Conchostráceos (Crustacea) da Formação Quiricó, Cretáceo Inferior da Bacia Sanfranciscana: novos registros e suas implicações bioestratigráficas e paleoecológicas

• Autor(a) principal: Kelvin Kelton Mendes
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/62265; https://orcid.org/0000-0002-7887-7414
• topic: Spinicaudata; Fushunograptidae; Grupo areado; Barremiano-aptiano.; Geologia estratigráfica; Paleontologia – Minas Gerais; Paleoecologia

A Bacia Sanfranciscana é um depósito sedimentar que possui uma grande relevância para a Paleontologia devido ao seu rico registro fóssil, cuja diversidade ainda é pouco conhecida. Dentre os grupos encontrados na bacia, destacam-se os vertebrados, como dinossauros saurópodes e terópodes, e invertebrados, como os conchostráceos, sendo esses o objeto de pesquisa desta dissertação. Os conchostráceos são crustáceos que se destacam pela capacidade de reter, de maneira parcial, as linhas de crescimento em suas carapaças bivalves durante o processo de muda, sendo úteis na bioestratigrafia e como indicadores paleoambientais. Tendo em vista o seu impacto e relevância para a paleontologia regional da bacia, novos espécimes de conchostráceos coletados nas cidades de João Pinheiro e São Gonçalo do Abaeté - MG, onde afloram rochas cretácicas de idade interpretadas como Valanginiana-Aptiana da Formação Quiricó, foram analisados para fins caracterização taxonômica, refinamento paleoambiental e correlação bioestratigráfica. O material foi observado, fotografado, e suas características variáveis na forma das carapaças dos fósseis foram obtidas através de morfometria linear, incluindo medidas básicas como comprimento e largura, com o auxílio de lupa. Além disso, realizou-se uma análise de Microscopia Eletrônica de Varredura para uma obtenção mais detalhada de aspectos microscópicos das valvas. Tais métodos são importantes para a classificação dos conchostráceos, uma vez que podem revelar variações entre os espécimes. Posteriormente, os fósseis foram descritos e comparados com táxons pertencentes ao Mesozóico do Brasil e outras partes do mundo a fim de se estabelecer a classificação taxonômica. Para a caracterização paleoambiental, os resultados foram comparados com o registro de espécies já levantados para outros pontos da bacia, e com outras partes do mundo, especialmente a América do Sul. Características novas, principalmente no que se refere à ornamentação da carapaça, permitiram a descrição de uma espécie nova, que foi nomeada de Krossiestheria quiricoensis gen. et sp. nov., classificada na família Fushunograptidae. Outros espécimes foram atribuídos à Palaeolimnadiopsis freybergi e P. reali, ambos previamente registrados na bacia. A relativa regularidade no tamanho das bandas de crescimento das valvas de alguns fósseis, entre outras características, indicam um paleoambiente de águas calmas, com um clima quente e faixa de pH alcalino, que pode ter resultado em salinidade relativamente alta. Devido às semelhanças com outros táxons, K. quiricoensis dá suporte a uma idade que se estende até o Aptiano para a Formação Quiricó. Esses achados acrescentam dados novos a respeito da diversidade de vida pretérita para a Bacia Sanfranciscana, uma vez que aumenta o registro da fauna e fornece informações a respeito do paleoambiente.