A constipação intestinal funcional em crianças e adolescentes na visão das mães: crenças, sentimentos, atitudes e repercussões sociais
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2007 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/ECJS-76KPJ3 |
Resumo: | A constipação intestinal crônica funcional é uma doença comum na infância. Embora os estudos na área tenham contribuído para importantes avanços no diagnóstico e tratamento dessa doença, observa-se ainda uma prevalência relativamente elevada, porque pouco se tem feito em relação à prevenção e ao diagnóstico precoce. A formacomo a constipação funcional é percebida, isto é, uma doença benigna que cura ou melhora com o tempo e/ou maturação da criança, tem como conseqüência um atraso na intervenção médica, às vezes até por alguns anos. Esses fatores contribuem para que a doença se agrave e sintomas como, o escape fecal, sejam responsáveis por repercussõesgraves na qualidade de vida das crianças e no seu desenvolvimento emocional, assim como pelo estresse familiar. A constipação funcional é hoje abordada por meio de um modelo teórico biopsicossocial, uma visão na qual os fatores causadores da doença são, fisiologicamente, plurideterminados e os aspectos psicossociais da vida do paciente e apercepção deste do seu processo de adoecimento são fatores altamente relevantes ao diagnóstico e tratamento. Nessa perspectiva, a abordagem familiar tem sido apontada como mais eficaz. A importância médica, epidemiológica, social e psicológica da constipação funcional, associada à escassa literatura no que se refere à percepção e vivência das mães sobre essa doença em nosso meio, foram fatores decisivos na escolha do tema desta pesquisa. O estudo é apresentado sob a forma de dois artigos: o primeiro, trata da influência da família no processo de adoecimento e cura, ressaltando a relevância dessa abordagem no contexto das doenças gastrintestinais funcionais. Osegundo, é um estudo qualitativo, por meio do qual se procurou conhecer as percepções das mães de crianças e adolescentes sobre a doença e o seu tratamento. Quatorze mães de crianças e adolescentes que estavam tratando de constipação intestinal crônica funcional há pelo menos seis meses, em um Ambulatório de Gastroenterologia Pediátrica em Belo Horizonte, foram entrevistadas e os resultados foram analisados de acordo com a teoria da análise do discurso. As percepções das mães foram agrupadas em quatro categorias: definição, causas e fatores que agravam a constipaçãofuncional; cognições, sentimentos e atitudes diante da criança constipada; repercussões familiares e sociais da constipação funcional e percepções sobre a cura, tratamento e atendimento médico. O estudo possibilitou evidenciar o conhecimento dosenso comum que serve de guia para a ação e a leitura da realidade construída pelas mães. Observou-se que essa visão é construída na interação e no contato com os discursos que circulam no espaço público, além de ser permeado pela forte carga emocional que, em muitos casos, é mobilizada pela doença. Observou-se uma diferençasignificativa entre o discurso das mães de crianças cujo tratamento havia sido iniciado mais precocemente e/ou apresentava melhores resultados e o das mães de pacientes (geralmente pré-adolescentes ou adolescentes) com escape fecal e, em especial, naqueles que apresentavam histórico de longa duração desse sintoma. Nesse últimogrupo, intensos sentimentos de culpa e agressividade que, algumas vezes levavam ao descontrole pulsional, foram observados. Esses aspectos apontam para a importância da prevenção da constipação crônica funcional. Intervenções que promovam a educação para a saúde, direcionada a profissionais das áreas, médica e educacional, parecem ser prementes. Incluir, na rotina dos atendimentos desses pacientes, um espaço para a escuta das mães é também uma necessidade que ficou evidente após este estudo, já que é sobre as mães que recai a maior sobrecarga do tratamento; assim, os fortessentimentos mobilizados pelos sintomas da criança permanecem, muitas vezes, reprimidos, o que não os torna inócuos, mas pelo contrário, são fatores que atrapalham ou impedem a condução adequada do tratamento e favorecem o estresse ou até mesmo oadoecimento materno. |
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Marcia Regina Fantoni TorresMaria do Carmo Barros de MeloMauro Batista de MoraisWilliam César Castilho PereiraMariza Ferreira Leao2019-08-14T03:14:43Z2019-08-14T03:14:43Z2007-06-06http://hdl.handle.net/1843/ECJS-76KPJ3A constipação intestinal crônica funcional é uma doença comum na infância. Embora os estudos na área tenham contribuído para importantes avanços no diagnóstico e tratamento dessa doença, observa-se ainda uma prevalência relativamente elevada, porque pouco se tem feito em relação à prevenção e ao diagnóstico precoce. A formacomo a constipação funcional é percebida, isto é, uma doença benigna que cura ou melhora com o tempo e/ou maturação da criança, tem como conseqüência um atraso na intervenção médica, às vezes até por alguns anos. Esses fatores contribuem para que a doença se agrave e sintomas como, o escape fecal, sejam responsáveis por repercussõesgraves na qualidade de vida das crianças e no seu desenvolvimento emocional, assim como pelo estresse familiar. A constipação funcional é hoje abordada por meio de um modelo teórico biopsicossocial, uma visão na qual os fatores causadores da doença são, fisiologicamente, plurideterminados e os aspectos psicossociais da vida do paciente e apercepção deste do seu processo de adoecimento são fatores altamente relevantes ao diagnóstico e tratamento. Nessa perspectiva, a abordagem familiar tem sido apontada como mais eficaz. A importância médica, epidemiológica, social e psicológica da constipação funcional, associada à escassa literatura no que se refere à percepção e vivência das mães sobre essa doença em nosso meio, foram fatores decisivos na escolha do tema desta pesquisa. O estudo é apresentado sob a forma de dois artigos: o primeiro, trata da influência da família no processo de adoecimento e cura, ressaltando a relevância dessa abordagem no contexto das doenças gastrintestinais funcionais. Osegundo, é um estudo qualitativo, por meio do qual se procurou conhecer as percepções das mães de crianças e adolescentes sobre a doença e o seu tratamento. Quatorze mães de crianças e adolescentes que estavam tratando de constipação intestinal crônica funcional há pelo menos seis meses, em um Ambulatório de Gastroenterologia Pediátrica em Belo Horizonte, foram entrevistadas e os resultados foram analisados de acordo com a teoria da análise do discurso. As percepções das mães foram agrupadas em quatro categorias: definição, causas e fatores que agravam a constipaçãofuncional; cognições, sentimentos e atitudes diante da criança constipada; repercussões familiares e sociais da constipação funcional e percepções sobre a cura, tratamento e atendimento médico. O estudo possibilitou evidenciar o conhecimento dosenso comum que serve de guia para a ação e a leitura da realidade construída pelas mães. Observou-se que essa visão é construída na interação e no contato com os discursos que circulam no espaço público, além de ser permeado pela forte carga emocional que, em muitos casos, é mobilizada pela doença. Observou-se uma diferençasignificativa entre o discurso das mães de crianças cujo tratamento havia sido iniciado mais precocemente e/ou apresentava melhores resultados e o das mães de pacientes (geralmente pré-adolescentes ou adolescentes) com escape fecal e, em especial, naqueles que apresentavam histórico de longa duração desse sintoma. Nesse últimogrupo, intensos sentimentos de culpa e agressividade que, algumas vezes levavam ao descontrole pulsional, foram observados. Esses aspectos apontam para a importância da prevenção da constipação crônica funcional. Intervenções que promovam a educação para a saúde, direcionada a profissionais das áreas, médica e educacional, parecem ser prementes. Incluir, na rotina dos atendimentos desses pacientes, um espaço para a escuta das mães é também uma necessidade que ficou evidente após este estudo, já que é sobre as mães que recai a maior sobrecarga do tratamento; assim, os fortessentimentos mobilizados pelos sintomas da criança permanecem, muitas vezes, reprimidos, o que não os torna inócuos, mas pelo contrário, são fatores que atrapalham ou impedem a condução adequada do tratamento e favorecem o estresse ou até mesmo oadoecimento materno.Functional constipation is a common pediatric problem. Although recent advances have contributed to improve the diagnostic and treatment of this disease, it is yet highly prevalent. Few efforts have been made in order to prevent it. Common sense and even physicians often believe that constipation is a benign disease in childhood and that children will grow out of it. Thus, a constipated child frequently remains untreated formany years and the disease affects their emotional and social functioning and also stresses his or her family. Nowadays, a biopsychosocial model is being proposed to understand this illness and its symptoms, showing that they are physiologically multidetermined and can be modified by sociocultural and psychological influences. A patients perceptions about his or her illness are also pointed out as relevant aspects to be accessed by physicians. Family-centered care is recommended as an important strategy to increase the effectiveness of the treatment. The decision to investigate a mothers perceptions of chronically constipated children was based on both, the medical, epidemiological, social and psychological relevance of this disease and on the fact that few studies about this aspect have been conducted in Brazil. This study contains two articles: the first shows the central role of the family on childs health and emphasizes the family-centered care as a new trend in the context of gastrointestinal disorders. The second is a qualitative study that explores mothers perceptions and management of functional constipation in her children. The author conducted in-depthinterviews with mothers of fourteen children receiving health interventions in a public tertiary gastropediatric center in Belo Horizonte, Brazil, for six months or longer. Four themes emerged from the analysis: definitions, causes and factors related to constipation; concerns, feelings and attitudes towards constipated child; family and social repercussion of the functional constipation and perceptions about cure, treatment and health care. Strong and negative feelings such as guilty and angry wererelated mainly among mothers of children with fecal soiling (mainly adolescents) and long history of these symptoms. The scene was quite different among those whose children had no fecal soiling or received early therapeutic intervention. The findings offer an insight into the mothers experiences with functional constipation in Brazil and indicate the need of health promoting education addressed to physicians and teachers in order to prevent chronicle constipation. A more sensitive approach for the mothers, including a therapeutic setting to facilitate the expression of their feelings towards their children is also recommended. We believe that these findings highlight the clinical significance of a mothers perceptions and attitudes in the treatment of chronicleconstipation and provide insights into one facet of the diseases biopsychosocial etiology.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGAnálise qualitativaPercepçãoSaúde da famíliaCriançaAdolescenteConstipação intestinal/prevenção & controleConstipação intestinalConstipação intestinal funcionalCriançaAdolescenteA constipação intestinal funcional em crianças e adolescentes na visão das mães: crenças, sentimentos, atitudes e repercussões sociaisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALmariza_ferreira_le_o.pdfapplication/pdf344692https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ECJS-76KPJ3/1/mariza_ferreira_le_o.pdf593cf6fe9c445fb3d5bc87603df72131MD51TEXTmariza_ferreira_le_o.pdf.txtmariza_ferreira_le_o.pdf.txtExtracted texttext/plain143897https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ECJS-76KPJ3/2/mariza_ferreira_le_o.pdf.txt1329e6daa624781f05d3d766e4d1bc2aMD521843/ECJS-76KPJ32019-11-14 14:27:59.388oai:repositorio.ufmg.br:1843/ECJS-76KPJ3Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T17:27:59Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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