A questão da constitutio libertatis em Hannah Arendt : caminhos para um republicanismo federalista

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rodrigo Moreira de Almeida
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/34307
Resumo: FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
id UFMG_44c74ce454f62e059cdbfb6934d4beff
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/34307
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Helton Adversehttp://lattes.cnpq.br/3325441375860351http://lattes.cnpq.br/1467002921539650Rodrigo Moreira de Almeida2020-10-26T11:45:55Z2020-10-26T11:45:55Z2020-05-28http://hdl.handle.net/1843/34307FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas GeraisA tese versa sobre a questão da Constitutio Libertatis no pensamento de H. Arendt, isto é, o problema de como fundar e preservar constitucionalmente um espaço público ancorado institucionalmente e adequado ao efetivo exercício da liberdade política. Esta, compreendida como a participação ativa dos cidadãos, em sua pluralidade constitutiva e em circunstância de igualdade, nos negócios públicos e poder governamental. Para responder a tal problemática ela parte de uma refutação do Estado-nação europeu enquanto paradigma de forma de governo, pois que esse se funda em dois pilares antipolíticos, a saber, as ideias de nação e de soberania. A primeira, pré-condiciona o status de cidadania à pertença do indivíduo a uma mesma comunidade nacional rigidamente fechada e homogênea que exclui, por definição, o diferente e a pluralidade. A segunda, implica uma estrutura centralizada que demanda a indivisibilidade do poder e a sua incorporação em uma única instância suprema que, por incarnar a vontade da nação, encontra-se acima das restrições legais, podendo alterar a Constituição arbitrariamente em nome de uma razão de estado. Daí Arendt concluir que o Estado-nação é antitético tanto ao ideal democrático pluralista de autogoverno quanto ao princípio do Constitucionalismo da estabilidade legal. Nossa hipótese é a de que, diante da contestação do Estado-nação, Arendt se volta para a matriz do Republicanismo Federalista Norte-americano – manifesto nas experiências revolucionárias-constituintes e no pensamento dos Founding Fathers – como uma alternativa para pensar a Constitutio Libertatis. O princípio republicano estabelece que o poder reside no povo, concebido em sua pluralidade, e deve ser exercido, nos limites da lei e da Constituição, diretamente pela coparticipação ativa dos cidadãos na gestão pública. Esse é o significado da liberdade política qua autogoverno. Já o princípio federativo indica que sociedades políticas distintas podem se associar em uma União sem abrir mão de suas identidades e autonomia política locais, isto é, indica uma concepção não-nacionalista de sociedade política que desvincula a cidadania e os direitos da pertença nacional. Supõe, ainda, uma divisão e descentralização do poder em diversos ramos e centros (municipal, regional, estadual e nacional) que se equilibram entre si. Contudo, Arendt não toma a República estadunidense por um modelo a ser replicado. Ela fora duramente crítica com o que chamou de falhas da Constituição, a saber, a demasiada ênfase liberal na estabilidade, nas liberdades negativas e no sistema representativo-partidário de governo que acabou por descurar da criação de espaços públicos-institucionais efetivamente participativos. Isso reduziu o poder do povo ao voto e concentrou o poder real nas mãos de uma elite de representantes. Para buscar remediar os efeitos perversos que daí advém, tais como a burocratização, a letargia e o enrijecimento das instituições que conduzem a república à impotência e à degeneração, Arendt recorre, então, às propostas incipientes de T. Jefferson acerca do sistema de repúblicas elementares bem como aos diversos sistemas de conselhos populares, tais como como as Sociétés Populaires da Revolução Francesa, os Sovietes revolucionários Russos e os Räte da Revolução Húngara. Tais instituições poderiam regenerar os princípios republicano e federalista, visto que ofereciam uma maior subdivisão federativa do poder estatal em circunscrições locais que ampliariam o leque institucional para o engajamento ativo e cotidiano de um maior número de cidadãos na res publica. Para Arendt apenas a ação concertada e a cidadania ativa poderia sustentar uma República livre. Tais conselhos ofereciam ainda métodos e critérios mais democráticos e inclusivos para a escolha de representantes que continuariam vinculados às associações políticas de base que os elegeram e os atores continuariam a participar após as eleições.porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em FilosofiaUFMGBrasilFAF - DEPARTAMENTO DE FILOSOFIAhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/info:eu-repo/semantics/openAccessConstituiçãoLiberdadeRepublicanismoFederalismoHannah ArendtA questão da constitutio libertatis em Hannah Arendt : caminhos para um republicanismo federalistainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALTESE REVISÕES PÓS-BANCA pdf novo.pdfTESE REVISÕES PÓS-BANCA pdf novo.pdfapplication/pdf1514776https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/34307/1/TESE%20REVIS%c3%95ES%20P%c3%93S-BANCA%20pdf%20novo.pdf44d9f7812bc5ed16c43cff642432a5e3MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/34307/2/license_rdfcfd6801dba008cb6adbd9838b81582abMD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82119https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/34307/3/license.txt34badce4be7e31e3adb4575ae96af679MD531843/343072020-10-26 08:45:55.07oai:repositorio.ufmg.br:1843/34307TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KCg==Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2020-10-26T11:45:55Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv A questão da constitutio libertatis em Hannah Arendt : caminhos para um republicanismo federalista
title A questão da constitutio libertatis em Hannah Arendt : caminhos para um republicanismo federalista
spellingShingle A questão da constitutio libertatis em Hannah Arendt : caminhos para um republicanismo federalista
Rodrigo Moreira de Almeida
Constituição
Liberdade
Republicanismo
Federalismo
Hannah Arendt
title_short A questão da constitutio libertatis em Hannah Arendt : caminhos para um republicanismo federalista
title_full A questão da constitutio libertatis em Hannah Arendt : caminhos para um republicanismo federalista
title_fullStr A questão da constitutio libertatis em Hannah Arendt : caminhos para um republicanismo federalista
title_full_unstemmed A questão da constitutio libertatis em Hannah Arendt : caminhos para um republicanismo federalista
title_sort A questão da constitutio libertatis em Hannah Arendt : caminhos para um republicanismo federalista
author Rodrigo Moreira de Almeida
author_facet Rodrigo Moreira de Almeida
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Helton Adverse
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/3325441375860351
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/1467002921539650
dc.contributor.author.fl_str_mv Rodrigo Moreira de Almeida
contributor_str_mv Helton Adverse
dc.subject.por.fl_str_mv Constituição
Liberdade
Republicanismo
Federalismo
Hannah Arendt
topic Constituição
Liberdade
Republicanismo
Federalismo
Hannah Arendt
description FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
publishDate 2020
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2020-10-26T11:45:55Z
dc.date.available.fl_str_mv 2020-10-26T11:45:55Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2020-05-28
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/34307
url http://hdl.handle.net/1843/34307
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Filosofia
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv FAF - DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/34307/1/TESE%20REVIS%c3%95ES%20P%c3%93S-BANCA%20pdf%20novo.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/34307/2/license_rdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/34307/3/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 44d9f7812bc5ed16c43cff642432a5e3
cfd6801dba008cb6adbd9838b81582ab
34badce4be7e31e3adb4575ae96af679
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589299471384576