona-se a uma redução no salário-hora das mulheres. E, por fim, utilizando métodos de análise de sobrevivência, foram encontrados indícios de que a presença de filhos associa-se a menor permanência no emprego e maiores riscos de desemprego entre as assalariadas do setor privado. Conclui-se que as penalidades vivenciadas na esfera produtiva pelas mulheres que são mães refletem uma contradição nos papéis sociais assumidos pelas mulheres (Meier et. al., 2014). Se, por um lado, observam-se transformações quanto ao papel social da mulher e à identidade feminina, cada vez mais voltados para o trabalho remunerado; por outro lado, a dimensão dos cuidados, em particular o cuidado com os filhos, permanece primordialmente como atribuição feminina (Folbre, 2012). Argumenta-se pela necessidade de redefinição dos papéis de gênero e valorização do trabalho tradicionalmente realizado pelas mulheres, de modo a acomodar os novos papéis sociais desempenhados por elas.This work aims to analyze womens situation in the Brazilian metropolitan labor market through a multidimensional approach. The goal is to emphasize differences between women with and without children. As a counterpoint, men are also analyzed, although with less emphasis. The study encompass adults aged 25 to 49 heads of the family or spouses of the head, residing in the regions covered by the 2013 survey Pesquisa de Emprego e Desemprego. Specifically, this research aims to assess whether women with and without children differ in terms of labor market participation, precarious work, "preference" for flexible jobs, wages, stability and risk of unemployment. The main hypothesis is that the having children are associated to disadvantages in the paid work. This assumption is based on the persistence of the traditional gender division of labor, especially with regard to care provision (Folbre, 2012). Two debates motivated the development of the study: the promotion of decent work and studies on the motherhood wage penalty. The concept of decent work is used in order to establish a multidimensional framework for assessing how individuals are embedded in the workplace. The motherhood penalty refers to the fact that, on average, mothers earn lower wages than childless women. Taking advantage of the multidimensionality of the concept of decent work, the notion of motherhood penalty has been expanded to other aspects of paid work beyond wage. The results obtained are in accordance with national and international literature. In each dimension, the negative impact of the children is greater when they are younger and in larger quantity, indicating that higher burden of family responsibilities leads to higher penalties in the productive sphere. Through logistic regression models, it was found that, mothers are less likely to participate in the labor market, and are more likely to be in precarious work, to work part-time, and to be a self-employed. Through Heckman selection model, it was found that the presence of children is related to a reduction in the hourly wage of women. Finally, through survival analysis methods, it was found that motherhood is associated with lower job tenure and higher risks of unemployment among employees in the private sector. We conclude that the penalties experienced by mothers in the productive sphere reflect a contradiction in social roles played by women (Meier et. al., 2014). On the one hand, we observe changes on the social role of women and female identity, increasingly focused on paid work; on the other hand, the dimension of care remains primarily as a female attribution, especially care for the children (Folbre, 2012). It follows that a redefinition of gender roles and the valuation of traditionally female work are necessary to accommodate the new female social rolesUniversidade Federal de Minas GeraisUFMGMulheres Emprego BrasilMulheres Brasil Condições sociaisMercado de trabalhoRelações de gêneroFilhosMercado de trabalho e relações de gênero: associação entre a presença de filhos e as condições de acesso ao trabalho das mulheresinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisserta__o___vers_o_final.pdfapplication/pdf1612770https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/FACE-AFSJEZ/1/disserta__o___vers_o_final.pdff40d690af0dbff8e26f73335df712219MD51TEXTdisserta__o___vers_o_final.pdf.txtdisserta__o___vers_o_final.pdf.txtExtracted texttext/plain330912https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/FACE-AFSJEZ/2/disserta__o___vers_o_final.pdf.txt07e8567ca7fc5d8e289d05ac80f0edd9MD521843/FACE-AFSJEZ2019-11-14 04:57:31.136oai:repositorio.ufmg.br:1843/FACE-AFSJEZRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T07:57:31Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
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