Análise da história da África em livros didáticos em face do conceito de civilização no contexto de recepção da lei 10.639

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pedro Berutti Marques
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A7VL79
Resumo: Este estudo se preocupa em analisar o tratamento dispensado em livros didáticos em relação à História da África no contexto de recepção da Lei 10.639/03 e das diferentes demandas que tensionam essa produção cultural das editoras. Para tanto, foram escolhidas duas coleções do ensino fundamental Saber e fazer História e História em documento: imagem e texto com grande longevidade, aparecendo nos últimos cinco guias do PNLD (2014, 2011, 2008, 2005 e 2002), proporcionando perceber as mudanças e permanências na narrativa sobre a África. Esta foi analisada à luz de alguns conceitos que configuram as narrativas históricas, tanto da África quanto da Europa, seja de forma explícita ou implícita, e foram orientados pela reflexão sobre o tempo histórico de Reinhart Koselleck. Os conceitos e as formas e contextos em que comparecem e são formulados se constituem como presente passado na medida em que incorporam o campo de experiências as mudanças historiográficas e as demandas do presente (movimentos sociais, por exemplo) ao presente. E tais conceitos também revelam um horizonte de expectativas, direcionando atitudes e pensamentos. Procurou-se entender o conceito em uma perspectiva temporal ampla que apreenda não apenas o significado do passado quando usado no livro didático, mas também seu potencial de futuro na construção de imagens e narrativas sobre a História da África. A metodologia escolhida análise textual qualitativa propiciou a fragmentação do conceito de civilização em categorias analíticas criadas a partir da teoria e da empiria, chegando-se às seguintes: costumes, ideias religiosas, nível de tecnologia, formas de punição, sociabilidades, desenvolvimento de conhecimentos científicos. Não obstante, outros aspectos ainda foram observados, como a noção de agência histórica, a relação com o território (análise dos mapas) e as teorias do imperialismo. Destrinchando especialmente os capítulos que abordam o Imperialismo, percebeu-se uma visão tripartite do mundo a Europa civilizada, a Ásia como o outro civilizacional e a África selvagem que está em consonância com a análise de autores como Boaventura de Sousa Santos, Edward Said, Stuart Hall, etc. A pesquisa demonstrou que, essencialmente, o imperialismo é apenas um capítulo da história europeia, no qual a África é apenas um espaço em branco no mapa para ser colorido.
id UFMG_4b4b2fef800c41e48118f2d9d1df4431
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-A7VL79
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Junia Sales PereiraPedro Berutti Marques2019-08-12T02:47:55Z2019-08-12T02:47:55Z2015-08-31http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A7VL79Este estudo se preocupa em analisar o tratamento dispensado em livros didáticos em relação à História da África no contexto de recepção da Lei 10.639/03 e das diferentes demandas que tensionam essa produção cultural das editoras. Para tanto, foram escolhidas duas coleções do ensino fundamental Saber e fazer História e História em documento: imagem e texto com grande longevidade, aparecendo nos últimos cinco guias do PNLD (2014, 2011, 2008, 2005 e 2002), proporcionando perceber as mudanças e permanências na narrativa sobre a África. Esta foi analisada à luz de alguns conceitos que configuram as narrativas históricas, tanto da África quanto da Europa, seja de forma explícita ou implícita, e foram orientados pela reflexão sobre o tempo histórico de Reinhart Koselleck. Os conceitos e as formas e contextos em que comparecem e são formulados se constituem como presente passado na medida em que incorporam o campo de experiências as mudanças historiográficas e as demandas do presente (movimentos sociais, por exemplo) ao presente. E tais conceitos também revelam um horizonte de expectativas, direcionando atitudes e pensamentos. Procurou-se entender o conceito em uma perspectiva temporal ampla que apreenda não apenas o significado do passado quando usado no livro didático, mas também seu potencial de futuro na construção de imagens e narrativas sobre a História da África. A metodologia escolhida análise textual qualitativa propiciou a fragmentação do conceito de civilização em categorias analíticas criadas a partir da teoria e da empiria, chegando-se às seguintes: costumes, ideias religiosas, nível de tecnologia, formas de punição, sociabilidades, desenvolvimento de conhecimentos científicos. Não obstante, outros aspectos ainda foram observados, como a noção de agência histórica, a relação com o território (análise dos mapas) e as teorias do imperialismo. Destrinchando especialmente os capítulos que abordam o Imperialismo, percebeu-se uma visão tripartite do mundo a Europa civilizada, a Ásia como o outro civilizacional e a África selvagem que está em consonância com a análise de autores como Boaventura de Sousa Santos, Edward Said, Stuart Hall, etc. A pesquisa demonstrou que, essencialmente, o imperialismo é apenas um capítulo da história europeia, no qual a África é apenas um espaço em branco no mapa para ser colorido.This study is concerned with analysing the treatment in textbooks regarding the History of Africa in the context of reception of the Law 10.639 and the different demands tensioning that cultural production of the publishers. To do so, were chosen two collections of elementary school Saber e fazer História e História em document: imagem e texto with great longevity, appearing in the last five tabs of PNLD (2014, 2011, 2008, 2005 and 2002) providing the changes and stays in the narrative about Africa. These was examined in the light of some concepts that constitute the historical narratives, both from Africa and Europe, whether explicit or implicit, and were told by reflection on the historical time of Reinhart Koselleck. The concepts and the ways and contexts in which attend and are formulated are as present past to the extent that they incorporate the field of experiences historiographical changes and the present demands (social movements, for example) to the present. And those concepts also reveal a horizon of expectations, driving attitudes and thoughts. We tried to understand the concept in a wide temporal perspective to seize not only the meaning of the past when used in textbooks, but also its future potential in the construction of images and narratives about the history of Africa. The chosen methodology qualitative textual analysis led to the fragmentation of the concept of civilization in analytical categories created from theory and empirical analysis, coming up the following: customs, religious ideas, level of technology, forms of punishment, social arrangements, development of scientific knowledge. Nevertheless, other aspects were still observed, such as the notion of historical agency, the relationship with the territory (map analysis) and imperialism theories. Decorticating especially the chapters that discuss the imperialism, we observed a tripartite worlds vision the civilized Europe, Asia as another civilisation and the wild Africa that is in line with the analysis of authors like Boaventura de Sousa Santos, Edward Said, Stuart Hall, etc. The research demonstrated that, essentially, imperialism is just one chapter in European history, in which Africa is just a blank space on the map to be colored.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGLivros didáticos AvaliaçãoRelações étnicasEducaçãoÀfrica HistóriaHistoria Estudo e ensinoLivros didáticosHistória da ÁfricaEnsino de HistóriaAnálise da história da África em livros didáticos em face do conceito de civilização no contexto de recepção da lei 10.639info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALdisseta__o_pedro.pdfapplication/pdf4277290https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A7VL79/1/disseta__o_pedro.pdf00977e92777b281a77a711a01b6dc6bfMD51TEXTdisseta__o_pedro.pdf.txtdisseta__o_pedro.pdf.txtExtracted texttext/plain357718https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A7VL79/2/disseta__o_pedro.pdf.txt1800079074bfbd5279c3d70b0ae3b873MD521843/BUBD-A7VL792019-11-14 08:08:12.739oai:repositorio.ufmg.br:1843/BUBD-A7VL79Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T11:08:12Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Análise da história da África em livros didáticos em face do conceito de civilização no contexto de recepção da lei 10.639
title Análise da história da África em livros didáticos em face do conceito de civilização no contexto de recepção da lei 10.639
spellingShingle Análise da história da África em livros didáticos em face do conceito de civilização no contexto de recepção da lei 10.639
Pedro Berutti Marques
Livros didáticos
História da África
Ensino de História
Livros didáticos Avaliação
Relações étnicas
Educação
Àfrica História
Historia Estudo e ensino
title_short Análise da história da África em livros didáticos em face do conceito de civilização no contexto de recepção da lei 10.639
title_full Análise da história da África em livros didáticos em face do conceito de civilização no contexto de recepção da lei 10.639
title_fullStr Análise da história da África em livros didáticos em face do conceito de civilização no contexto de recepção da lei 10.639
title_full_unstemmed Análise da história da África em livros didáticos em face do conceito de civilização no contexto de recepção da lei 10.639
title_sort Análise da história da África em livros didáticos em face do conceito de civilização no contexto de recepção da lei 10.639
author Pedro Berutti Marques
author_facet Pedro Berutti Marques
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Junia Sales Pereira
dc.contributor.author.fl_str_mv Pedro Berutti Marques
contributor_str_mv Junia Sales Pereira
dc.subject.por.fl_str_mv Livros didáticos
História da África
Ensino de História
topic Livros didáticos
História da África
Ensino de História
Livros didáticos Avaliação
Relações étnicas
Educação
Àfrica História
Historia Estudo e ensino
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Livros didáticos Avaliação
Relações étnicas
Educação
Àfrica História
Historia Estudo e ensino
description Este estudo se preocupa em analisar o tratamento dispensado em livros didáticos em relação à História da África no contexto de recepção da Lei 10.639/03 e das diferentes demandas que tensionam essa produção cultural das editoras. Para tanto, foram escolhidas duas coleções do ensino fundamental Saber e fazer História e História em documento: imagem e texto com grande longevidade, aparecendo nos últimos cinco guias do PNLD (2014, 2011, 2008, 2005 e 2002), proporcionando perceber as mudanças e permanências na narrativa sobre a África. Esta foi analisada à luz de alguns conceitos que configuram as narrativas históricas, tanto da África quanto da Europa, seja de forma explícita ou implícita, e foram orientados pela reflexão sobre o tempo histórico de Reinhart Koselleck. Os conceitos e as formas e contextos em que comparecem e são formulados se constituem como presente passado na medida em que incorporam o campo de experiências as mudanças historiográficas e as demandas do presente (movimentos sociais, por exemplo) ao presente. E tais conceitos também revelam um horizonte de expectativas, direcionando atitudes e pensamentos. Procurou-se entender o conceito em uma perspectiva temporal ampla que apreenda não apenas o significado do passado quando usado no livro didático, mas também seu potencial de futuro na construção de imagens e narrativas sobre a História da África. A metodologia escolhida análise textual qualitativa propiciou a fragmentação do conceito de civilização em categorias analíticas criadas a partir da teoria e da empiria, chegando-se às seguintes: costumes, ideias religiosas, nível de tecnologia, formas de punição, sociabilidades, desenvolvimento de conhecimentos científicos. Não obstante, outros aspectos ainda foram observados, como a noção de agência histórica, a relação com o território (análise dos mapas) e as teorias do imperialismo. Destrinchando especialmente os capítulos que abordam o Imperialismo, percebeu-se uma visão tripartite do mundo a Europa civilizada, a Ásia como o outro civilizacional e a África selvagem que está em consonância com a análise de autores como Boaventura de Sousa Santos, Edward Said, Stuart Hall, etc. A pesquisa demonstrou que, essencialmente, o imperialismo é apenas um capítulo da história europeia, no qual a África é apenas um espaço em branco no mapa para ser colorido.
publishDate 2015
dc.date.issued.fl_str_mv 2015-08-31
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-12T02:47:55Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-12T02:47:55Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A7VL79
url http://hdl.handle.net/1843/BUBD-A7VL79
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A7VL79/1/disseta__o_pedro.pdf
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-A7VL79/2/disseta__o_pedro.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 00977e92777b281a77a711a01b6dc6bf
1800079074bfbd5279c3d70b0ae3b873
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1803589561469632512