'Construindo pontes'? virtualidade e sociabilidade de homens gays em aplicativos de relacionamento
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFMG |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/1843/36879 https://orcid.org/0000-0001-5307-9750 |
Resumo: | Neste texto, me proponho a problematizar a virtualidade e a sociabilidade de homens gays por meio de aplicativos de relacionamento. Em um quadro no qual o virtual posa como inevitável apêndice da contemporaneidade, os aplicativos de relacionamento em tese “constroem pontes”, permitindo-lhes o acesso simultâneo a possibilidades de interação, de entretenimento, de inclusão social e, claro, de sexo. Todavia, os contatos via apps não tem alterado as formas hegemônicas de sociabilidade, perdurando as mesmas lógicas de heteronormatividade, de misoginia e de desapego emocional vigentes na sociedade. Meus argumentos se situam em dois eixos básicos: em primeiro lugar, defendo que a virtualidade, pela não existência “concreta” de um outro, como nas interações face a face, desresponsabilizam os interlocutores, tornando mais aguda a velocidade e a descartabilidade das relações sociais porque as relações virtuais são “inferiores”; sem segundo lugar, a partir da permanência de alguns aspectos, a sociabilidade se torna um feixe de experiências momentâneas e substituíveis por novas experiências, dificultando que os apps se tornem um lugar efetivo de “construção de pontes” e, assim, de inclusão social. Com isso, reforçam, em um contexto virtual, a marginalidade das existências gays em sociedade. As conclusões sugerem que a tecnologia não constitui, por si só, uma forma de redenção para as complexas questões sociais dos grupos sociais minoritários. Pelo contrário, carrega consigo os problemas vigentes e aponta ainda novas questões a serem resolvidas, afastando-se as possibilidades de uma sociedade mais igualitária. |
id |
UFMG_5181ad1493e78a309dffe664af159787 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufmg.br:1843/36879 |
network_acronym_str |
UFMG |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFMG |
repository_id_str |
|
spelling |
2021-07-22T19:30:50Z2021-07-22T19:30:50Z2019http://hdl.handle.net/1843/36879https://orcid.org/0000-0001-5307-9750Neste texto, me proponho a problematizar a virtualidade e a sociabilidade de homens gays por meio de aplicativos de relacionamento. Em um quadro no qual o virtual posa como inevitável apêndice da contemporaneidade, os aplicativos de relacionamento em tese “constroem pontes”, permitindo-lhes o acesso simultâneo a possibilidades de interação, de entretenimento, de inclusão social e, claro, de sexo. Todavia, os contatos via apps não tem alterado as formas hegemônicas de sociabilidade, perdurando as mesmas lógicas de heteronormatividade, de misoginia e de desapego emocional vigentes na sociedade. Meus argumentos se situam em dois eixos básicos: em primeiro lugar, defendo que a virtualidade, pela não existência “concreta” de um outro, como nas interações face a face, desresponsabilizam os interlocutores, tornando mais aguda a velocidade e a descartabilidade das relações sociais porque as relações virtuais são “inferiores”; sem segundo lugar, a partir da permanência de alguns aspectos, a sociabilidade se torna um feixe de experiências momentâneas e substituíveis por novas experiências, dificultando que os apps se tornem um lugar efetivo de “construção de pontes” e, assim, de inclusão social. Com isso, reforçam, em um contexto virtual, a marginalidade das existências gays em sociedade. As conclusões sugerem que a tecnologia não constitui, por si só, uma forma de redenção para as complexas questões sociais dos grupos sociais minoritários. Pelo contrário, carrega consigo os problemas vigentes e aponta ainda novas questões a serem resolvidas, afastando-se as possibilidades de uma sociedade mais igualitária.porUniversidade Federal de Minas GeraisUFMGBrasilFCE - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVASAnais do VIII Simpósio Nacional de Ciência, Tecnologia e SociedadeHomossexuaisAplicações WebVirtualidadeSociabilidadeAplicativos de relacionamento gayGays'Construindo pontes'? virtualidade e sociabilidade de homens gays em aplicativos de relacionamentoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjectLuiz Alex Silva Saraivainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFMGinstname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)instacron:UFMGLICENSELicense.txtLicense.txttext/plain; charset=utf-82042https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/36879/1/License.txtfa505098d172de0bc8864fc1287ffe22MD511843/368792021-07-22 16:30:51.045oai:repositorio.ufmg.br:1843/36879TElDRU7vv71BIERFIERJU1RSSUJVSe+/ve+/vU8gTu+/vU8tRVhDTFVTSVZBIERPIFJFUE9TSVTvv71SSU8gSU5TVElUVUNJT05BTCBEQSBVRk1HCiAKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50Ye+/ve+/vW8gZGVzdGEgbGljZW7vv71hLCB2b2Pvv70gKG8gYXV0b3IgKGVzKSBvdSBvIHRpdHVsYXIgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yKSBjb25jZWRlIGFvIFJlcG9zaXTvv71yaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIChSSS1VRk1HKSBvIGRpcmVpdG8gbu+/vW8gZXhjbHVzaXZvIGUgaXJyZXZvZ++/vXZlbCBkZSByZXByb2R1emlyIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIHN1YSBwdWJsaWNh77+977+9byAoaW5jbHVpbmRvIG8gcmVzdW1vKSBwb3IgdG9kbyBvIG11bmRvIG5vIGZvcm1hdG8gaW1wcmVzc28gZSBlbGV0cu+/vW5pY28gZSBlbSBxdWFscXVlciBtZWlvLCBpbmNsdWluZG8gb3MgZm9ybWF0b3Mg77+9dWRpbyBvdSB277+9ZGVvLgoKVm9j77+9IGRlY2xhcmEgcXVlIGNvbmhlY2UgYSBwb2zvv710aWNhIGRlIGNvcHlyaWdodCBkYSBlZGl0b3JhIGRvIHNldSBkb2N1bWVudG8gZSBxdWUgY29uaGVjZSBlIGFjZWl0YSBhcyBEaXJldHJpemVzIGRvIFJJLVVGTUcuCgpWb2Pvv70gY29uY29yZGEgcXVlIG8gUmVwb3NpdO+/vXJpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGTUcgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250Ze+/vWRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNh77+977+9byBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byBwYXJhIGZpbnMgZGUgcHJlc2VydmHvv73vv71vLgoKVm9j77+9IHRhbWLvv71tIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIFJlcG9zaXTvv71yaW8gSW5zdGl0dWNpb25hbCBkYSBVRk1HIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPvv71waWEgZGUgc3VhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFu77+9YSwgYmFjay11cCBlIHByZXNlcnZh77+977+9by4KClZvY++/vSBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNh77+977+9byDvv70gb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9j77+9IHRlbSBvIHBvZGVyIGRlIGNvbmNlZGVyIG9zIGRpcmVpdG9zIGNvbnRpZG9zIG5lc3RhIGxpY2Vu77+9YS4gVm9j77+9IHRhbWLvv71tIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVw77+9c2l0byBkZSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8gbu+/vW8sIHF1ZSBzZWphIGRlIHNldSBjb25oZWNpbWVudG8sIGluZnJpbmdlIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRlIG5pbmd177+9bS4KCkNhc28gYSBzdWEgcHVibGljYe+/ve+/vW8gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY++/vSBu77+9byBwb3NzdWkgYSB0aXR1bGFyaWRhZGUgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzLCB2b2Pvv70gZGVjbGFyYSBxdWUgb2J0ZXZlIGEgcGVybWlzc++/vW8gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBSZXBvc2l077+9cmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7vv71hLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3Tvv70gY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBubyBjb250Ze+/vWRvIGRhIHB1YmxpY2Hvv73vv71vIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0Hvv73vv71PIE9SQSBERVBPU0lUQURBIFRFTkhBIFNJRE8gUkVTVUxUQURPIERFIFVNIFBBVFJPQ++/vU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfvv71OQ0lBIERFIEZPTUVOVE8gT1UgT1VUUk8gT1JHQU5JU01PLCBWT0Pvv70gREVDTEFSQSBRVUUgUkVTUEVJVE9VIFRPRE9TIEUgUVVBSVNRVUVSIERJUkVJVE9TIERFIFJFVklT77+9TyBDT01PIFRBTULvv71NIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0Hvv73vv71FUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLgoKTyBSZXBvc2l077+9cmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgZGEgVUZNRyBzZSBjb21wcm9tZXRlIGEgaWRlbnRpZmljYXIgY2xhcmFtZW50ZSBvIHNldSBub21lKHMpIG91IG8ocykgbm9tZXMocykgZG8ocykgZGV0ZW50b3IoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNh77+977+9bywgZSBu77+9byBmYXLvv70gcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJh77+977+9bywgYWzvv71tIGRhcXVlbGFzIGNvbmNlZGlkYXMgcG9yIGVzdGEgbGljZW7vv71hLgo=Repositório de PublicaçõesPUBhttps://repositorio.ufmg.br/oaiopendoar:2021-07-22T19:30:51Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
'Construindo pontes'? virtualidade e sociabilidade de homens gays em aplicativos de relacionamento |
title |
'Construindo pontes'? virtualidade e sociabilidade de homens gays em aplicativos de relacionamento |
spellingShingle |
'Construindo pontes'? virtualidade e sociabilidade de homens gays em aplicativos de relacionamento Luiz Alex Silva Saraiva Virtualidade Sociabilidade Aplicativos de relacionamento gay Gays Homossexuais Aplicações Web |
title_short |
'Construindo pontes'? virtualidade e sociabilidade de homens gays em aplicativos de relacionamento |
title_full |
'Construindo pontes'? virtualidade e sociabilidade de homens gays em aplicativos de relacionamento |
title_fullStr |
'Construindo pontes'? virtualidade e sociabilidade de homens gays em aplicativos de relacionamento |
title_full_unstemmed |
'Construindo pontes'? virtualidade e sociabilidade de homens gays em aplicativos de relacionamento |
title_sort |
'Construindo pontes'? virtualidade e sociabilidade de homens gays em aplicativos de relacionamento |
author |
Luiz Alex Silva Saraiva |
author_facet |
Luiz Alex Silva Saraiva |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Luiz Alex Silva Saraiva |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Virtualidade Sociabilidade Aplicativos de relacionamento gay Gays |
topic |
Virtualidade Sociabilidade Aplicativos de relacionamento gay Gays Homossexuais Aplicações Web |
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv |
Homossexuais Aplicações Web |
description |
Neste texto, me proponho a problematizar a virtualidade e a sociabilidade de homens gays por meio de aplicativos de relacionamento. Em um quadro no qual o virtual posa como inevitável apêndice da contemporaneidade, os aplicativos de relacionamento em tese “constroem pontes”, permitindo-lhes o acesso simultâneo a possibilidades de interação, de entretenimento, de inclusão social e, claro, de sexo. Todavia, os contatos via apps não tem alterado as formas hegemônicas de sociabilidade, perdurando as mesmas lógicas de heteronormatividade, de misoginia e de desapego emocional vigentes na sociedade. Meus argumentos se situam em dois eixos básicos: em primeiro lugar, defendo que a virtualidade, pela não existência “concreta” de um outro, como nas interações face a face, desresponsabilizam os interlocutores, tornando mais aguda a velocidade e a descartabilidade das relações sociais porque as relações virtuais são “inferiores”; sem segundo lugar, a partir da permanência de alguns aspectos, a sociabilidade se torna um feixe de experiências momentâneas e substituíveis por novas experiências, dificultando que os apps se tornem um lugar efetivo de “construção de pontes” e, assim, de inclusão social. Com isso, reforçam, em um contexto virtual, a marginalidade das existências gays em sociedade. As conclusões sugerem que a tecnologia não constitui, por si só, uma forma de redenção para as complexas questões sociais dos grupos sociais minoritários. Pelo contrário, carrega consigo os problemas vigentes e aponta ainda novas questões a serem resolvidas, afastando-se as possibilidades de uma sociedade mais igualitária. |
publishDate |
2019 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2019 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2021-07-22T19:30:50Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2021-07-22T19:30:50Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/conferenceObject |
format |
conferenceObject |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/1843/36879 |
dc.identifier.orcid.pt_BR.fl_str_mv |
https://orcid.org/0000-0001-5307-9750 |
url |
http://hdl.handle.net/1843/36879 https://orcid.org/0000-0001-5307-9750 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.ispartof.pt_BR.fl_str_mv |
Anais do VIII Simpósio Nacional de Ciência, Tecnologia e Sociedade |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UFMG |
dc.publisher.country.fl_str_mv |
Brasil |
dc.publisher.department.fl_str_mv |
FCE - DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Minas Gerais |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFMG instname:Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) instacron:UFMG |
instname_str |
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
instacron_str |
UFMG |
institution |
UFMG |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFMG |
collection |
Repositório Institucional da UFMG |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/36879/1/License.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
fa505098d172de0bc8864fc1287ffe22 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1801676702750867456 |