Geologia da porção extremo norte do Bloco Guanhães, Orógeno Araçuaí (Minas Gerais)

• Autor(a) principal: Úrsula Roxanne Leandro
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/45252
• topic: Bloco Guanhães; Rifteamento Toniano; Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental; Orógeno Minas-Bahia; Orogenia Paleoproterozoica; Paleocontinente São Francisco-Congo; Geologia – Minas Gerais; Orogenia; Tempo geológico

O Bloco Guanhães é um dos mais importantes basement inliers inseridos no Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental. Esse segmento orogênico foi edificado na margem oriental do Cráton do São Francisco no limite Neoproterozoico-Cambriano. O Bloco Guanhães é composto por complexo TTG e sequências metavulcanossedimentares arqueanas a criogenianas, além de unidades ígneas Paleo a Neoproterozoicas e sedimentares Paleoproterozoicas. Novos dados de mapeamento, petrográficos, geoquímicos e geocronológicos (U-Pb; LA-ICP-MS) são apresentados para o Complexo Guanhães, a Formação Capelinha (Grupo Macaúbas) e unidades associadas. Pela primeira vez são apresentados dados geocronológicos, provenientes de grãos de zircão detrítico de quartzito da Formação Serra Negra, que compõe a porção noroeste do Bloco Guanhães. Os gnaisses da região de Pedra Menina integram o Complexo Guanhães, cujas idades de cristalização para protólitos são definidas por duas discórdias U-Pb com interceptos superiores em 2.86 e 2.7 Ga e interceptos inferiores em 521 e 607 Ma (interpretados como idades metamórficas). Esses gnaisses do embasamento apresentam composições graníticas a granodioríticas, afinidade magnesiana, peraluminosa, e plotam na série magmática subalcalina. As amostras do Complexo Guanhães são enriquecidas em LILE, Th e U, e apresentam anomalias negativas de Nb, P e Ti. Todas as amostras são enriquecidas em LREE em relação a HREE e correspondem a rochas metaígneas com afinidade TTG arqueanos. A Formação Serra Negra engloba uma sucessão sedimentar com idade de deposição máxima em 1.9 Ga (quartzito) que inclui uma camada estreita de xisto e metaconglomerados, seguida por extensos quartzitos sacaroidais, que parecem terem sido formados em ambientes sedimentares costeiros. A Formação Capelinha inclui quartzitos, xistos e lentes espessas de mármore. Os dados obtidos demonstram que essa unidade possui uma extensão territorial em direção ao sul muito mais abrangente do que postulada na sua definição original. Obteve-se idade máxima de deposição Esteniana, em 1.16 Ga, para xisto desta unidade. As análises químicas para os corpos de anfibolitos sugerem afinidade com basalto toleítico intraplaca continental como protólitos destas rochas. Os padrões de REE, normalizados segundo o condrito, apresentam enriquecimento em LREE (La/Yb = 2.4 a 8.21), e conteúdos relativamente baixos de HREE. Estes resultados integrados ao mapeamento e associações litológicas sugerem correlação com as rochas metamáficas da Formação Capelinha em sua área-tipo e com os registros magmáticos relacionados ao evento de rifteamento Toniano, com possíveis correspondentes na África no contexto do Paleocontinente São Francisco-Congo. O leucogranito ediacarano que intrude a base da Formação Serra Negra apresenta idade de cristalização de 566 Ma, sendo interpretado como registro do magmatismo colisional do Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental. Duas hipóteses foram levantadas para explicar o significado geotectônico da Formação Serra Negra: i) deposição em bacia sin-orogênica no final da orogenia Paleoproterozoica Minas-Bahia ou ii) deposição em bacia rifte Toniana, junto com a Formação Capelinha (ca. 957 Ma).