João do Vale e a invenção do nordeste: uma construção identitária regional na perspectiva de canções do ‘poeta do povo’

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Francisco Adelino de Sousa Frazão
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/58202
Resumo: Esta pesquisa foi concebida com o objetivo de compreender as estratégias e elementos (poéticos, musicais, interpretativos) utilizados por João do Vale no processo de construção de um conjunto de ideias acerca do Nordeste brasileiro a partir da análise das versões das canções Minha história, Pisa na fulô, A voz do povo e Ouricuri (Segredos do sertanejo), presentes no álbum “O poeta do povo” (1965). De forma complementar, a pesquisa buscou refletir sobre como esse conjunto de ideias dialoga com as representações hegemônicas construídas em torno da região. Parto do pressuposto de que a organização dos espaços, assim como a sua criação imagético-discursiva e geográfica, depende da ação de determinados agentes de uma sociedade, não sendo resultado do acaso ou da ação da natureza. Dentre as personalidades que contribuíram para a “invenção do Nordeste”, como Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Djacyr Menezes, Luiz Gonzaga, encontramos também João do Vale: um cancionista maranhense que desenvolveu uma forma peculiar de compor canções, em um feitio capaz de estabelecer conexões entre os gêneros das chamadas música nordestina, MPB, samba, bossa nova e canção engajada, algo inédito na cena musical e fonográfica brasileira de sua época. Em suma, este trabalho se propôs a refletir acerca da trajetória de João do Vale, desenvolver uma análise do álbum “O poeta do povo” (1965), discutir sobre a ideia de “invenção do Nordeste”, analisar quatro canções de João do Vale na busca por compreender como o cancionista constrói a sua visão de Nordeste e, por fim, comparar a perspectiva do compositor com o ideário dominante criado acerca da região. Ao examinar som, letra e gesto de forma integrada, percebe-se que os sentidos das obras do cancionista, mesmo nas canções voltadas para feitios diferentes da música considerada “nordestina”, evidenciam marcas de uma oralidade e de uma sonoridade peculiar. A metodologia de análise adotada teve como base a abordagem interdisciplinar a partir da qual a canção é examinada como um evento dinâmico, que leva em consideração a integridade orgânica da letra, dos aspectos sonoros e interpretativos da obra, dentro de um determinado contexto histórico, social e cultural. Após as análises, observou-se que as canções de João do Vale não se basearam em nenhuma representação estereotipada, calamitosa, negativa, nostálgica ou revoltada de Nordeste. Através de suas obras, o compositor elabora uma perspectiva plural e multifacetada da região, criando e/ou dando espaço e voz para uma variedade de tipos nordestinos possíveis.
id UFMG_4d2cfe15c2a6726dd51e6af87fa192e5
oai_identifier_str oai:repositorio.ufmg.br:1843/58202
network_acronym_str UFMG
network_name_str Repositório Institucional da UFMG
repository_id_str
spelling Eduardo Pires Rossehttp://lattes.cnpq.br/3976870085676446Alfrêdo Werney Lima TôrresLúcia Pompeu de Freitas CamposJonatha Maximiniano do CarmoJosé Ricardo Jamal Júniorhttp://lattes.cnpq.br/1190071582491387Francisco Adelino de Sousa Frazão2023-08-24T23:54:54Z2023-08-24T23:54:54Z2023-07-06http://hdl.handle.net/1843/582020000-0003-3053-7055Esta pesquisa foi concebida com o objetivo de compreender as estratégias e elementos (poéticos, musicais, interpretativos) utilizados por João do Vale no processo de construção de um conjunto de ideias acerca do Nordeste brasileiro a partir da análise das versões das canções Minha história, Pisa na fulô, A voz do povo e Ouricuri (Segredos do sertanejo), presentes no álbum “O poeta do povo” (1965). De forma complementar, a pesquisa buscou refletir sobre como esse conjunto de ideias dialoga com as representações hegemônicas construídas em torno da região. Parto do pressuposto de que a organização dos espaços, assim como a sua criação imagético-discursiva e geográfica, depende da ação de determinados agentes de uma sociedade, não sendo resultado do acaso ou da ação da natureza. Dentre as personalidades que contribuíram para a “invenção do Nordeste”, como Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Djacyr Menezes, Luiz Gonzaga, encontramos também João do Vale: um cancionista maranhense que desenvolveu uma forma peculiar de compor canções, em um feitio capaz de estabelecer conexões entre os gêneros das chamadas música nordestina, MPB, samba, bossa nova e canção engajada, algo inédito na cena musical e fonográfica brasileira de sua época. Em suma, este trabalho se propôs a refletir acerca da trajetória de João do Vale, desenvolver uma análise do álbum “O poeta do povo” (1965), discutir sobre a ideia de “invenção do Nordeste”, analisar quatro canções de João do Vale na busca por compreender como o cancionista constrói a sua visão de Nordeste e, por fim, comparar a perspectiva do compositor com o ideário dominante criado acerca da região. Ao examinar som, letra e gesto de forma integrada, percebe-se que os sentidos das obras do cancionista, mesmo nas canções voltadas para feitios diferentes da música considerada “nordestina”, evidenciam marcas de uma oralidade e de uma sonoridade peculiar. A metodologia de análise adotada teve como base a abordagem interdisciplinar a partir da qual a canção é examinada como um evento dinâmico, que leva em consideração a integridade orgânica da letra, dos aspectos sonoros e interpretativos da obra, dentro de um determinado contexto histórico, social e cultural. Após as análises, observou-se que as canções de João do Vale não se basearam em nenhuma representação estereotipada, calamitosa, negativa, nostálgica ou revoltada de Nordeste. Através de suas obras, o compositor elabora uma perspectiva plural e multifacetada da região, criando e/ou dando espaço e voz para uma variedade de tipos nordestinos possíveis.This research was designed with the aim of understanding the strategies and elements (poetic, musical, interpretative) employed by João do Vale in the process of constructing a set of ideas about the “Nordeste brasileiro” through the analysis of the versions of the songs Minha história, Pisa na fulô, A voz do povo and Ouricuri (Segredos do sertanejo), present in the album “O poeta do povo” (1965). Additionally, the research sought to reflect on how this set of ideas interacts with the hegemonic representations built around the region. I start from the assumption that the organization of spaces, as well as their imagery-discursive and geographic creation, depends on the action of certain agents of a society, not being the result of chance or the action of nature. Among the personalities who contributed to the “invenção do Nordeste”, such as Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Djacyr Menezes, and Luiz Gonzaga, we also find João do Vale: a songwriter from Maranhão who developed a peculiar way of composing songs, capable of establishing connections between the genres of so-called “música nordestina”, MPB, samba, bossa nova, and politically engaged songs - something unprecedented in the Brazilian musical and phonographic scene of his time. In summary, this work aimed to reflect on João do Vale's trajectory, develop an analysis of the album “O poeta do povo” (1965), discuss the idea of the “invenção do Nordeste”, analyze four songs by João do Vale to understand how the songwriter constructs his vision of the “Nordeste”, and finally, compare the composer's perspective with the dominant ideology created about the region. By examining sound, lyrics, and performance in an integrated manner, it is evident that the meanings of the songwriter's works, even in songs aimed at different styles than the considered “música nordestina”, exhibit marks of an oral and peculiar sonority. The adopted methodology for analysis was based on an interdisciplinary approach in which the song is examined as a dynamic event, taking into account the organic integrity of the lyrics, sound aspects, and interpretive works within a specific historical, social, and cultural context. After the analysis, it was observed that João do Vale's songs were not based on any stereotypical, calamitous, negative, nostalgic, or rebellious representation of the “Nordeste”. Through his works, the composer elaborates a plural and multifaceted perspective of the region, creating and/or giving space and voice to a variety of possible “nordestinos” types.porUniversidade Federal de Minas GeraisPrograma de Pós-Graduação em MúsicaUFMGBrasilMUSICA - ESCOLA DE MUSICAMúsica popular - Brasil, NordesteVale, João do, 1934-1996Invenção do NordesteMúsica nordestinaJoão do ValeCanção popularJoão do Vale e a invenção do nordeste: uma construção identitária regional na perspectiva de canções do ‘poeta do povo’info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82118https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58202/4/license.txtcda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272MD54ORIGINALTese versão final - FRANCISCO ADELINO DE SOUSA FRAZÃO.pdfTese versão final - FRANCISCO ADELINO DE SOUSA FRAZÃO.pdfapplication/pdf6876405https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58202/3/Tese%20vers%c3%a3o%20final%20-%20FRANCISCO%20ADELINO%20DE%20SOUSA%20FRAZ%c3%83O.pdf13f6bbe7940698e67b004ac9557cc3b1MD531843/582022023-08-24 20:54:54.377oai:repositorio.ufmg.br:1843/58202TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEgRE8gUkVQT1NJVMOTUklPIElOU1RJVFVDSU9OQUwgREEgVUZNRwoKQ29tIGEgYXByZXNlbnRhw6fDo28gZGVzdGEgbGljZW7Dp2EsIHZvY8OqIChvIGF1dG9yIChlcykgb3UgbyB0aXR1bGFyIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkZSBhdXRvcikgY29uY2VkZSBhbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZSBpcnJldm9nw6F2ZWwgZGUgcmVwcm9kdXppciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBvdSB2w61kZW8uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGEgcG9sw610aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2PDqiBjb25jb3JkYSBxdWUgbyBSZXBvc2l0w7NyaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIG91IGZvcm1hdG8gcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBmaW5zIGRlIHNlZ3VyYW7Dp2EsIGJhY2stdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLgoKVm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIHZvY8OqIHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLiBWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRlIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgZGUgbmluZ3XDqW0uCgpDYXNvIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBjb250ZW5oYSBtYXRlcmlhbCBxdWUgdm9jw6ogbsOjbyBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBvYnRldmUgYSBwZXJtaXNzw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gZGV0ZW50b3IgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIHBhcmEgY29uY2VkZXIgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EsIGUgcXVlIGVzc2UgbWF0ZXJpYWwgZGUgcHJvcHJpZWRhZGUgZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3Ugbm8gY29udGXDumRvIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBvcmEgZGVwb3NpdGFkYS4KCkNBU08gQSBQVUJMSUNBw4fDg08gT1JBIERFUE9TSVRBREEgVEVOSEEgU0lETyBSRVNVTFRBRE8gREUgVU0gUEFUUk9Dw41OSU8gT1UgQVBPSU8gREUgVU1BIEFHw4pOQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgRVhJR0lEQVMgUE9SIENPTlRSQVRPIE9VIEFDT1JETy4KCk8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2023-08-24T23:54:54Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv João do Vale e a invenção do nordeste: uma construção identitária regional na perspectiva de canções do ‘poeta do povo’
title João do Vale e a invenção do nordeste: uma construção identitária regional na perspectiva de canções do ‘poeta do povo’
spellingShingle João do Vale e a invenção do nordeste: uma construção identitária regional na perspectiva de canções do ‘poeta do povo’
Francisco Adelino de Sousa Frazão
Invenção do Nordeste
Música nordestina
João do Vale
Canção popular
Música popular - Brasil, Nordeste
Vale, João do, 1934-1996
title_short João do Vale e a invenção do nordeste: uma construção identitária regional na perspectiva de canções do ‘poeta do povo’
title_full João do Vale e a invenção do nordeste: uma construção identitária regional na perspectiva de canções do ‘poeta do povo’
title_fullStr João do Vale e a invenção do nordeste: uma construção identitária regional na perspectiva de canções do ‘poeta do povo’
title_full_unstemmed João do Vale e a invenção do nordeste: uma construção identitária regional na perspectiva de canções do ‘poeta do povo’
title_sort João do Vale e a invenção do nordeste: uma construção identitária regional na perspectiva de canções do ‘poeta do povo’
author Francisco Adelino de Sousa Frazão
author_facet Francisco Adelino de Sousa Frazão
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Eduardo Pires Rosse
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/3976870085676446
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Alfrêdo Werney Lima Tôrres
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Lúcia Pompeu de Freitas Campos
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Jonatha Maximiniano do Carmo
dc.contributor.referee4.fl_str_mv José Ricardo Jamal Júnior
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/1190071582491387
dc.contributor.author.fl_str_mv Francisco Adelino de Sousa Frazão
contributor_str_mv Eduardo Pires Rosse
Alfrêdo Werney Lima Tôrres
Lúcia Pompeu de Freitas Campos
Jonatha Maximiniano do Carmo
José Ricardo Jamal Júnior
dc.subject.por.fl_str_mv Invenção do Nordeste
Música nordestina
João do Vale
Canção popular
topic Invenção do Nordeste
Música nordestina
João do Vale
Canção popular
Música popular - Brasil, Nordeste
Vale, João do, 1934-1996
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Música popular - Brasil, Nordeste
Vale, João do, 1934-1996
description Esta pesquisa foi concebida com o objetivo de compreender as estratégias e elementos (poéticos, musicais, interpretativos) utilizados por João do Vale no processo de construção de um conjunto de ideias acerca do Nordeste brasileiro a partir da análise das versões das canções Minha história, Pisa na fulô, A voz do povo e Ouricuri (Segredos do sertanejo), presentes no álbum “O poeta do povo” (1965). De forma complementar, a pesquisa buscou refletir sobre como esse conjunto de ideias dialoga com as representações hegemônicas construídas em torno da região. Parto do pressuposto de que a organização dos espaços, assim como a sua criação imagético-discursiva e geográfica, depende da ação de determinados agentes de uma sociedade, não sendo resultado do acaso ou da ação da natureza. Dentre as personalidades que contribuíram para a “invenção do Nordeste”, como Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Djacyr Menezes, Luiz Gonzaga, encontramos também João do Vale: um cancionista maranhense que desenvolveu uma forma peculiar de compor canções, em um feitio capaz de estabelecer conexões entre os gêneros das chamadas música nordestina, MPB, samba, bossa nova e canção engajada, algo inédito na cena musical e fonográfica brasileira de sua época. Em suma, este trabalho se propôs a refletir acerca da trajetória de João do Vale, desenvolver uma análise do álbum “O poeta do povo” (1965), discutir sobre a ideia de “invenção do Nordeste”, analisar quatro canções de João do Vale na busca por compreender como o cancionista constrói a sua visão de Nordeste e, por fim, comparar a perspectiva do compositor com o ideário dominante criado acerca da região. Ao examinar som, letra e gesto de forma integrada, percebe-se que os sentidos das obras do cancionista, mesmo nas canções voltadas para feitios diferentes da música considerada “nordestina”, evidenciam marcas de uma oralidade e de uma sonoridade peculiar. A metodologia de análise adotada teve como base a abordagem interdisciplinar a partir da qual a canção é examinada como um evento dinâmico, que leva em consideração a integridade orgânica da letra, dos aspectos sonoros e interpretativos da obra, dentro de um determinado contexto histórico, social e cultural. Após as análises, observou-se que as canções de João do Vale não se basearam em nenhuma representação estereotipada, calamitosa, negativa, nostálgica ou revoltada de Nordeste. Através de suas obras, o compositor elabora uma perspectiva plural e multifacetada da região, criando e/ou dando espaço e voz para uma variedade de tipos nordestinos possíveis.
publishDate 2023
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2023-08-24T23:54:54Z
dc.date.available.fl_str_mv 2023-08-24T23:54:54Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2023-07-06
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/1843/58202
dc.identifier.orcid.pt_BR.fl_str_mv 0000-0003-3053-7055
url http://hdl.handle.net/1843/58202
identifier_str_mv 0000-0003-3053-7055
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Música
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFMG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv MUSICA - ESCOLA DE MUSICA
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Minas Gerais
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFMG
instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron:UFMG
instname_str Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
instacron_str UFMG
institution UFMG
reponame_str Repositório Institucional da UFMG
collection Repositório Institucional da UFMG
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58202/4/license.txt
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/58202/3/Tese%20vers%c3%a3o%20final%20-%20FRANCISCO%20ADELINO%20DE%20SOUSA%20FRAZ%c3%83O.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv cda590c95a0b51b4d15f60c9642ca272
13f6bbe7940698e67b004ac9557cc3b1
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1801676889098551296