O reconhecimento em Medeia, de Eurípides, e em Anjo Negro, de Nelson Rodrigues

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Etiene Martins Lage Duarte
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/66153
Resumo: A presente dissertação intenciona discutir a relevância do reconhecimento (anagnórisis), elemento constituinte nas tragédias gregas, elencado por Aristóteles, na Poética, como eixo temático que permitirá estabelecer parâmetros de definição do gênero dramático/literário “tragédia”. A partir dessa ferramenta, serão analisadas as obras Medeia, de Eurípides (431 a.C.) e Anjo Negro, de Nelson Rodrigues (1948), no recorte de sua proximidade ou distanciamento da tragédia clássica grega. A investigação do reconhecimento aristotélico, portanto, será o leitmotiv que permitirá comparar essas duas obras de contextos históricos tão distintos e de diferentes nacionalidades. Ademais, a percepção do reconhecimento abordada no presente trabalho irá focar principalmente no papel da memória como processo de identidade/reconhecimento nas duas obras que utilizaram o mito de Medeia. Assim, buscou-se detectar, avaliar e catalogar as ocorrências e funções do reconhecimento nas Medeias selecionadas. Foi constado na análise da presente dissertação que a Medeia euripidiana é um ser inumano, divino. Portanto, tal fator corrobora para a conclusão de que não há como afirmar que houve, de fato, o reconhecimento, efetuado pela lembrança, nos termos aristotélicos na tragédia. Embora tenha sido possível perceber um movimento da personagem que pode se assemelhar ao de um reconhecimento de si, por meio do resgate do passado (memória). Já a peça Anjo Negro, construída nos parâmetros da “tragédia rodriguiana”, aborda personagens que não possuem nenhum traço ou antecedente divino. Virgínia, aqui considerada a Medeia de Nelson Rodrigues, é uma personagem humana e que, portanto, possui ações que correspondem à esfera humana, mesmo que no decorrer da peça existam circunstâncias que beiram a desumanização. A fala final do coro na peça, assim como a inicial, se mostra profética como o coro grego: ele anuncia que os assassinatos dos filhos de Virgínia se repetirão, ela ficará grávida, por meio da violação de Ismael, e assassinará a sua prole. Não houve na peça alguma comprovação de que ocorreu o reconhecimento despertado pela memória por parte da personagem. Desse modo, será demonstrado que as memórias de Virgínia e Ismael, evocadas no decorrer da peça, evidenciam os delitos e os erros praticados pelas personagens na peça. O que se conclui, tendo o ato de filicídio como denominador comum entre as personagens Medeia e Virgínia, é que suas ações são perpetradas acima do bem e do mal. Ambas não reconhecem o que praticam como um delito, enquanto que Medeia age como deusa ou monstro, Virgínia, mesmo representada como humana, assim como Ismael, atua desmedidamente. Dessa forma, não foi detectado na investigação da tragédia euripidiana e em Anjo Negro o reconhecimento urdido pela memória por parte das personagens. Entretanto, pôde-se perceber que Eurípides, em 431 a.C., finaliza Medeia de modo lacunar, deixando o julgamento das personagens nas mãos da recepção. Já Nelson Rodrigues, em Anjo Negro, escancara os mais recônditos vícios, desgraças, por meio dos caracteres das personagens e do ambiente que as enclausura, finalizando a peça com o coro profético que anuncia a repetição do ciclo de infortúnios. Desse modo, o dramaturgo lança o papel do julgamento das ações das personagens ao público.
id UFMG_45eab4ecf4ed2f2822c2b602c454278a
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/66153
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Tereza Virgínia Ribeiro Barbosahttp://lattes.cnpq.br/9710472636673874Anna PalmaCharlene Martins Miottihttp://lattes.cnpq.br/4166520624815475Etiene Martins Lage Duarte2024-03-20T14:15:47Z2024-03-20T14:15:47Z2024-01-18http://hdl.handle.net/1843/66153A presente dissertação intenciona discutir a relevância do reconhecimento (anagnórisis), elemento constituinte nas tragédias gregas, elencado por Aristóteles, na Poética, como eixo temático que permitirá estabelecer parâmetros de definição do gênero dramático/literário “tragédia”. A partir dessa ferramenta, serão analisadas as obras Medeia, de Eurípides (431 a.C.) e Anjo Negro, de Nelson Rodrigues (1948), no recorte de sua proximidade ou distanciamento da tragédia clássica grega. A investigação do reconhecimento aristotélico, portanto, será o leitmotiv que permitirá comparar essas duas obras de contextos históricos tão distintos e de diferentes nacionalidades. Ademais, a percepção do reconhecimento abordada no presente trabalho irá focar principalmente no papel da memória como processo de identidade/reconhecimento nas duas obras que utilizaram o mito de Medeia. Assim, buscou-se detectar, avaliar e catalogar as ocorrências e funções do reconhecimento nas Medeias selecionadas. Foi constado na análise da presente dissertação que a Medeia euripidiana é um ser inumano, divino. Portanto, tal fator corrobora para a conclusão de que não há como afirmar que houve, de fato, o reconhecimento, efetuado pela lembrança, nos termos aristotélicos na tragédia. Embora tenha sido possível perceber um movimento da personagem que pode se assemelhar ao de um reconhecimento de si, por meio do resgate do passado (memória). Já a peça Anjo Negro, construída nos parâmetros da “tragédia rodriguiana”, aborda personagens que não possuem nenhum traço ou antecedente divino. Virgínia, aqui considerada a Medeia de Nelson Rodrigues, é uma personagem humana e que, portanto, possui ações que correspondem à esfera humana, mesmo que no decorrer da peça existam circunstâncias que beiram a desumanização. A fala final do coro na peça, assim como a inicial, se mostra profética como o coro grego: ele anuncia que os assassinatos dos filhos de Virgínia se repetirão, ela ficará grávida, por meio da violação de Ismael, e assassinará a sua prole. Não houve na peça alguma comprovação de que ocorreu o reconhecimento despertado pela memória por parte da personagem. Desse modo, será demonstrado que as memórias de Virgínia e Ismael, evocadas no decorrer da peça, evidenciam os delitos e os erros praticados pelas personagens na peça. O que se conclui, tendo o ato de filicídio como denominador comum entre as personagens Medeia e Virgínia, é que suas ações são perpetradas acima do bem e do mal. Ambas não reconhecem o que praticam como um delito, enquanto que Medeia age como deusa ou monstro, Virgínia, mesmo representada como humana, assim como Ismael, atua desmedidamente. Dessa forma, não foi detectado na investigação da tragédia euripidiana e em Anjo Negro o reconhecimento urdido pela memória por parte das personagens. Entretanto, pôde-se perceber que Eurípides, em 431 a.C., finaliza Medeia de modo lacunar, deixando o julgamento das personagens nas mãos da recepção. Já Nelson Rodrigues, em Anjo Negro, escancara os mais recônditos vícios, desgraças, por meio dos caracteres das personagens e do ambiente que as enclausura, finalizando a peça com o coro profético que anuncia a repetição do ciclo de infortúnios. Desse modo, o dramaturgo lança o papel do julgamento das ações das personagens ao público.This dissertation intends to discuss the relevance of recognition (anagnórisis), a constituent element in tragedies, listed by Aristotle, in Poetics, as a thematic axis that will allow establishing parameters for defining the dramatic/literary genre “tragedy”. Using this tool, the works Medea, by Euripides (431 BC) and Anjo Negro, by Nelson Rodrigues (1948), will be analyzed, considering their proximity or distance from classical Greek tragedy. The investigation of Aristotelian recognition, therefore, will be the leitmotif that will allow us to compare these two works from such different historical contexts and from different nationalities. Furthermore, the perception of recognition addressed in this work will focus mainly on the role of memory as a process of identity/recognition in the two works that used the myth of Medea. Thus, we have sought to detect, evaluate and catalog the occurrences and functions of recognition in the selected Medeas. It was established in the analysis of this dissertation that the Euripidean Medea is an inhuman, divine being. Therefore, this factor corroborates the conclusion that there is no way to state that there was, in fact, recognition, effected by memory, in Aristotelian terms in tragedy. Although it was possible to perceive a movement of the character that may resemble self-recognition, through the rescue of the past (memory). The play Anjo Negro, built within the parameters of the “Rodriguese tragedy”, addresses characters who do not have any divine traits or antecedents. Virginia, here considered Nelson Rodrigues' Medea, is a human character and, therefore, has actions that correspond to the human sphere, even though throughout the play there are circumstances that border on dehumanization. The choir's final speech in the play, as well as the initial one, appears prophetic like the Greek chorus: it announces that the murders of Virginia's children will be repeated, she will become pregnant, through Ismael's rape, and will murder her offspring. There was no proof in the play that the recognition awakened by memory on the part of the character occurred. In this way, it will be demonstrated that the memories of Virgínia and Ismael, evoked throughout the play, highlight the crimes and errors committed by the characters in the play. What can be concluded, with the act of filicide as a common denominator between the characters Medea and Virgínia, is that their actions are perpetrated above good and evil. Both do not recognize what they do as a crime, while Medea acts as a goddess or monster, Virginia, even represented as human, like Ishmael, acts excessively. Thus, the recognition woven by memory on the part of the characters was not detected in the investigation of the Euripidean tragedy and in Anjo Negro. However, it can be seen that Euripides, in 431 BC, ends Medea in a lacunar way, leaving the judgment of the characters in the hands of reception. Nelson Rodrigues, in Anjo Negro, reveals the most hidden vices and misfortunes, through the characters' characters and the environment that confines them, ending the play with the prophetic chorus that announces the repetition of the cycle of misfortunes. In this way, the playwright casts the role of judging the characters' actions to the audience.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em Estudos LiteráriosUFMGBrasilFALE - FACULDADE DE LETRAShttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/info:eu-repo/semantics/openAccessEurípides. – Medeia – Crítica e interpretaçãoRodrigues, Nélson, 1912-1980. – Anjo Negro – Crítica e interpretaçãoTeatro grego (Tragédia) – História e críticaTeatro brasileiro – História e críticaReconhecimentoAnagnórisisMedeiaTragédia GregaDrama ModernoNelson RodriguesO reconhecimento em Medeia, de Eurípides, e em Anjo Negro, de Nelson RodriguesRecognition in Medea, by Euripides, and in Anjo Negro, by Nelson Rodriguesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALDISSERTAÇAOETIENE (1).pdfDISSERTAÇAOETIENE (1).pdfapplication/pdf1722370https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/66153/1/DISSERTA%c3%87AOETIENE%20%281%29.pdf79f604877d7c113a97657756ececc34bMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/66153/2/license_rdfcfd6801dba008cb6adbd9838b81582abMD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/66153/3/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD531843/661532024-03-20 11:15:47.824oai:repositorio.ufmg.br:1843/66153TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2024-03-20T14:15:47Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv O reconhecimento em Medeia, de Eurípides, e em Anjo Negro, de Nelson Rodrigues
dc.title.alternative.pt_BR.fl_str_mv Recognition in Medea, by Euripides, and in Anjo Negro, by Nelson Rodrigues
title O reconhecimento em Medeia, de Eurípides, e em Anjo Negro, de Nelson Rodrigues
spellingShingle O reconhecimento em Medeia, de Eurípides, e em Anjo Negro, de Nelson Rodrigues
Etiene Martins Lage Duarte
Reconhecimento
Anagnórisis
Medeia
Tragédia Grega
Drama Moderno
Nelson Rodrigues
Eurípides. – Medeia – Crítica e interpretação
Rodrigues, Nélson, 1912-1980. – Anjo Negro – Crítica e interpretação
Teatro grego (Tragédia) – História e crítica
Teatro brasileiro – História e crítica
title_short O reconhecimento em Medeia, de Eurípides, e em Anjo Negro, de Nelson Rodrigues
title_full O reconhecimento em Medeia, de Eurípides, e em Anjo Negro, de Nelson Rodrigues
title_fullStr O reconhecimento em Medeia, de Eurípides, e em Anjo Negro, de Nelson Rodrigues
title_full_unstemmed O reconhecimento em Medeia, de Eurípides, e em Anjo Negro, de Nelson Rodrigues
title_sort O reconhecimento em Medeia, de Eurípides, e em Anjo Negro, de Nelson Rodrigues
author Etiene Martins Lage Duarte
author_facet Etiene Martins Lage Duarte
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/9710472636673874
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Anna Palma
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Charlene Martins Miotti
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/4166520624815475
dc.contributor.author.fl_str_mv Etiene Martins Lage Duarte
contributor_str_mv Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa
Anna Palma
Charlene Martins Miotti
dc.subject.por.fl_str_mv Reconhecimento
Anagnórisis
Medeia
Tragédia Grega
Drama Moderno
Nelson Rodrigues
topic Reconhecimento
Anagnórisis
Medeia
Tragédia Grega
Drama Moderno
Nelson Rodrigues
Eurípides. – Medeia – Crítica e interpretação
Rodrigues, Nélson, 1912-1980. – Anjo Negro – Crítica e interpretação
Teatro grego (Tragédia) – História e crítica
Teatro brasileiro – História e crítica
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Eurípides. – Medeia – Crítica e interpretação
Rodrigues, Nélson, 1912-1980. – Anjo Negro – Crítica e interpretação
Teatro grego (Tragédia) – História e crítica
Teatro brasileiro – História e crítica
description A presente dissertação intenciona discutir a relevância do reconhecimento (anagnórisis), elemento constituinte nas tragédias gregas, elencado por Aristóteles, na Poética, como eixo temático que permitirá estabelecer parâmetros de definição do gênero dramático/literário “tragédia”. A partir dessa ferramenta, serão analisadas as obras Medeia, de Eurípides (431 a.C.) e Anjo Negro, de Nelson Rodrigues (1948), no recorte de sua proximidade ou distanciamento da tragédia clássica grega. A investigação do reconhecimento aristotélico, portanto, será o leitmotiv que permitirá comparar essas duas obras de contextos históricos tão distintos e de diferentes nacionalidades. Ademais, a percepção do reconhecimento abordada no presente trabalho irá focar principalmente no papel da memória como processo de identidade/reconhecimento nas duas obras que utilizaram o mito de Medeia. Assim, buscou-se detectar, avaliar e catalogar as ocorrências e funções do reconhecimento nas Medeias selecionadas. Foi constado na análise da presente dissertação que a Medeia euripidiana é um ser inumano, divino. Portanto, tal fator corrobora para a conclusão de que não há como afirmar que houve, de fato, o reconhecimento, efetuado pela lembrança, nos termos aristotélicos na tragédia. Embora tenha sido possível perceber um movimento da personagem que pode se assemelhar ao de um reconhecimento de si, por meio do resgate do passado (memória). Já a peça Anjo Negro, construída nos parâmetros da “tragédia rodriguiana”, aborda personagens que não possuem nenhum traço ou antecedente divino. Virgínia, aqui considerada a Medeia de Nelson Rodrigues, é uma personagem humana e que, portanto, possui ações que correspondem à esfera humana, mesmo que no decorrer da peça existam circunstâncias que beiram a desumanização. A fala final do coro na peça, assim como a inicial, se mostra profética como o coro grego: ele anuncia que os assassinatos dos filhos de Virgínia se repetirão, ela ficará grávida, por meio da violação de Ismael, e assassinará a sua prole. Não houve na peça alguma comprovação de que ocorreu o reconhecimento despertado pela memória por parte da personagem. Desse modo, será demonstrado que as memórias de Virgínia e Ismael, evocadas no decorrer da peça, evidenciam os delitos e os erros praticados pelas personagens na peça. O que se conclui, tendo o ato de filicídio como denominador comum entre as personagens Medeia e Virgínia, é que suas ações são perpetradas acima do bem e do mal. Ambas não reconhecem o que praticam como um delito, enquanto que Medeia age como deusa ou monstro, Virgínia, mesmo representada como humana, assim como Ismael, atua desmedidamente. Dessa forma, não foi detectado na investigação da tragédia euripidiana e em Anjo Negro o reconhecimento urdido pela memória por parte das personagens. Entretanto, pôde-se perceber que Eurípides, em 431 a.C., finaliza Medeia de modo lacunar, deixando o julgamento das personagens nas mãos da recepção. Já Nelson Rodrigues, em Anjo Negro, escancara os mais recônditos vícios, desgraças, por meio dos caracteres das personagens e do ambiente que as enclausura, finalizando a peça com o coro profético que anuncia a repetição do ciclo de infortúnios. Desse modo, o dramaturgo lança o papel do julgamento das ações das personagens ao público.
publishDate 2024
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2024-03-20T14:15:47Z
dc.date.available.fl_str_mv 2024-03-20T14:15:47Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2024-01-18
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/66153
url http://hdl.handle.net/1843/66153
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/pt/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv FALE - FACULDADE DE LETRAS
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/66153/1/DISSERTA%c3%87AOETIENE%20%281%29.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/66153/2/license_rdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/66153/3/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 79f604877d7c113a97657756ececc34b
cfd6801dba008cb6adbd9838b81582ab
cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589332039106560