Uniões intra e inter-raciais, status marital, escolaridade e religião no Brasil: um estudo sobre a seletividade marital feminina, 1980-2000
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/AMSA-8HMNFN |
Resumo: | O objetivo deste trabalho é verificar se há associação entre as uniões intra e inter-raciais no Brasil e duas características sociodemográficas, escolaridade e religião, com base nos dados dos censos demográficos de 1980, 1991 e 2000. Especificamente, busca-se identificar se a seletividade marital feminina por raça/cor é pautada na compensação das diferenças raciais por meio de características como diferenças na escolaridade ou filiação religiosa. As análises são feitas para o conjunto de mulheres de 20 a 29 anos e seus maridos/companheiros, diferenciando as mulheres casadas formalmente daquelas em união consensual, através de modelos loglineares. Os resultados apontam para grandes mudanças na composição das uniões nas últimas décadas. Há um processo de queda na endogamia racial já detectado entre 1980 e 1991, tendo se intensificado em 2000. É possível afirmar, ainda, que há uma importante associação entre a raça/cor e a escolaridade de cada um dos cônjuges, assim como há também uma associação entre raça/cor e filiação religiosa. No entanto, a forma como essas associações se dão é diferente. No caso da escolaridade, um indivíduo de uma raça/cor de menor status social (de pele mais escura) tem mais chances de se unir a um parceiro de uma raça/cor de maior status social (de pele mais clara) quando as diferenças nos níveis de escolaridade compensarem essas diferenças raciais. Em relação à religião, não é possível afirmar que a filiação religiosa seja uma característica de troca para as diferenças raciais entre os parceiros. No entanto, a religião exerce um considerável poder sobre as escolhas dos parceiros, pois ter a mesma religião é uma característica favorecedora tanto das uniões intrarraciais quanto das uniões inter-raciais. Este trabalho avança na investigação relativa ao status marital mostrando que, embora do ponto de vista legal, as diferenças entre as uniões formais e informais tenham sido minimizadas ou até mesmo mitigadas, ainda há diferenças bastante relevantes e precisas que podem estar camuflando, de certa forma, outros diferenciais que acabam pesando no momento da escolha do parceiro a se unir. O caráter inédito da investigação das uniões intra e inter-raciais associadas à religião, bem como os aspectos também relacionados ao status marital dessas uniões, permite inferir o grande poder que a religião ainda exerce sobre as famílias. |
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Paula de Miranda RibeiroAna Maria Hermeto Camilo de OliveiraDimitri Fazito de Almeida RezendeMaria do Carmo FonsecaAndrea Branco SimaoElisabete Dória BilacLuciene Aparecida Ferreira de Barros Longo2019-08-11T07:21:02Z2019-08-11T07:21:02Z2011-03-31http://hdl.handle.net/1843/AMSA-8HMNFNO objetivo deste trabalho é verificar se há associação entre as uniões intra e inter-raciais no Brasil e duas características sociodemográficas, escolaridade e religião, com base nos dados dos censos demográficos de 1980, 1991 e 2000. Especificamente, busca-se identificar se a seletividade marital feminina por raça/cor é pautada na compensação das diferenças raciais por meio de características como diferenças na escolaridade ou filiação religiosa. As análises são feitas para o conjunto de mulheres de 20 a 29 anos e seus maridos/companheiros, diferenciando as mulheres casadas formalmente daquelas em união consensual, através de modelos loglineares. Os resultados apontam para grandes mudanças na composição das uniões nas últimas décadas. Há um processo de queda na endogamia racial já detectado entre 1980 e 1991, tendo se intensificado em 2000. É possível afirmar, ainda, que há uma importante associação entre a raça/cor e a escolaridade de cada um dos cônjuges, assim como há também uma associação entre raça/cor e filiação religiosa. No entanto, a forma como essas associações se dão é diferente. No caso da escolaridade, um indivíduo de uma raça/cor de menor status social (de pele mais escura) tem mais chances de se unir a um parceiro de uma raça/cor de maior status social (de pele mais clara) quando as diferenças nos níveis de escolaridade compensarem essas diferenças raciais. Em relação à religião, não é possível afirmar que a filiação religiosa seja uma característica de troca para as diferenças raciais entre os parceiros. No entanto, a religião exerce um considerável poder sobre as escolhas dos parceiros, pois ter a mesma religião é uma característica favorecedora tanto das uniões intrarraciais quanto das uniões inter-raciais. Este trabalho avança na investigação relativa ao status marital mostrando que, embora do ponto de vista legal, as diferenças entre as uniões formais e informais tenham sido minimizadas ou até mesmo mitigadas, ainda há diferenças bastante relevantes e precisas que podem estar camuflando, de certa forma, outros diferenciais que acabam pesando no momento da escolha do parceiro a se unir. O caráter inédito da investigação das uniões intra e inter-raciais associadas à religião, bem como os aspectos também relacionados ao status marital dessas uniões, permite inferir o grande poder que a religião ainda exerce sobre as famílias.The objective of this dissertation is to verify if there is an association between racial endogamy and exogamy in Brazil and two sociodemographic characteristics, education and religion, based on data from demographic censuses of 1980, 1991 and 2000. Specifically, the objectives are to identify whether the female marital selectivity by race/ color is based on the compensation of racial differences by differences in characteristics such as education or religious affiliation. The analysis is performed for all women 20 to 29 years and their husbands/partners, differentiating formally married women and those in consensual union, using Log-linear models. The results point to major changes in the composition of unions in recent decades. There is a process of decline in racial endogamy already noted between 1980 and 1991, intensified in 2000. It can be argued further that there is a significant association between skin color and education of each spouse, and there is also an association between race and religious affiliation. However, how these associations occur is different. In the case of schooling, an individual of a race or color of lower social status (darker skin) is more likely to join a partner of one race or color of higher social status (lighter skin) when the differences in levels of schooling will outweigh these racial differences. Regarding religion, it is not possible to say that religious affiliation is an exchangeable feature for the racial differences between the partners. However, religion has a considerable power over the choices of partners, because having the same religion is a feature which encourages either the same race as interracial unions. This work advances in research on marital status and shows that, although from a legal standpoint, the differences between formal and informal unions have been minimized or even mitigated, there is still quite relevant and precise differences that may be hiding other differences of partners choice. The uniqueness of this investigation about racial endogamy and exogamy associated with religion, and also the aspects related to the marital status of those unions, shows the great power that religion still has on families.Universidade Federal de Minas GeraisUFMGBrasil Relações raciaisEducaçãoReligiãoCasamentoeducaçãoreligiãostatus maritalcasamentoraça/correlações raciaisUniões intra e inter-raciais, status marital, escolaridade e religião no Brasil: um estudo sobre a seletividade marital feminina, 1980-2000info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGORIGINALtese_luciene_aparecida_ferreira_de_barros_longo_2011.pdfapplication/pdf1439453https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AMSA-8HMNFN/1/tese_luciene_aparecida_ferreira_de_barros_longo_2011.pdf06783585ca0999a5ea792080733e0189MD51TEXTtese_luciene_aparecida_ferreira_de_barros_longo_2011.pdf.txttese_luciene_aparecida_ferreira_de_barros_longo_2011.pdf.txtExtracted texttext/plain597174https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/AMSA-8HMNFN/2/tese_luciene_aparecida_ferreira_de_barros_longo_2011.pdf.txt340fff50fc20ee6ab5c291c2410ffdefMD521843/AMSA-8HMNFN2019-11-14 07:40:57.648oai:repositorio.ufmg.br:1843/AMSA-8HMNFNRepositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2019-11-14T10:40:57Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
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